Novela Gênesis, da Record, conta com elenco composto por atores e atrizes com tempo de carreira diferentes
por Adriana Izel e Vinicius Nader
A novela bíblica Gênesis, da Record, tem sete fases e inclui várias passagens do extenso livro da Bíblia que batiza a superprodução. O elenco do folhetim vem se mostrando bastante diverso, com jovens, adultos e crianças vivendo papéis que, em algum momento da trama, acabam se destacando. O Correio selecionou alguns desses destaques para você ficar de olho: alguns já conhecidos, como Vitor Novello, outros ainda engatinhando na profissão, como a menina Giovanna Iodes. Confira!
André Dread, o nobre Okpara
Okpara é um nobre do Egito. O personagem é vivido pelo ator André Dread, que costuma ser convidado para papéis carregados de estereótipos destinados aos negros. “Tem sido um processo muito lento, mas acredito que uma hora vamos avançar”, afirma o artista.
Apesar disso, ele lamenta a falta da presença de negros no audiovisual em geral. “Somos minoria nas grandes produções e, quando somos escalados, temos pouco destaque. As oportunidades não são iguais e, talvez, nunca sejam para nós. A gente precisa ocupar outros espaços para que, talvez, essa chave vire. Precisamos de diretores, autores e publicitários negros. Acho que pode ser um dos caminhos para que tenhamos mais representatividade”, analisa.
André explica que entrou no elenco da novela após um convite. De início, ficou preocupado com a mudança de visual para o papel: raspar o cabelo e a barba. “Pedi um tempo para pensar e fazer uns contatos porque já tinha sido sondado para um outro trabalho. Daí, fiz minha escolha em aceitar em fazer Gênesis”, revela.
Como aconteceu com o elenco da trama bíblica, o ator se preparou em workshops, mas fez questão de realizar também uma pesquisa própria. “Fiz uma busca na interna para tentar achar algo do personagem em mim e, depois, assisti a filmes, novelas da própria emissora, também li bastante coisa sobre o Egito Antigo”, comenta.
Vitor Novello, o piedoso Abrão
Vitor Novello começa a noite piedoso, como o icônico personagem Abrão, de Gênesis, e sai de cena diariamente como o mimado e perverso xará Vitor, da reprise de Topíssima. Longe daquele tipo de ator que se prende a um determinado papel e fica atrelado àquelas características, Vitor esbanja versatilidade na noite da Record.
“O que mais escuto ultimamente é que as pessoas começam a noite ligadas na TV gostando do Abrão, mas terminam odiando o meu xará Vitor. Fico muito feliz em ver que, mesmo que o Vitor tenha deixado muita gente com raiva, Abrão tem sido querido. Algumas pessoas até revelam que precisam travar uma batalha interna para deixar de sentir raiva do Vitor, e virar a chave para o Abrão. Acho tudo isso muito divertido e, por isso tudo, tenho dificuldade de traçar pontos em comum entre os dois. O que eu diria é que o Vitor consegue, em algum momento, ao menos buscar a tentativa de uma redenção. Será que Abrão o perdoaria?”, comenta Vitor Novello, em entrevista ao Próximo Capítulo.
Sobre o atual papel, o ator classifica viver Abrão como “uma aventura”, especialmente pelo “imaginário coletivo pré-estabelecido” que o patriarca bíblico carrega. Ele conta que a preparação para encarar esse desafio “foi muito a partir de um aprofundamento nas situações e relações do texto em si, já que muitas das partes contadas, quando Abrão é jovem, não aparecem na Bíblia e dão conta de uma perspectiva histórica”. Vitor ainda revela que teve a ajuda de uma assessoria histórica e de conversas com os diretores.
Marcelo Menezes, o guerreiro Payam
“No sentido bíblico, da história, tudo é bem fiel ao que está escrito, então sempre vai ter um pouco de polêmica nesse assunto.” Assim é, nas palavras do ator Marcelo Menezes, a fase Sodoma e Gomorra da novela Gênesis. Intérprete do guerreiro Payam, Marcelo garante que a novela não foge às polêmicas.
O ator define o personagem dele como “um guerreiro silencioso, que mata com uma frieza terrível… É o maior guerreiro de seu exército. É um homem fiel ao seu rei e acredita nos seus ideais. Mesmo eles sendo terríveis e absurdos”.
Para levar mais veracidade a Payam, Marcelo foi buscar referências nas artes marciais, paixão antiga desse lutador de jiu-jitsu. “Eu sempre fui ligado ao esporte, tanto pela vaidade quanto pela saúde. O jiu-jitsu, para mim, foi muito mais que um esporte, ele foi um divisor de águas. Hoje, não é só o corpo do ator que se beneficia com isso, a mente também”, afirma.
Marcelo, que também pratica boxe, conta que os ensinamentos da arte marcial chegaram às cenas da novela. “Já usei até queda de judô e jiu-jitsu em uma coreografia (risos). Vamos ver se vai para o ar. Muitas das minhas coreografias foram inspiradas nas lutas do personagem Aquiles, do filme Troia, interpretado por Brad Pitt”, revela.
Giovanna Iodes, a menina Tamires
Trabalho e diversão andam lado a lado no caso da atriz mirim Giovanna Iodes. Aos 9 anos, a menina fez uma participação rápida em As aventuras de Poliana, no SBT, e agora vive Tamires em Gênesis. “Poliana foi o meu primeiro trabalho. Fiquei muito emocionada com a minha participação. Atuei em apenas duas cenas, mas, para mim, foi tudo. Em Gênesis já é um trabalho maior em que estou aprendendo muito com grandes atores que estão ao meu redor. Não vejo dificuldades, o foco e a determinação têm que ser sempre o mesmo em qualquer trabalho”, conta Giovanna, com ares de maturidade. “Levo muito a sério e amo o que faço. A diversão no meu trabalho é espontânea”, completa.
A menina garante que nunca para de se divertir nos sets da novela bíblica e que os pais dela administram “de uma forma muito tranquila” a equação entre a vida escolar dela, as brincadeiras e as gravações de Gênesis.
Jéssika Alves, a vilã Shakia
A vilã Shakia é um marco na carreira da atriz Jéssika Alves, iniciada há 10 anos, ainda na adolescência. A primeira malvada do rol de personagens dela a “tirou da zona de conforto, o que foi maravilhoso, por ser uma personagem que nunca tinha experimentado como atriz”.
Shakia carrega uma carga negativa, sendo uma personagem com mágoa e outros sentimentos “pesados”. Jéssika conta que, em alguns dias de gravação, chegou em casa ainda com a energia dela reverberando. “Não tem jeito. E enquanto o trabalho está em processo não dá para se desvencilhar totalmente dele.” A atriz ensina a receita para driblar tanta coisa ruim: ioga e meditação: “Essas práticas me ajudam muito a cuidar da minha energia nesses momentos em que eu estou trabalhando em outra vibração”.
Jéssica Juttel, a arrojada Michal
A estreia da atriz Jéssica Juttel em novelas não poderia ser mais desafiadora. Em Gênesis, ela dá vida à personagem Michal dos 18 aos 39 anos, quando a guerreira à frente do tempo dela passa a ser defendida por Cristina Amadeo. “Uma linha do tempo onde pude brincar e criar diversos tons dentro de mim”, conta Jéssica.
Ser geniosa é uma das características mais marcantes de Michal. “Ela é um turbilhão de sentimentos. Tem seu lado genioso e rebelde, mas é uma menina doce, amorosa e, por incrível que pareça, frágil, como toda menina que só precisa ser ouvida, compreendida e acolhida”, explica.
Michal traz a Gênesis uma discussão milenar que ainda se faz atual: o papel da mulher na sociedade. O sonho de Michal é ser caçadora, mas a mãe dela, Helda (Izabella Bicalho), não admite que a filha se dedique à atividade, reservada aos homens. “Ela é dona de si, não aceita ordens, faz o que tem vontade, é forte, empoderada, gosta de atenção e é sem noção em diversas atitudes, por agir impulsivamente”, afirma Jéssica, que tatuou um arco e flecha em homenagem à personagem.