Violão não tem preço

Compartilhe

Impressionado com a retórica dos causídicos, João Bosco Marinho, sonhou ser advogado. Acabou atendendo ao capricho do pai, caminhoneiro sertanejo, e virou médico. Fez carreira e amigos em Brasília, mas não se esquece da terra natal, Santa Luzia do Cabugi, na Paraíba, e nem das palavras que tanto o encantaram. Já com mais de 60 anos, decidiu fazer música e poesia. E na mesa o bar do Luisão, no Lago Norte, como Marquês de Cabugi, ele canta como tudo começou:

O preço do violão

Foi num domingo de festa

Na casa de um amigo meu

Que eu perguntei ao tocador

– Quer vender seu violão?

Diante da minha proposta

Quis saber sua resposta

E ele disse: Não vendo não!

Não faça isso comigo

Não me exponha a esse castigo

Ponha um preço merecido

Pra vender seu violão

Quero cantar a alegria

Fazer minhas melodias

Fugir da vida vazia

Abraçado ao violão

Ele então me respondeu

Que mulher e violão

Não se empresta, não se vende

Não se troca, meu irmão

Mas para acabar com a questão

Vou abrir uma exceção:

O violão é seu

É um presente meu

Dado de coração!

Foi num domingo de festa

Que eu ganhei um violão

Paulo Pestana

Publicado por
Paulo Pestana

Posts recentes

A pressa e o tempo

Há poucos lugares mais opressivos que sala de espera de médico. Com essas clínicas coletivas,…

3 meses atrás

Um Natal diferente

Pinheirinhos de plástico com algodão imitando neve, um velhinho barbudo de roupa vermelha, renas do…

3 meses atrás

O espírito nas árvores

A cidade está colorida de novo. Agora são as árvores de cambuís, que vestem as…

3 meses atrás

A graça de cada um

Rir é o melhor remédio, diz o bordão popular. Mas certamente isso não se aplica…

3 meses atrás

Destino tem nome

Chegara a vez do homem de chapéu. A pele clara e castigada pelo sol tinha…

3 meses atrás

A derrocada da fofoca

E agora descobrimos que guardar segredos faz bem à saúde. As tais reservas – desde…

5 meses atrás