Traficantes e a realidade ao redor deles acabam se tornando personagens de séries e novelas, como A força do querer e Narcos
Já tem algum tempo que as histórias de traficantes e a realidade que os rodeia têm chamado atenção de autores e roteiristas, que optam por incluí-los como personagens das produções audiovisuais. O caso mais recente é a representação de Bibi Perigosa na novela A força do querer, de Glória Perez.
A personagem interpretada por Juliana Paes é inspirada na Bibi da vida real, a carioca Fabiana Escobar que foi casada com o traficante Saulo de Sá Silva, conhecido como Pinga ou Barão do Pó, que foi preso em 2008. A história de Fabiana já havia sido retratada em livro, a obra Perigosa. A versão de Bibi de Glória Perez, claro, conta com licença poética por ser uma ficção, mas também tem muitos acontecimentos reais.
A grande diferença da representação da vida do tráfico em A força do querer em relação a outras produções dedicadas à temática, como Narcos e El Chapo, é o ar de leveza que a história e a personagem ganharam — até porque Bibi não é, de fato, traficante, mas seu marido.
Já em Narcos, que já tem três temporadas produzidas pela Netflix, são realmente os traficantes que são os personagens da produção. As duas primeiras temporadas tiveram o foco em Pablo Escobar, papel interpretado por Wagner Moura. Na Colômbia, a representação foi bastante criticada exatamente por usar em uma obra de ficção parte da tragédia vivida no país. Inclusive, porque a maioria das cenas e dos acontecimentos abordados na série de José Padilha são reais, por mais absurdos que possam ser.
O próprio filho de Escobar chegou a se posicionar ao jornal El Periódico: “Não me oponho que as histórias sejam contadas, mas sim que glorifiquem os criminosos e mostrem o tráfico de drogas com glamour, pois isso confunde os jovens.”
Polêmicas à parte, as histórias de traficantes famosos no mundo ganharam de vez espaço na televisão. Além de A força do querer e Narcos, é possível listar produções como El Chapo, A rainha do Sul e Pablo Escobar: O senhor do tráfico. Acredito que se esses personagens são mostrados de forma crítica e também realista, a produção é válida, até para mostrar uma realidade que muitos sequer imaginam. Narcos, por exemplo, é responsável por alertar a um problema extremamente atual: os carteis que mandam e desmandam na sociedade e até na política.