Onde nascem os fortes teve como marcas a irregularidade e interpretações de peso. Veja um balanço com o que valeu a pena na série!
Na noite desta segunda-feira (16/7) a Globo exibiu o último capítulo de Onde nascem os fortes, série de George Moura e Sérgio Goldenberg dirigida por José Luiz Villamarim. A atração estreou com a promessa de ser revolucionária. Não foi.
O sertão foi mais claro do que o de costume, temas importantes foram levados ao ar, mas a história não surpreendeu. Pior: o mote do assassinato de Nonato (Marco Pigossi) se estendeu mais do que devia, ficou chato e desinteressante. As tramas paralelas, em vários momentos, foram mais críveis e despertaram mais atenção. Aliás, a série toda foi longa demais ー pareceu que a Globo não queria estrear nada durante a Copa do Mundo e foi esticando Onde nascem os fortes.
Nem tudo foi ruim em Onde nascem os fortes. Pelo contrário: interpretações precisas mostraram, mais uma vez, que, nas mãos de um excelente diretor, atores competentes rendem mais ainda. A trilha sonora também brilhou e a fotografia rendeu imagens de tirar o fôlego.
Confira um balanço de Onde nascem os fortes!
Pontos positivos
As atuações ー Puxados por um inspiradíssimo Alexandre Nero na pele de Pedro Gouveia, as interpretações de Onde nascem os fortes tiveram, com perdão pelo trocadilho, a força exigida pelos personagens. Nero soube com maestria mesclar o lado duro, irracional de Gouveia com o lado emotivo, frágil do empresário. A carreira de Alice Wegmann mudou de patamar depois de Maria, uma Maria Bonita feminista, como a própria atriz disse ao Próximo Capítulo. Jesuíta Barbosa também gerou comentários com seu Ramirinho, especialmente quando se apresentava como Shakira do Sertão. Patrícia Pillar (Cássia), Debora Bloch (Rosinete), Irandhir Santos (Samir) e Lee Taylor (Simplício) tiveram bons momentos. Por outro lado, eu esperava mais de Fábio Assunção (Ramiro) e de Gabriel Leone (Hermano).
O embate entre Ramiro e Ramirinho ー Em entrevista ao Próximo Capítulo, Jesuíta Barbosa adiantou que seriam belas as cenas entre pai e filho com o desenrolar da trama. E foram. A do último capítulo foi muito bonita ー mesmo a do flash back que desvendou o arrastado mistério da morte de Nonato. O momento em que Ramiro descobre que o filho tem o personagem Shakira do Sertão também foi muito boa.
Fotografia e trilha sonora ー As séries da Globo geralmente têm mais capricho nesses quesitos mais técnicos. Com Onde nascem os fortes não foi diferente. A fotografia de Walter Carvalho transformou o sertão num personagem forte e inesperado ー nada daquele tom acinzentado a que estávamos acostumados. A trilha sonora também foi impecável ー as cenas eram embaladas por nomes como Caetano Veloso, Fagner, Zeca Veloso, Elba Ramalho e tantos outros, além, é claro, de Jesuíta Barbosa em Mal necessário.
Pontos negativos
Ritmo – Onde nascem os fortes demorou demais a engrenar. E quando engrenou, não acelerou. Parecia que estava sempre na volta de apresentação. O maior problema talvez tenha sido a morosidade dos acontecimentos. Não dá mais para cumprir esse ritmo em tempos de seriados mais ágeis na TV fechada e no streaming.
Duração – Ainda não consegui entender para que 56 capítulos de uma história que se resolveria em 30. É curioso notar que os criadores são os mesmos por trás de produções mais ágeis (e mais curtas) como Ligações perigosas e O canto da sereia. Volto a dizer que talvez a culpa seja de Neymar e companhia. A campanha pelo hexa pode ter “obrigado” a Globo a se programar para não estrear nada enquanto a bola rolasse na Rússia.
Irregularidade – Para mim, esse é o maior pecado de Onde nascem os fortes. E o último capítulo foi o maior exemplo. Dividido em dois blocos, o capítulo sofreu com a irregularidade. No primeiro bloco, estavam as cenas importantes (com a revelação de detalhes do mistério) e líricas (com belos pedidos de perdão). O segundo foi menor, mas pareceu eterno. O grand finale de Hermano e Maria não teve nada de grand e escorregou várias vezes no piegas. Foi a cara de Onde nascem os fortes!