Por meio do personagem Tony, de Sessão de terapia, Christian Malheiros discute assuntos como racismo e desigualdade social
O texto que vemos na tela é ficção. Mas poderia ser vida real. É dela que vem a inspiração. Assim é a participação de Tony (Christian Malheiros) em Sessão de terapia, série cuja quinta temporada está no Globoplay. Tony é um dos pacientes do psicanalista Caio (Selton Mello) e leva para a tela temas como racismo e desigualdade social.
Tony é motoboy e, logo na primeira sessão presencial com Caio (eles começam o tratamento remotamente por conta da pandemia), tem dificuldades de entrar no prédio por ser negro e por ser um motoboy. A discussão pode soar datada, mas Christian se apressa em deixar bem claro que ela é bem contemporânea e atual.
“Essas questões só são ultrapassadas para quem não sofre na pele as consequências do racismo. O racismo não mudou, é o mesmo e muitas vezes até pior. Vai da atitude do porteiro, até uma bala perdida que, na verdade, tem alvo certo. Para nós, pretos, isso ainda é realidade. E nos mata todos os dias”, afirma, em entrevista ao Próximo Capítulo.
Essa contemporaneidade faz com que a relação entre Tony e Christian seja íntima. É como se a dor de um se confundisse com a do outro. “Num trabalho tão íntimo como Sessão de terapia muitas questões se misturam e, por diversas vezes, ao falar do Tony eu estava falando de mim também. A partir do Tony eu comecei a ver que eu precisava cuidar de mim. Isso é uma boa troca: eu me emprestei para dar vida ao Tony e, com ele, eu aprendi a ser uma pessoa melhor”, comenta o ator.
Além de Sessão de terapia, Christian está prestes a estrear a segunda temporada de Sintonia, série da Netflix na qual vive Nando. “Nesta temporada a gente vê o amadurecimento das personagens. A mudança de vida que eles tanto almejam vai tomando forma, mas isso vai colocar em cheque muitas questões como responsabilidade e a amizade do trio”, adianta Christian, referindo-se aos parceiros de Nando, Doni (João Pedro Carvalho) e Rita (Bruna Mascarenhas).
Tanto Sessão de terapia como Sintonia foram gravadas em meio à pandemia ー em momentos tidos como mais tranquilos. Christian destaca as diferenças entre as duas: “Em Sessão de terapia, pelo elenco ser menor, e por ser gravado em estúdio foi mais tranquilo e controlado. Já Sintonia é uma série gigante, com um elenco volumoso. Aí foi mais difícil porque somos um elenco muito alegre, que adora abraçar e, por conta dos protocolos de segurança, tivemos que ficar distantes e muitas vezes separados.”