Ao Próximo Capítulo, Lorena Comparato falou sobre a fase atual da carreira
A atriz Lorena Comparato vive um momento de efervescência na carreira. Mesmo que a pandemia do novo coronavírus tenha tido impacto em alguns dos projetos, a artista está longe de estar parada. Seja porque tinha um grande volume de atrações prontas para serem lançadas em 2020, seja por estar se adaptando e investindo em novos trabalhos — tudo dentro dos protocolos de segurança contra a covid-19.
No dia 12, Lorena estreou nos cinemas com Boca de Ouro, adaptação da obra de Nelson Rodrigues, que chegou a ser exibida no ano passado no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Também pôde ser vista em abril na segunda temporada de Homens? e escutada na audiossérie #tdvaificar. Nas redes sociais, investiu nas criações da Cia de 4, grupo que faz parte há 9 anos, com os espetáculos na web Zodíaca de bolso e Jornal da 4. Também aproveitou 2020 para atuar como produtora no filme Lacuna, em que vive a protagonista Sofia. O longa-metragem ainda não tem previsão de lançamento.
Entrevista // Lorena Comparato
Como tem sido para você esse período de pandemia e essas outras vivências de teatro on-line, audiossérie e produção?
Tenho me respeitado muito! Tentado fazer o que me faz bem, mas sem esquecer do futuro. Resolvi me jogar nos estudos e na criação com a Cia de 4, que é meu refúgio sempre. A companhia sempre foi um lugar de muito companheirismo, de experimentações ousadas e só se fortaleceu durante esse momento tão difícil. Me sinto muito adaptável e acho bom ser dessa forma. Não foi fácil filmar 12 dias com todos os protocolos e um medo iminente de ficar doente. Graças a Deus não aconteceu nada com ninguém da nossa equipe. Acho que na vida temos que viver muito o agora, então tenho tentado focar no que me faz bem agora, afinal estamos no meio de uma pandemia mundial e quem diz que não sentiu nada nesse ano que passou, não estava no mesmo planeta que eu.
Podemos esperar mais projetos seus?
Espero que sim! Estamos num momento muito catalisador da Cia de 4. Muitas coisas rolando, sendo plantadas e germinando. São 9 anos de trabalho de muito esforço e persistência. Fizemos alguns projetos para a web esse ano. Ainda aguardo o lançamento dos longas Regra 34, de Júlia Murat; Canta pra subir, de Caroline Fioratti; e Meu álbum de amores, de Rafael Gomes. Além do lançamento da terceira temporada de Impuros, que está em pós-produção. Tenho dois projetos grandes que ainda não posso divulgar por falta de confirmação e também aguardando para fazer possíveis novas temporadas de Homens? e Cine Holliúdy. No teatro, projetos aguardando captação. Estamos num momento muito delicado da cultura brasileira, mas tenho fé que há de melhorar em breve. Sigamos resistindo!
Como se deu a oportunidade de estrear como produtora no filme Lacuna?
Há um tempo, tenho entendido meu trabalho como um ofício para além da atuação. Gosto de pensar nos roteiros, nos formatos e nas metas de cada projeto que participo. Tem projetos que a gente consegue ter mais voz e outros que menos e passei a gostar muito de projetos que valorizam essa voz e essa inserção do ator para além da interpretação. Nesse momento da minha carreira, senti vontade e também abertura do Rodrigo Lages, autor, diretor e um dos produtores do Lacuna, para ter o crédito de “produtora associada”, função que já tinha exercido antes, mas nunca havia sido creditada. Me sinto bem e muito feliz com essa oportunidade incrível de estar na frente e por trás das câmeras também.
Além de trabalhar por trás das câmeras, você também vive a protagonista Sofia. Como se preparou para dar vida à personagem?
Sofia foi uma personagem muito difícil de preparar. Tem muita gente que não entende o trabalho do ator, mas eu sinto que a Sofia foi chegando pra mim aos poucos. Eu fui convidada pelo Rodrigo já durante a pandemia. Eu estava há três meses em casa sem colocar o pé na rua e foi um convite audacioso, mas bem recebido. Fizemos leituras virtuais do texto desde maio e nos encontrávamos virtualmente. Mergulhei profundamente em muitas questões da personagem, em casa com a minha mãe. Conheci a equipe no set, que foi uma experiência muito inusitada, mas maravilhosa. Sobre interpretação, eu tinha acabado de estudar muito a técnica da Ivana Chubback com a Marina Rigueira, preparadora e professora da técnica aqui no Brasil. Fiz cursos durante a pandemia não só com ela, mas com a Estrela Strauss, Aamir Haddad e entrei para o mestrado de artes cênicas na Casa de Cultura Célia Helena. Estamos tendo aulas on-line e tem me salvado! Para além disso, tenho um trabalho intenso de terapia, pois certos personagens requerem mergulhos mais profundos que outros e é sempre bom estar amparada. E, claro, sempre tenho uma preparação com a minha mãe e fonoaudióloga pessoal, Leila Mendes.
O filme está em negociação para lançamento híbrido, nas salas de cinema e no streaming. Como está essa negociação? E como vê o futuro do formato de lançamento do cinema nacional? Acha que esse será o novo método?
As negociações estão indo bem. Se eu pudesse escolher, gostaria que o filme rodasse festivais mundo afora antes de lançar aqui. Acho muito possível ser um novo método sim esse híbrido. Eu estou em casa, sou muito a favor do distanciamento social como solução então evito aglomerações, mas sei que tem muita gente que está se sentindo confortável para interagir socialmente. Eu discordo, porém vejo instituições adotando medidas para fazer eventos de formas conscientes e mais seguras possíveis, então estou feliz com a estreia do filme. Sobre lançar ao mesmo tempo, acho uma comodidade ter a possibilidade de ver o filme em casa, sem precisar se transportar e etc, porém não há nada como a experiência do cinema. Ver um filme em tela gigante, com cheirinho de pipoca e som absolutamente maravilhoso, realmente faz muita falta.