Não é à toa que o cometa Halley só passe pelas cercanias da Terra a cada 79 anos ou que um eclipse total do sol possa ser visto somente a cada 100 anos. Há 15 anos, o primeiro disco dos chamados Tribalistas, então anunciado como evento único, fez furor; vendeu milhões de exemplares, marcou a época com belas canções e um sopro de novidade na música popular. É novo até hoje. Mas nem todo fenômeno se repete.
Se aquele disco dos Tribalistas era arrebatamento total, a sequela é bem mais comportada; vem com a sensação de que nada aconteceu nesta década e meia que separa os lançamentos e que é apenas uma continuação menos inspirada. Mesmo com boas canções, é como se o tempo tivesse parado, a tecnologia fosse a mesma e a música do mundo permanecesse intacta.
O ouvinte pode perguntar como é que três grandes artistas – Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes –, que, individualmente, avançaram tanto neste período parecem ter hibernado quando voltam a trabalhar juntos. O talento envolvido na produção é suficiente para garantir qualidade, algumas boas canções, sacadas inteligentes; mas algum elo foi perdido durante a hibernação do trio.
É um disco solar, otimista, com canções quase sempre em tons maiores e acordes naturais e que nasceram durante as “férias” das carreiras solo dos três artistas. É assim, mesmo nos temas mais urgentes e politicamente mais engajados – uma novidade temática para o grupo. Diáspora – citando Souzândrade e Castro Alves – fala das migrações forçadas, Baião do Mundo mostra preocupações ecológicas, Lutar e Vencer é sobre as recentes ocupações nas escolas, Trabalivre propõe discutir a relação entre vida e opressão.
Boa surpresa é a presença de Carminho, cantora portuguesa que mais uma vez escapole do fado e é transformada quase numa quarta tribalista, já que não apenas canta, mas aparece como compositora em duas canções – Peixinhos e Trabalivre. Mas é o samba-rock Feliz e Saudável que mostra que o disco poderia ser bem melhor, não fosse tão descontraído.
A esta nova incursão tribalista talvez tenha faltado a faísca que deu origem ao disco original; a vontade de fazer algo novo deu lugar ao simples prazer de fazer música juntos mais uma vez. Desta vez a conjunção de estrelas produziu um espetáculo bonito, correto e eficiente, mas sem o fulgor de antes.
Há poucos lugares mais opressivos que sala de espera de médico. Com essas clínicas coletivas,…
Pinheirinhos de plástico com algodão imitando neve, um velhinho barbudo de roupa vermelha, renas do…
A cidade está colorida de novo. Agora são as árvores de cambuís, que vestem as…
Rir é o melhor remédio, diz o bordão popular. Mas certamente isso não se aplica…
Chegara a vez do homem de chapéu. A pele clara e castigada pelo sol tinha…
E agora descobrimos que guardar segredos faz bem à saúde. As tais reservas – desde…