A atriz de 38 anos retorna às novelas da Globo como Nina, de Terra e paixão, e celebra estar em uma produção protagonizada por negros
Patrick Selvatti
Em Terra e paixão, Nina é a bela secretária da cooperativa da cidade fictícia Nova Primavera e tem uma importante missão na trama das 21h da Globo: fazer o bonitão e bom caráter Jonatas (Paulo Lessa) esquecer sua paixão pela mocinha da história, Aline (Barbara Reis). Quem vive a personagem é Kizi Vaz, atriz de 38 anos que encara um novo desafio na tevê após atuar em produções globais como as novelas Babilônia (2015) e Rock Story (2016) e a série Ilha de Ferro (2018), do Globoplay, além de Gênesis (2021), na Record. Ela conta que a determinação é o elo que liga a mulher real à que defende na ficção. “Nina vai atrás do que quer com muito foco e eu também sou assim”, afirma.
Ainda que não ocupe um espaço de protagonista na novela, Kizi é vértice da geometria amorosa central, composta por pelo menos dois atores negros encabeçando o elenco. Nascida em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ela comemora o aumento da representatividade racial nas novelas. “Eu celebro essa conquista toda vez que vejo atores negros ocupando seus espaços de pertencimento, dentro e fora do audiovisual. Celebro também aqueles que abriram portas para que essa conquista fosse possível. Fico feliz de estar vivenciando esse momento”, afirma a artista, que é cria do Vidigal — comunidade onde viveu durante muitos anos — e foi um dos talentos revelados pelo grupo Nós do Morro. “Me abriu portas e eu pude aprender tudo dentro da arte. Eu exalto sempre a importância dos projetos culturais, eles fazem toda diferença”, exalta a atual moradora de Copacabana.
Preconceito
Assim como a personagem Kamesha, da obra bíblica Gênesis, Kizi é mãe e também coloca o filho em primeiro lugar. Ela teve Pedro Luiz aos 23 anos e conta que conversa de tudo com ele, especialmente orientando o adolescente de 15 anos sobre não ser machista e preconceituoso. “Meu filho é criado por duas mulheres, por mim e minha mãe, o que já ajuda muito ele a entender esse respeito. Sempre converso com o Pedro sobre tudo, temos um papo aberto. Sempre estou orientando que o respeito e o cuidado com o próximo é a base de tudo”, resume ela, que destaca o fato de o filho ser branco, com uma mãe negra.
Pertinho de completar 40 anos, a atriz — que estreou em Salve Jorge (2012), como uma das mulheres traficadas — declara que não pensa muito no envelhecimento. “Apenas vivo cada fase da minha vida, agradecendo cada ruga que aparece, pois elas representam maturidade e sabedoria. Envelhecer é uma dádiva”, finaliza.