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Versátil, Vitor Novello desperta amor em Gênesis e ódio em Topíssima

Publicado em Entrevista

Ator Vitor Novello está no ar como Abrão na inédita Gênesis e como o Vitor na reprise de Topíssima, ambas na Record. Leia entrevista com o ele!

Vitor Novello começa a noite piedoso, como o icônico personagem Abrão, de Gênesis, e sai de cena diariamente como o mimado e perverso xará Vitor, da reprise de Topíssima. Longe daquele tipo de ator que se prende a um determinado papel e fica atrelado àquelas características, Vitor esbanja versatilidade na noite da Record.

“O que mais escuto ultimamente é que as pessoas começam a noite ligadas na TV gostando do Abrão, mas terminam odiando o meu xará Vitor. Fico muito feliz em ver que, mesmo que o Vitor tenha deixado muita gente com raiva, Abrão tem sido querido. Algumas pessoas até revelam que precisam travar uma batalha interna para deixar de sentir raiva do Vitor, e virar a chave para o Abrão. Acho tudo isso muito divertido e, por isso tudo, tenho dificuldade de traçar pontos em comum entre os dois. O que eu diria é que o Vitor consegue, em algum momento, ao menos buscar a tentativa de uma redenção. Será que Abrão o perdoaria?”, comenta Vitor Novello, em entrevista ao Correio.

Sobre o atual papel, o ator classifica viver Abrão como “uma aventura”, especialmente pelo “imaginário coletivo pré-estabelecido” que o patriarca bíblico carrega. Ele conta que a preparação para encarar esse desafio “foi muito a partir de um aprofundamento nas situações e relações do texto em si, já que muitas das partes contadas, quando Abrão é jovem, não aparecem na Bíblia e dão conta de uma perspectiva histórica”. Vitor ainda revela que teve a ajuda de uma assessoria histórica e de conversas com os diretores.

Na entrevista a seguir, Vitor fala sobre as novelas, mas também sobre Par ou ímpar, livro de poemas que lançou recentemente, e sobre teatro infantil. Confira!

Entrevista // Vitor Novello

Abrão é um importante personagem da Bíblia e você o interpreta em Gênesis. Como está sendo essa experiência?
Uma aventura. Abrão traz consigo todo um imaginário coletivo pré-estabelecido e, no meu entendimento, o trabalho em si foi uma negociação entre essa força histórica inegável e a minha presença e existência como ator, algo que na minha forma de ver também não vale a pena abrir mão. Fico feliz e grato pela confiança!

Como foi sua preparação para o Abrão?
Foi muito a partir de um aprofundamento nas situações e relações do texto em si, já que muitas das partes contadas quando Abrão é jovem não aparecem na Bíblia e dão conta de uma perspectiva histórica. Nesse sentido, a assessoria histórica me ajudou bastante, na figura do professor Rodrigo Silva e outros mais. Não posso deixar de citar as conversas extensas com Zé Carlos Machado, sempre aberto e generoso, e os preparadores Leandro e Fernanda, sempre atentos e com quem pude ter conversas importantes para o trabalho.

Além de Gênesis, você está na reprise de Topíssima. Estar no ar com dois personagens tão diferentes é gratificante para você?
Muito! Topíssima também foi um trabalho com o qual guardo um carinho grande, por toda a equipe, amigos, e pela novela em si que foi muito gostosa de fazer e que agora tem sido muito gostoso rever.

O que Abrão e Vitor (o personagem de Topíssima) têm em comum? É possível traçar um paralelo entre eles?
Difícil! O que mais escuto ultimamente é que as pessoas começam a noite ligadas na TV gostando do Abrão , mas terminam odiando o meu xará Vitor. Fico muito feliz com essa repercussão e em ver que, mesmo que o Vitor tenha deixado muita gente com raiva, Abrão tem sido querido. Algumas pessoas até revelam que precisam travar uma batalha interna para deixar de sentir raiva pelo Vitor, e virar a chave para o Abrão. Acho tudo isso muito divertido, e por isso tudo tenho dificuldade de traçar pontos em comum entre os dois. O que eu diria é que o Vitor consegue em algum momento ao menos buscar a tentativa de uma redenção. Será que Abrão o perdoaria?

Você acaba de lançar o livro de poemas Par ou ímpar. O que te inspira a escrever?
Difícil essa pergunta! O Par ou ímpar é um projeto que nasce de um encontro a princípio despretensioso meu com o Herton Gustavo Gratto, dramaturgo, ator e poeta. De uma conversa surgiu a ideia do livro. Nele, nos inspira um eu lírico que de alguma forma parte das crianças que ainda nos habitam, de estar vivo e reparar, perceber o que acontece à nossa volta, ou à volta de que nós acontecemos. Escrevo não em busca de algo em si, escrevo pra me conhecer.

Você deve levar aos palcos um espetáculo infantil baseado na obra de Miá Couto. O que pode adiantar sobre esse projeto?
Sim! É um espetáculo que escrevi com o Tiago Herz, a partir de um diálogo entre o conto Cego estrelinho, do Mia Couto, e o livro Ideias para adiar o fim do mundo, do Aílton Krenak. A peça parte desse cruzamento de pensadores para falar sobre sustentabilidade, sobre o cuidado com o nosso futuro e com o planeta, sobre nos sentirmos fora da natureza, quando na verdade fazemos parte dela. Estou bastante animado com o projeto, que só será realizado quando conseguirmos, através da vacinação e dos cuidados coletivos, vencer a situação difícil em que nos encontramos.

Qual é a importância de fazer espetáculos infantis? A formação de público é carente no Brasil, não?
É essencial! O teatro está aí não só para divertir, o que é importantíssimo, mas também para fazer pensar, para pensar junto. Eu acho que essa é uma questão que se estende ao teatro como um todo. O debate sobre a dificuldade na formação de público é bastante complexo, e parte, na minha opinião, desde a escassez ou ausência de fomentos governamentais até um questionamento necessário dentro do próprio teatro.