Ator brasiliense Rainer Cadete se consolida no cenário artístico. Após período de afastamento da tevê, ele está de volta em série e competição culinária e tem mais um monte de projetos
As “tesourinhas” estão entre as coisas que o ator Rainer Cadete, 31 anos, enumera que mais sente falta de Brasília, além, claro, da família e dos amigos. “As minhas raízes estão em Brasília, sempre que posso estou aí, com muito prazer e muita felicidade”, afirma, em entrevista ao Correio.
Rainer deixou a capital há alguns anos para se dedicar à carreira artística, no Rio de Janeiro. E deu certo. Desde 2009 ele integra o elenco da Globo emendando um trabalho atrás do outro até roubar a cena na novela Verdades secretas, de Walcyr Carrasco, como o booker Visky.
No ano passado, resolveu se afastar da televisão. Tudo de forma intencional já que no ano anterior esteve em duas atrações da emissora: a novela Êta mundo bom! e o quadro Dança dos famosos, do Domingão do Faustão. “Foi intencional para dar atenção a outras plataformas, me dedicar a trabalhos no cinema, ou séries, estou com cinco filmes prestes a estrear”, explica ele, que, em 2017, esteve nos cinemas em Polícia Federal: A lei é para todos.
Mas esse tempo já passou e, em julho, Rainer estreou na série (Des)Encontros, do canal Sony, em que apareceu em um dos episódios mais marcantes da produção. Intitulado Rafael & Felipe, o episódio mostra os problemas dos personagens em assumir o romance. “Vi que tinha aberto testes para fazer a série e me coloquei à disposição. Achei o texto lindo, pois fala de amor (algo tão escasso e necessário de ser falado nos dias de hoje), de uma forma poética, delicada, humorada e moderna”, conta ele, que atuou ao lado do amigo Gil Coelho.
Em todas as plataformas
Desde a semana passada, ele também pode ser visto na competição gastronômica Superchef celebridades exibida no programa Mais você. E deve aparecer ainda mais na programação da emissora. Ele participou das filmagens da segunda temporada de Carcereiros, que será lançada antes nos cinemas e deve chegar ao canal em outubro.
Ele vive o chefe de uma facção criminosa na trama. “Estou muito orgulhoso e feliz por fazer parte deste elenco. Sempre tive vontade de trabalhar com o José Eduardo Belmonte, meu conterrâneo e diretor do projeto, desde que assisti ao filme dele Concepção exibido no Festival de Brasília (do Cinema Brasileiro) quando tinha 15 anos”, revela.
Além disso, estará nos cinemas na sequência de Cine Holliúdy, de Halder Gomes; e Intervenção e Virando a mesa, ambos de Caio Cobra. Cine Holliúdy foi o primeiro trabalho do ator no cinema. “Tem um significado muito especial e estou muito feliz por estar no elenco da continuação desse projeto”, conta. Já Virando a mesa é a estreia de Rainer Cadete como protagonista, na pele do policial civil Jonas. “É um filme de ação, humor, com um gênero “tarantinesco”, mas o nosso é uma versão mais latina”, adianta.
Destes três filmes, Intervenção é o que deve estrear em breve. Previsto para outubro, o filme fala sobre as UPPs, no Rio de Janeiro. “Estamos vivendo um colapso e vamos levantar o debate sobre segurança e outros assuntos atuais que diz respeito a todos nós brasileiros”, adianta. O longa tem ainda Bianca Comparato, Marcos Palmeira e Zezé Motta.
Os projetos de Cadete não acabam aí. Desde o último dia 10, ele estreou nos palcos na peça O louco e a camisa. “É um texto argentino que faz sucesso no país, há cinco anos, e agora veio para cá. Neste trabalho, contraceno com dois amigos em cena, Rosi Campos, com quem atuei em duas novelas da TV Globo, e Dudu Pellizari. O personagem tem autismo, tema que já trabalhei em Êta mundo bom!. Sinto muito orgulho em voltar a debater esse tema, agora, através do teatro”, completa.
Três perguntas // Rainer Cadete
Parte dos seus trabalhos têm um foco em assuntos importantes, como representatividade, sistema carcerário e periferia. Para você, como arte pode ajudar a colocar luz em alguns temas importantes para a sociedade?
A arte tem um poder de transformação muito grande. É muito gratificante quando, a partir do meu ofício, consigo levantar o debate de temas que precisam ser falados e instigar as pessoas a refletirem sobre responsabilidade social, humana, espiritual etc, além de entreter.
A sua trajetória tem uma passagem pelas atividades formativas no Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul. O local reabriu após alguns anos fechado. Para você, que teve essa formação, qual é a importância dessa reabertura?
Muito importante. Estudei no “Espaço” durante quase quatro anos e ele foi o grande responsável por minha formação artística. Fiquei muito feliz com a notícia e espero que eles mantenham o curso de formação contínua, pensada em desenvolver jovens talentos que não tem condições de pagar um curso de formação artística, assim como eu, na época que estudei.
Você mesmo tem um espaço dedicado à formação de atores e atrizes aqui em Brasília. Como tem sido a sua atuação na Casa das Artes?
Já formamos 80 alunos. O espaço surgiu a partir de um sonho meu de trazer para Brasília o que aprendi durante esses anos de carreira no exterior e no Brasil. Estou envolvido com muitos projetos, por isso vou dar um tempo nesse projeto. Irei retornar para acompanhar uma montagem de peça em breve.