Atrizes Giullia Buscacio, Bárbara Reis e Julia Stockler se destacam entre as coadjuvantes de Éramos seis
Por Adriana Izel e Vinicius Nader
Éramos seis é uma novela de mulheres fortes, a começar pela protagonista, Lola (Gloria Pires). Por isso, a presença das atrizes acaba se destacando na produção das 18h. Entre elas, alguns nomes merecem atenção. É o caso de Guillia Buscacio (a Isabel), Bárbara Reis (a Shirley) e Julia Stockler (a Justina). Anote aí o nome dessas atrizes que têm entre 22 e 31 anos e fique de olho nelas!
Julia Stockler estreia na televisão com um papel pra lá de desafiador: a Justina, filha de Emília (Susana Viera). A moça é autista e, como a novela se passa na década de 1930, enfrenta o preconceito da própria mãe, que a esconde da sociedade. “Essa personagem vive à margem porque não é compreendida pela sociedade da época”, define Júlia, em entrevista ao Correio.
A atriz compara a situação de Justina com a de outros autistas nos dias de hoje: “Acredito que ainda existe preconceito, sim. É claro que hoje temos mais conhecimento de causa e isso expande nossa consciência sobre o assunto. Mesmo assim não é fácil ser inserido no mercado de trabalho, por exemplo. É preciso ainda vencer muitos tabus sobre o nosso mundo psíquico sem que isso fragilize ou vulnerabilize o sujeito. Acredito no poder da empatia.”
Esta é a quarta versão de Éramos seis na televisão. A obra já vem de um livro. Então, referências não faltaram a Júlia. Mas a atriz conta que preferiu compor a própria Justina, “sem interferências e predeterminações. Foi um desafio descobrir em mim onde estava a sua alma e como construir sua realidade. Justina tem um universo muito particular e estou construindo esse espaço lúdico e também muito solitário com bastante calma e cuidado.”
Explosão de talento
“Destemperada”. Essa é a palavra escolhida pela atriz Bárbara Reis para definir Shirley. Um passo à frente do tempo dela, Shirley enfrenta o marido, Afonso (Cássio Gabus Mendes) e pesa a mão na educação da filha, Inês (Carol Macedo), fruto de uma relação com outro homem, João (Caco Ciocler), com quem, nesta fase, ela voltou a viver.
“Sempre soube que a Shirley seria uma personagem que daria o que falar e que traria naturalmente consigo essa carga de antagonista, com a diferença de que ela não é uma pessoa má, só é amargurada. Ela perde a mão na educação da filha por ser muito protetora e permeia o conceito de chata, por ser altamente verdadeira em relação ao que pensa”, afirma.
A autora da novela, Ângela Chaves, aproveita alguns personagens para trazer discussões contemporâneas à trama de época. Shirley é uma delas. Mas a questão racial — inexistente em outras versões de Éramos seis — é tratada de forma sutil, o que agrada a Bárbara. Na história original, Shirley e Afonso eram um casal de uma imigrante com um brasileiro. Agora eles são um par interracial.
“Acho superimportante (que essa questão seja abordada). Mas, de certa forma, isso não é frisado na novela. É algo que você identifica e percebe que a personagem traz na pele, entranhado nela e não dito propriamente. Dessa forma, creio que a autora, naturaliza a relação interracial sem ter que criar tabus em torno disso”, elogia a atriz, que aponta outro assunto contemporâneo presente em Éramos seis: a condição social feminina.
“A novela mostra mulheres que, apesar da opressão da época, passam por cima disso, e também mulheres que se deixam levar pelo machismo. A Shirley não leva desaforo pra casa, se impõe diante do marido, mas, ao mesmo tempo, se vê presa ao relacionamento por uma questão de segurança, porcentagem de toda sua história sofrida. Claro, existem mulheres ainda assim hoje, infelizmente. Mas muitas de nossas mulheres já viraram a chave pro seu protagonismo, reflete a atriz, que se sente completamente à vontade em produções de época, pois marcou presença na minissérie Dois irmãos (2017) e na novela Jesus (2018).
Currículo extenso
Desde I love Paraisópolis (2015), Giullia Buscacio, 22 anos, emenda um trabalho no outro. Neste ano, pôde ser vista em O sétimo guardião e, agora, na segunda fase de Éramos seis. A atriz entrou para dar vida a Isabel, que foi interpretada na primeira fase por Maju Lima. “Estava gravando O sétimo guardião quando recebi um convite do Carlinhos (Carlos Araújo, diretor) para fazer a Isabel. Fiquei muito feliz por ele confiar a mim essa personagem tão especial. Nós trabalhamos juntos em Velho Chico e admiro muito o trabalho dele”, conta.
Para se preparar para viver Isabel, Giullia buscou seu lado mais família, algo que é bastante forte na personagem e na trama do folhetim em si. “Acho que existe uma ligação forte dela com a família. E eu também sou assim. Estou sempre com meus pais, minha irmã. Eles são a minha referência”, revela. Isso e o bom humor são os únicos pontos em comum entre a atriz e a personagem. “Os desejos dela são diferentes do meu. Eu gosto de ser independente, de trabalhar, de fazer as minhas coisas… Nos tempos da Isabel, uma moça que desejasse essas coisas não era bem-vista, infelizmente”, avalia.