PCC: Poder secreto, de Joel Zito Araújo, apresenta visões sobre uma das maiores facções do crime organizado do país
Estamos acostumados a ligar São Paulo à noção de caos, seja no trânsito, seja na rotina ou na violência. O documentarista Joel Zito Araújo descobriu um lado organizado da capital paulista: o crime. Ou melhor, o PCC, Primeiro Comando da Capital. É essa a visão que temos em PCC: Poder secreto, série em quatro episódios que o HBO Max estreia hoje sob a direção de Joel. O roteiro é baseado no livro Irmãos: Uma história do PCC, de Gabriel Feltran.
“O PCC é muito mais organizado do que o crime no Rio de Janeiro, por exemplo. Isso foi uma surpresa para mim. O comando anda nas comunidades sem estar cercado por um aparato de segurança, sem chamar tanto a atenção”, afirma Joel, em entrevista ao Próximo Capítulo. O documentarista lembra quando conversou com um dos chefes da facção num bar de São Paulo sem saber quem era. “Achava que era uma pessoa comum. Mas era o líder, ali sentado no bar, apontando quem era gente boa
Em PCC: Poder secreto, o documentarista segue três eixos de narrativa que nos são apresentados em depoimentos de ex-agentes carcerários, ex-membros da facção, familiares, autoridades. “Segui o caminho de apresentar as narrativas de quem está preso, de quem trabalha na penitenciária e de quem está aqui fora. O desafio é fazer isso com equilíbrio, sem romantizar uma ou outra visão.
Além da pungência das histórias, PCC: Poder secreto chama a atenção quando traz à cena a voz do rap e do hip hop. São canções de nomes como Racionais MCs, 509-E, Evandro Babá e MC Orelha que ajudam a traçar a identidade de quem está no foco do longa-metragem.
‘O hip hop conhece a periferia. É o grito das comunidades. As letras são quem melhor faz a narrativa, quem melhor explica o crescimento do PCC. É a melhor expressão desse mundo”, explica o cineasta.