Justiça local instaurou inquérito para barrar a realização das provas, devido ao período de calamidade pública no Estado, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Mas, órgãos apoiam a manutenção do certame
Após a Justiça do Rio Grande Norte instaurar inquérito para avaliar a realização das provas do concurso da Polícia Civil do Rio Grande do Norte (PCRN) durante a pandemia, o delegado Fábio Montanha, chefe de pessoal da Polícia Civil e membro da comissão organizadora do concurso, falou sobre o assunto e afirmou que o grupo está empenhado em manter a realização do certame na data prevista. O concurso está agendado para os dias 7 e 14 de março.
Segundo ele e a Assembleia Legislativa do Estado, um projeto de lei foi encaminhado para a Casa para evitar questionamentos jurídicos e permitir a realização do concurso durante a pandemia. Montanha afirmou também que o objetivo do projeto entregue para votação é evitar qualquer ruído ou dúvida sobre a realização do concurso.
“A expectativa é dirimir qualquer questionamento, evitar problemas jurídicos e esclarecer a situação. O concurso está sendo pensado há meses, com o máximo respeito aos protocolos sanitários e estamos empenhados na sua realização na data prevista”, disse.
O presidente da Assembleia, deputado Ezequiel Ferreira (PSDB), também garantiu apoio para a manutenção da seleção nas datas previstas em edital.
“As pautas relacionadas à segurança pública estão sempre entre as prioritárias desta Casa e não será diferente desta vez. Vamos em breve iniciar os trabalhos nas comissões parlamentares e tentar o quanto antes resolver esta situação. O concurso da Polícia Civil é importante para o Estado e, principalmente, para os cidadãos potiguares, que estão sofrendo com a insegurança”, disse Ezequiel Ferreira.
Segundo números da Associação de Delegados da Polícia Civil do RN (Adepol), a atual quantidade de servidores do setor é correspondente apenas a 26% do necessário. Ou seja, das mais de 5 mil vagas disponíveis, apenas 1,3 mil estão ocupadas por servidores.
“A realidade da Polícia Civil é crítica. Muitos policiais estão também aptos a aposentar. É difícil superar etapas e, por isso, viemos pedir mais uma vez a ajuda do deputado Ezequiel Ferreira e da Assembleia Legislativa, que sempre tem sido muito sensível às causas da segurança. Estamos otimistas em conseguir resolver mais esta situação”, disse a presidente da Adepol, Tais Aires Telino.
O concurso
O certame oferece 301 chances, sendo 47 para delegado, 230 para agente e 24 para escrivão. A principal exigência é possuir nível superior. Para concorrer a delegado, cargo com o maior salário, é necessário possuir graduação em direito. A remuneração inicial varia de R$ 4.731,91 a R$ 16.670,59.
Os candidatos passarão por oito fases, constituídas por prova objetiva e prova discursiva, que são obrigatórias para todos os cargos e possuem caráter eliminatório e classificatório; teste de aptidão física, aos que concorrem aos cargos de delegado e agente; prova prática de operador de micro, ao cargo de escrivão, avaliação psicológica, para todos os cargos e com caráter eliminatório; exames médicos, eliminatórios; investigação social, de caráter eliminatório; e, por fim, curso de formação específico, promovido pela Academia de Polícia Civil.
O concurso da Polícia Civil do RN recebeu mais de 60 mil inscrições. O órgão está há mais de 10 anos sem realizar certames o que acabou reduzindo o efetivo de homens à disposição da Segurança Pública do Estado.