Grandes streamings dão visibilidade a histórias que permeiam a violência contra mulher e como essas situações são graves e devem ser combatidas e denunciadas
Pedro Ibarra
Em 2003, a novela Mulheres apaixonadas, de Manoel Carlos, trazia para a casa dos brasileiros a discussão sobre a violência física contra a mulher quando Marcos, personagem de Dan Stulbach, agredia Raquel, interpretada por Helena Ranaldi, com uma raquete de tênis. Apesar dos mais de 15 anos desde a estreia da produção brasileira, o fato ainda é um problema social grave e tópico de discussão no audiovisual não só brasileiro, mas do mundo inteiro.
O tema da violência contra a mulher, no entanto, não se atém apenas ao físico quando assunto é televisão e cinema. Filmes e séries já exploraram as violências psicológica, sexual, o machismo e o sexismo de diversas formas. O leque é amplo e são várias as produções que recentemente retrataram histórias que tocam o tema
Um destaque mais recente é Maid. A minissérie da Netflix, protagonizada por Margaret Qualley, conta a história de uma mulher jovem e mãe que decide se desvencilhar de um relacionamento abusivo e encontra o trabalho como empregada doméstica como forma de manter a si mesma e a filha. O seriado é o principal sucesso recente da gigante do streaming e figurou por mais de uma semana entre as produções mais vistas no Brasil na plataforma.
Também na Netflix, outra série que levanta a discussão sobre o assunto estreou uma nova temporada, You. A produção acompanha Joe Goldberg, personagem de Penn Badgley, um homem que aparentemente leva uma vida normal, mas secretamente segue e assedia mulheres. O seriado chega para a terceira temporada em 2021 e continua mostrando os ciclos viciosos de Joe, agora apaixonado por Love, porém ainda em busca de outras mulheres. A série apresenta justamente o quão nocivo pode ser o comportamento de um homem com mulheres.
Outra estreia recente que tem a violência contra mulher central no enredo é The Morning Show. Protagonizado por Jennifer Aniston, Reese Witherspoon e Steve Carrel, o seriado apresenta todos os problemas internos em uma rede de canais de televisão após um dos principais âncoras ser acusado de assédio e abuso sexual por mulheres da emissora. A série da Apple TV+, que está lançando semanalmente os episódios da segunda temporada, trata principalmente de como casos como os do #MeToo são minimizados em grandes empresas e sobre como mulheres precisam lutar pela dignidade nos ambientes de trabalho dominados por homens.
Todas essas séries têm em comum o fato de exporem chagas sociais no que diz respeito ao desrespeito e a violência contra a mulher, cada uma em uma abordagem específica, porém todas dando visibilidade a histórias femininas, dando protagonismo e apontando para direção de um futuro de mais respeito com as mulheres.
Correio indica
Pensando em formas diferentes de abordagem da violência contra mulher, o Correio lista algumas indicações de séries e filmes disponíveis nos streamings que apresentam histórias com críticas e denúncias de como a sociedade trata a temática.
Handmaid ’s Tale
A distopia criada pela escritora Margaret Atwood e adaptada para televisão Bruce Miller, Handmaid ‘s tale, ou O conto da aia, é uma das principais séries sobre o tema da atualidade. Em um futuro não tão distante, há uma crise de fertilidade entre as mulheres e um grupo radical religioso toma o poder dos Estados Unidos e passa a usar as mulheres ainda férteis como Aias, empregadas que são engravidadas pelo chefe da família. A série está disponível na Globoplay e Paramount+
I may destroy you
Arabella é uma escritora promissora que tem a bebida batizada com drogas e uma festa e passa por um traumático caso de abuso sexual. A partir desse momento, ela começa a repensar a própria vida e ver com outros olhos a sociedade. A série, premiada com o Emmy de melhor roteiro em minissérie, é escrita por Micaela Cohel que também protagoniza a história e dirige alguns episódios. A minissérie pode ser vista na plataforma HBO Max
Sex education
O seriado conta de forma cômica como Otis, um aluno de ensino médio, filho de uma psicóloga sexual, ajuda diversos estudantes da própria escola a lidar melhor com a própria sexualidade em uma “clínica” criada por ele e mais dois amigos, Maeve e Eric. Muito responsável com todos os temas que explora, o seriado tem no arco da personagem Aimee, vivida por Aimee Lou Wood, a representação de um caso de assédio sexual e apresenta muito bem o trauma um fato como esse que pode deixar na cabeça de uma adolescente, o desenrolar dessa situação é marcado por uma das cenas mais emocionantes da produção, disponível na Netflix.
Bom dia, Verônica
Indicação nacional da lista, Bom dia, Verônica acompanha a escrivã da polícia Verônica Torres, que após presenciar um homicídio decide investigar dois casos específicos envolvendo mulheres que sofreram agressões e que deixaram para trás mistérios e questões mal resolvidas. Baseada em um livro Raphael Montes, a série já tem segunda temporada confirmada pela Netflix.
Big Little Lies
Mais uma história baseada em um livro, Big little lies é uma adaptação da história da autora Liane Moriarty feita por David E. Kelley. Protagonizada por Nicole Kidman, Reese Witherspoon e Shailene Woodley, a produção apresenta histórias de três famílias que de alguma forma se envolvem em um assassinato, por meio de flashbacks a série instiga o espectador a tentar descobrir quem morreu e quem matou. Violência contra mulher é central na série já que Celeste, personagem de Nicole Kidman, sofre em um relacionamento abusivo com Perry, interpretado por Alexander Skarsgard. Os episódios podem ser assistidos na HBO Max.
Mare of Easttown
Um dos principais sucessos de público e crítica de 2021 e vencedor de três Emmys, incluindo Melhor atriz com Kate Winslet, o seriado acompanha Mare, uma detetive perturbada por não conseguir resolver o caso do desaparecimento de uma mulher, que precisa agora lidar com o assassinato de outra. A série explora, além dos crimes, os traumas das mulheres que passaram por situações de violência. Também é uma produção disponível na HBO Max.