Crédito: Material cedido ao Blog da Primeira Infância
Documento assinado por mais de 600 crianças será encaminhado a autoridades brasileiras e delegações internacionais da COP-30 e pede ações urgentes contra a crise climática
A Cúpula das Infâncias, realizada Universidade Federal do Pará, em Belém (PA), e encerrada neste sábado (16/11), terminou com um marco inédito na agenda climática brasileira: a aprovação da Carta das Infâncias, um documento escrito, discutido e votado por cerca de 600 crianças e adolescentes de diversas regiões do país e do mundo. A carta será enviada para autoridades.
Em tom direto, urgente e sem filtros, o texto reivindica participação real nas decisões sobre o clima e pede que autoridades adultas “não mandem a gente calar a boca quando tentamos falar”. As crianças denunciam o impacto da crise climática no dia a dia, desde o calor extremo às queimadas, e fazem propostas para frear a destruição ambiental. O documento será enviado a governos, instituições públicas, organismos internacionais.
Logo no início, a carta afirma que a infância já sente no corpo as consequências do colapso ambiental. As crianças citam o “calor que sufoca”, a dificuldade de caminhar na rua sob sol intenso e a sensação de “não conseguir respirar direito”. Elas relatam tristeza ao ver queimadas, animais feridos, rios poluídos, árvores caídas e comunidades ameaçadas.
“O calor está muito forte. De verdade. Tem dia que a gente sente dor de cabeça, tontura e muito cansaço. A gente precisa de mais sombra”. A carta destaca que o clima deixou de ser um assunto distante ou abstrato e se torna parte da rotina, das brincadeiras e da possibilidade de viver a infância com dignidade.
O texto, construído ao longo de rodas de conversa, oficinas e assembleias democráticas, afirma que a preocupação não nasce de discursos adultos, mas da experiência diária. “Nós nos importamos porque a natureza é a nossa casa. E é muito mais… Nós somos natureza.”
As crianças pedem mais proteção da Amazônia, preservação de rios, florestas e animais, e afirmam que o cuidado ambiental é inseparável da saúde humana.
A carta apresenta ações concretas:
O pedido principal é claro:
“Os adultos precisam fazer a sua parte. Queremos continuar vivos e vivas.”
A elaboração do documento marca uma mudança importante na participação de crianças e adolescentes em eventos climáticos. Ao contrário de encontros em que são apenas público ou figuras simbólicas, na Cúpula das Infâncias eles conduziram as discussões e definiram, por voto aberto, o conteúdo final.
O processo ocorreu paralelamente à Cúpula dos Povos da Amazônia, também em Belém, e buscou fortalecer o protagonismo infantil e juvenil nas agendas socioambientais. As atividades reuniram participantes de diferentes cidades brasileiras e de países convidados, incluindo territórios indígenas e comunidades ribeirinhas.
Ao final da carta, as crianças reafirmam que não é possível esperar até a vida adulta para serem ouvidas. “Construímos esta carta porque acreditamos que nossa voz precisa chegar ao mundo todo. A COP-30 é grande, e é nossa esperança também. Mas temos o futuro e o presente.”
Elas exigem medidas que reduzam o calor extremo, a fumaça das queimadas e as mortes de animais, além de ações para evitar que florestas e rios desapareçam.
A Carta das Infâncias será entregue a governos locais, estaduais e federais, além de ser apresentada às delegações internacionais que compõem as discussões sobre o clima na COP-30. Organizações que acompanharam o processo afirmam que o objetivo é garantir que as demandas de crianças e adolescentes façam parte das decisões oficiais em Belém no próximo ano.
A programação da Cúpula das Infâncias, realizada entre 12 e 16 de novembro, foi organizada em três etapas: Tempo de Preparação, Tempo de Acolhimento e Tempo de Protagonismo.
No Tempo de Preparação, organizações e grupos infantis foram mobilizados para discutir os temas climáticos antes do encontro. No Tempo de Acolhimento, uma grande Ciranda Infantil reuniu cerca de 1.000 crianças, com atividades lúdicas, culturais e formativas envolvendo participantes do Brasil e de outros países. Já no Tempo de Protagonismo, cerca de 200 lideranças infantis debateram propostas e construíram coletivamente a Carta das Infâncias.
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