Dia Nacional da Alfabetização reforça importância dessa fase para o desenvolvimento da criança

Publicado em Deixe um comentárioArtigo de opinião

Especialista em educação explica processo de aprendizagem da escrita e como pais podem perceber se há dificuldades no percurso

Michelle Gössling Cardoso

O processo de alfabetização é o período em que as crianças aprendem a ler e escrever. Ele se inicia na educação infantil, e tem continuidade nos primeiros anos do ensino fundamental. Esta é uma fase de extrema importância para o desenvolvimento da aprendizagem. Tão relevante que ganhou seu próprio dia. Hoje, 14 de novembro é comemorado o Dia Nacional da Alfabetização.

O primeiro passo no processo de alfabetização é familiarizar as crianças com o sistema de escrita, apresentando as letras do alfabeto e seus sons correspondentes. Isso é feito por meio de atividades lúdicas, como jogos, brincadeiras com rimas, músicas, escrita espontânea e histórias. O despertar do interesse das crianças pela linguagem escrita deve ser de maneira leve, prazerosa e com muito acolhimento.

À medida que as crianças vão reconhecendo as letras e seus sons, elas começam a aprender a combinar esses sons para formar palavras. Isso envolve a compreensão dos princípios fonéticos, ou seja, a relação entre os sons da fala e as letras escritas.

A importância da prática adequada

As crianças devem ser expostas a textos simples, relacionados aos projetos trabalhados em sala, sempre com temáticas que sejam do interesse e realidade delas para que a aprendizagem seja significativa. Aos poucos, elas desenvolvem a habilidade de decodificar as palavras, associando os sons às letras e lendo de forma fluente.

A compreensão do texto também é fundamental na alfabetização. O envolvimento das crianças em discussões e atividades de interação, incentivam a compreensão do significado das palavras e das frases e a interpretação do texto de forma geral.

Ao mesmo tempo em que estão aprendendo a ler, também são estimuladas a desenvolver habilidades de escrita. Começam escrevendo letras isoladas, depois palavras simples , até chegarem em frases e textos.

É muito importante ressaltar ainda que o processo de alfabetização é gradual e individual, cada criança tem seu próprio ritmo de aprendizagem e isso deve ser respeitado. Os professores desempenham um papel fundamental nesse processo, oferecendo atividades adequadas ao nível de desenvolvimento de cada aluno e fornecendo apoio e orientação individualizada. Por isso, as atividades e estratégias de ensino devem ser adaptadas de acordo com as necessidades específicas de cada um.

Como perceber se há dificuldade na aprendizagem?

Com um acompanhamento cuidadoso e individualizado, é possível identificar se comportamentos desafiadores e instabilidade socioemocional da criança são sinais de dificuldades de aprendizagem ou até mesmo o contrário, se essas dificuldades apresentadas e instabilidade não são fatores que impactam e trazem mais desafios para o processo.

Os professores e a equipe multidisciplinar das instituições devem estar atentos a esses comportamentos oferecendo o suporte adequado às crianças que estão passando por desafios. Trabalhar as necessidades socioemocionais, criando um ambiente seguro, acolhedor e em parceria com as famílias, maximiza o potencial de cada um e promove a aprendizagem, motivação, envolvimento e concentração das crianças de forma mais eficaz com um trabalho de formação integral. É preciso então que todos estejam empenhados em ajudar essas crianças a se alfabetizarem com qualidade.

Sobre a autora

Michelle Gössling Cardoso cursou Pedagogia na Universidade de Brasília e tem especialização em novas metodologias, tendências e foco no aluno na moderna educação, o fazer pedagógico bilíngue na educação infantil e em gestão escolar. Atua como coordenadora pedagógica do 1° ano no Colégio Everest Brasília.

Artigo: “Você está drogando seu filho e não sabe”

Publicado em Deixe um comentárioArtigo de opinião

Confira opinião de Leonardo Torres* sobre o uso de dispositivos eletrônicos por crianças pequenas:

Muitos pais ainda acham que os aparelhos eletrônicos são inofensivos e até auxiliam no desenvolvimento de seus filhos. Sempre escutamos aquela frase: “ele tem somente 2 anos e já sabe mexer em tudo no celular”.

O tempo de mastreia no uso de qualquer coisa é o tempo de treino. Desde pequenos, estamos usando mais e mais aparelhos eletrônicos. As últimas pesquisas demonstram que utilizamos os aparelhos cerca de nove horas por dia. E quando aponto os números nas salas de aula, meus alunos acabam destacando que a pesquisa está errada, que eles utilizam muito mais.

Leonardo Torres: “Quando se coloca um aparelho nas mãos de uma criança, ela para de chorar, de correr, de ser peralta, pois os aparelhos eletrônicos causam o mesmo efeito que uma droga pré-operatória denominada midazolan. Ou seja, interrompe-se seu desenvolvimento e aprendizado, que passa por essas estripulias”

A verdade é que colocar um aparelho eletrônico na mão de uma criança é um alívio para pais, vovós, babás etc. E, quando eles percebem que a criança se viciou nos aparelhos, é tarde demais, já que essa prática começa logo na terna infância. Começa muitas vezes até com qualquer choro.

O problema é que hoje, assim como o mundo fora de casa anda perigoso, o mundo dentro de casa, ou seja, o virtual, o da internet, também pode prejudicar a integridade psicológica e física de nossos filhos. Eles estão cada vez mais influenciados por conteúdos que não são controláveis e muitas vezes perigosos. O massacre de Suzano, por exemplo, foi totalmente viabilizado por meio da internet. Os desafios da Baleia Azul, da boneca Momo, entre outros, além de afetarem psicologicamente uma criança, podem levá-la à morte.

Quando se coloca um aparelho nas mãos de uma criança, ela para de chorar, de correr, de ser peralta, pois os aparelhos eletrônicos causam o mesmo efeito que uma droga pré-operatória denominada midazolan. Ou seja, interrompe-se seu desenvolvimento e aprendizado, que passa por essas estripulias. Cria-se um anestesiamento na criança. Porém, assim como qualquer droga, vicia, causando perda de memória, dificuldade de concentração, de foco, desinteresse por outros estímulos… Falta de interação social e, psicologicamente, gera depressão, ansiedade, pânico etc.

A culpa não é somente dos pais, nem das crianças, mas principalmente de como estamos vivendo. Parece que a sociedade e o mercado querem que os pais cuidem dos filhos como se não tivessem trabalho e trabalhem como se não tivessem filhos. Os direitos de maternidade e paternidade são escassos aqui no Brasil.

A perspectiva igualitária é importante, ou seja, o pai e a mãe devem combinar, a fim de cuidar dos filhos igualmente e se disponibilizar igualmente. Isso não pode ser desculpa para um patriarcado escondido na famosa frase: “eu trabalho e você cuida dos filhos”.

*Leonardo Torres, 28 anos, palestrante, professor e doutorando em comunicação e cultura midiática da Universidade Paulista (Unip), de São Paulo, onde concluiu mestrado em comunicação. Graduado em comunicação social — publicidade e propaganda pelas Faculdades Dom Bosco, do Rio de Janeiro, é bolsista do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Prosup/Capes). Pesquisa o imaginário técnico e tecnológico, a tecnossacralidade e suas relações na sociedade e na cultura, além do contágio psíquico e imaginário. Entre as instituições deu aulas estão Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e Unip.