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Um dado alarmante no Dia das Crianças: meninos e meninas se sentem desprotegidos e não ouvidos
O estudo Small Voices Big Dreams 2019 (“pequenas vozes, grandes sonhos 2019”, em tradução livre), do ChildFund Alliance, ouviu quase 5.500 crianças de 10 a 12 anos de 15 países diferentes. Os resultados apresentados pelo levantamento da agência humanitária internacional foram preocupantes.
Uma em cada duas crianças não acredita que os adultos escutem sua opinião em assuntos que são importantes para ela. Apenas 18% acredita que o governo agiria para protegê-las. Mais de 88% das crianças acredita que devem pedir ajuda de adultos em situações violentas, mas a maioria encontra barreiras para fazê-lo. Estes são alguns dos dados globais.
E o que pensam as crianças brasileiras?
Ao comparar os dados do Brasil com o do resto do mundo, a situação parece se agravar. No Brasil, a pesquisa foi feita com 722 crianças nos estados em que a ChildFund atua: Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Amazonas, Piauí, Bahia e Goiás. Aqui, 67% dos meninos e meninas de 10 a 12 anos não se sentem suficientemente protegidos contra a violência. A média no mundo é de 40%. Além disso, menos de 3% das crianças acredita que políticos e governantes cumprem seu papel para protegê-las. A média mundial é de 18,1%.
No Brasil, 90% dos meninos e meninas entrevistados rejeitam a violência física como um instrumento de educação. No levantamento global, esse percentual é de 69%. Os lugares em que as crianças mais se sentem seguras é em casa e com seus pais (especialmente com a mãe). Nove em cada 10 crianças acredita que a coisa mais importante que adultos podem fazer para combater a violência contra crianças é amar mais as crianças e escutar o que elas têm a dizer.
As principais causas da violência infantil, na avaliação das crianças brasileiras, são o fato de serem indefesas, a falta de conhecimento dos direitos que possuem e a perda de autocontrole dos adultos devido ao uso de substâncias. Enquanto as garotas têm medo de que coisas ruins aconteçam com elas, garotos têm medo de serem forçados a fazer coisas ruins. Garotas também identificam mais alguns tipos de violência que garotos, especialmente os de natureza sexual.
As causas da violência
De acordo com as crianças, há uma relação de desequilíbrio de poder em situações violentas. Os entrevistados ressaltaram três principais fontes de violência: a impotência das crianças, o ciclo da violência e abuso de substâncias. Quase seis de cada 10 crianças acham que a violência ocorre porque elas não conseguem defender a si mesmas de adultos ou de outras crianças.
Uma porcentagem alta dos entrevistados acredita que adultos que mal-tratam crianças foram vítimas de violência na infância. Além disso, 69% das crianças não acham aceitáveis punições físicas para crianças. Esse índice é menor em países africanos e asiáticos.
O estudo na íntegra está disponível em inglês, espanhol e francês, e pode ser encontrado no link.