Serginho Groisman é o melhor interlocutor com os jovens na tevê aberta brasileira. Altas horas tem pecados, mas acerta na maioria das vezes.
É no mínimo curioso que um cara de 66 anos seja o principal interlocutor com os jovens da tevê aberta brasileira. Pois é o que acontece quando Serginho Groisman entra todo sábado no ar com o Altas horas. O programa, há 16 anos na Globo, traz um mosaico com bate papo descontraídos sobre sexo, entrevistas com personagens antenados, números musicais diversos e bom humor.
É como o próprio slogan ostenta: “vida inteligente na madrugada”. Aliás, a madrugada é um dos pontos fracos do Altas horas: o horário, além de ser ingrato, é flutuante e depende do resto da programação da emissora para entrar no ar. Tendo cada sábado um horário fica difícil fidelizar a audiência.
A plateia, composta em sua maioria por universitários, é o grande diferencial do Altas horas. A intimidade de Serginho Groisman com esse universo não vem de hoje — ele comandou o Programa livre, no SBT, antes, lembra? E é essa proximidade que faz da atração global uma boa alternativa para as madrugadas de sábado (ok… boa alternativa para as madrugadas de sábado talvez seja uma balada animada, mas o Multishow reprisa o programa domingo à tarde e a internet, nossa amiga de todas as horas, está aí pra isso, né?). Serginho não trata o jovem como se ele fosse um ET ou um ser completamente alienado. A conversa flui de igual para igual.
Especialmente quando os jovens assumem o microfone, seja para atacar de entrevistadores, seja para tirar dúvidas sobre sexo. No primeiro caso, eles são os responsáveis pela condução das entrevistas com os convidados — atores, cantores, esportistas, políticos, enfim… A gama costuma ser grande.
O único problema aí é que os jovens não se preparam antes (talvez eles não saibam quem vai estar no programa no dia da gravação) e acabam “chovendo no molhado” nas perguntas. É nessa hora que Santo Serginho mostra que fez o dever de casa e faz a coisa fluir.
No segundo caso, o bate-papo sobre sexo é um dos momentos mais aguardados do Altas horas. O tradicional quadro conta com a participação da sexológa Laura Muller, que responde com a maior desenvoltura a dúvidas que vão das mais simplórias às mais estranhas. Ela e Serginho deixam a meninada à vontade para fazer as perguntas que os amigos mandaram fazer (claro… a dúvida nunca é do adolescente ou do jovem!) e Laura só perde a linha mesmo quando recebe uma cantada mais assanhada de um menino.
“Quando você acha que tudo já foi perguntado você vê que a gente não sabe nada”
Altas horas sempre tem novidades
Os números musicais também costumam ser um ponto alto do programa. Atrações nacionais e internacionais já subiram ao palco do Altas horas, sempre se apresentando ao vivo. Isso é um diferencial e tanto!
Para apresentar ao jovem sempre novidades na área musical, o programa recebe quase todo sábado uma banda com pouco tempo de carreira para ocupar o que antes era o lugar da banda Altas horas, formada apenas por mulheres. Aliás, a destituição do grupo foi uma bola fora da atual temporada do programa, que ainda veio com outras duas novidades.
A primeira é um quadro onde um jovem da plateia assume o papel de protagonista e conta a própria experiência para que isso sirva de inspiração para outros jovens. São meninas que lutaram contra preconceito racial ou de gênero ou meninos que convivem com HIV positivo. A segunda é a presença do ator Marco Luque fazendo vários personagens durante o programa, como Ed Nerd, Jackson Faive e, é claro, Mustafari.
Talvez seja esse frescor que a juventude esteja buscando ao ligar a tevê. Um programa que não o trate como idiota e que o divirta. Simples assim!