Dia de prova de concurso público tem sempre uma certa tensão no ar. Os candidatos precisam se programar para chegar a tempo ao local de aplicação, lidar com a ansiedade sobre o que será cobrado e ainda lembrar de tudo o que estudou. Após conseguir acordar no horário, vencer o trânsito (e muitas vezes achar uma vaga no estacionamento, porque parece que todo o Brasil resolveu fazer prova no mesmo lugar), você finalmente está na sala de aula, pronto para o teste.
O que você precisa agora? Tranquilidade para ler as questões e pensar nas respostas, correto? Mas, e se o candidato sentado atrás colocar o pé na sua carteira e começar a tremer a perna, de nervoso ou mania mesmo? E se o colega ao lado de repente sente que o sapato está apertado e tira os pés para fora liberando um odor não muito agradável? E quando aquele refrigerante cheio de gás é aberto bem quando você lembrou a diferença entre recondução e readaptação de servidores públicos?
Parece que situações assim são mais comuns do que gostaríamos. Consultamos alguns concursandos que nos contaram histórias semelhantes, confira as depoimentos:
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“Já fiz uma prova que estava muito difícil. Uma das candidatas, que com certeza não sabia nada com nada, enquanto não dava o horário para poder sair da sala, ficou se balançando na cadeira, tipo gangorra (indo e voltando). O barulho tirava a concentração de todos, principalmente de quem realmente queria fazer a prova. De repente: Bum! A candidata caiu da cadeira, se estatelando no chão. Moral da história: Se você não sabe fazer a prova então pelo menos dê sossego para os outros fazerem.”
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“Uma vez um cara ficou discutindo com o fiscal porque ele não aceitava que fossem desconsiderar uma questão que ele marcou duas alternativas no gabarito. Depois de minutos discutindo ele pediu para chamar o chefe dos fiscais e só sei que fui embora e continuaram discutindo. O fiscal inclusive perguntou se ele tinha lido o edital e o candidato disse que não, mas isso não o impediu de continuar discutindo e atrapalhando o restante da sala. Já aconteceu também do celular de um candidato começar a vibrar e depois ir tocando cada vez mais alto, só que ele nem se entregou e a fiscal precisou ficar escutando os saquinhos para descobrir de onde vinha. Depois disso ele foi convidado a se retirar da sala.”
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“Eu aplicava provas, há muito tempo. Quando acabou todo o tempo da prova e eu fui recolher os gabaritos, uma senhora não tinha preenchido, pois achou que isso era a gente (fiscais de sala) que iríamos fazer para ela. Falei que não, que ela teria de ter preenchido, mas ela ficou lá insistindo. Precisamos chamar o chefe do andar para convencê-la de que já era.. rsrsrs”
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“Ah nada demais! Só uma moça ao meu lado que levou uma vitamina C, colocou na garrafa com água e não fechou direito, dai o que aconteceu com a tampinha? Saiu voando! E em qual direção? Na minha cara!”
Para fazer uma prova tranquilamente e não atrapalhar os demais candidatos, conversamos com o professor Renato Lacerda, que é analista de gestão pública do MPU e professor de administração publica do IMP concursos. Ele também já passou por poucas e boas em provas de concurso. “Já fiz muito concurso e de vez em quando ainda faço provas para treinar e dar um feedback a meus alunos. Então já vi candidato que levou um verdadeiro banquete pra sala de aula, e comia bastante durante a prova, fazendo barulho com salgadinhos e doces e atrapalhava a todos. No próprio concurso que passei do MPU um candidato atrás de mim apoiou o pé na minha cadeira, a ponto de eu ter que pedir para parar. Ele ficou meio sem graça e cessou a tremedeira, após risadas de pessoas sentadas por perto. Já aconteceu também de pessoas que sabem que sou professor tentarem colar minhas respostas. E teve até uma pessoa que fez toda a prova e depois deitou sobre o braço, dormiu e começou a roncar em plena sala de aula. Foi quando o fiscal precisou acordá-lo.”
A seguir seguem algumas dicas para um melhor convívio em dias de prova de concursos. São pequenos cuidados, que podem fazer a diferença em um dos dias mais importantes da sua carreira profissional! Confira a seguir 😉
– Procure chegar mais cedo ao local de prova (os editais não recomendam antecedência mínima de uma hora por acaso) e, antes de adentrar a sala, prefira ir ao banheiro e beber água. Isso evita filas de espera e que o fiscal fique decorando os nomes de quem pediu pra sair primeiro. Se ele por acaso esquecer de alguém, isso já pode ser motivo para problema.
– Busque entrar na sala de forma silenciosa. Se encontrar algum conhecido, cumprimente com um aceno, pois haverá tempo para conversar após a prova. Conversas paralelas podem atrapalhar a concentração dos outros candidatos.
– Ao sentar, identifique logo se a carteira tem boas condições de uso, se não range ou está cambaleante. Se você for canhoto, e julgar necessário, já solicite uma cadeira apropriada. E também localize o ar condicionado (ou alguma entrada de ar), seja para ficar perto dele, se você for do time dos calorentos, ou bem longe, se você sentir mais frio. A mudança de lugar muitas vezes é aceita e deve ser solicitada ao fiscal, que vai avaliar a situação. Se não der, peça para ligar ou desligar o aparelho, afinal, a temperatura do ambiente pode atrapalhar (e muito) sua tranquilidade.
– Depois de se sentar, coloque em cima da mesa só o essencial: caneta (s) e documento de identidade. Tem bancas que exigem isso. Não se esqueça de levar duas ou mais canetas e de testar se elas estão mesmo funcionando. É melhor não dar sorte ao azar e correr o risco de não poder pegar material emprestado com alguém após o começo das provas. Alguns editais proíbem isso.
– É recomendado que os candidatos se hidratem durante as provas, por isso uma garrafinha embaixo da carteira é importante. A ingestão de algum alimento para repor as energias também é indicada, já que as provas podem durar horas a fio. Como uma barra de cereais, por exemplo. Evite comer muito doce e comidas pesadas antes porque isso pode afetar a velocidade do seu raciocínio. Prefira lanches leves. Tente não levar refrigerantes, marmitas com o jantar do dia anterior, ou saco de doces, cheio de pequenas embalagens que precisam ser abertas e provocam barulho. Além de poder atrapalhar os candidatos, você ainda corre o risco de manchar sua prova com chocolate ou respingos e, se a sujeira for detectada no gabarito definitivo, pode ser até eliminado.
– Outros fatores que podem atrapalhar são os temidos pigarro constante, o funga-funga de narizes nervosos, ou ainda o fenômeno da “tosse coletiva”. Claro que há situações que não dá para evitar, mas procure antes das provas fazer gargarejos, chupar pastilhas e limpar bem o nariz. Beber água também ajuda. A prática fará bem para você e para as pessoas ao seu lado na sala.
– Tente controlar a ansiedade e evitar brigas. Sempre que algo te incomodar acione o fiscal em primeiro lugar para servir de intermediário entre você e outro candidato. Entenda que a boa convivência nesse dia é importante. É um momento muito esperado, para o qual as pessoas se preparam muito, então qualquer detalhe desagradável pode se transformar em um grande problema e desestabilizar o candidato. É essencial ter em mente que estão todos ali no mesmo barco.
– E, o mais importante: leia atentamente todo o edital! Geralmente a parte de “disposições finais” lista como o candidato deve se portar na prova para não ser eliminado. Se a caneta deve ser azul ou preta e/ou de material transparente. Se não é permitido uso de outros materiais de papelaria, como lápis e borracha. Se o candidato pode usar ou não itens de chapelaria. Tem até edital que exige que o concurseiro fique com a orelha a mostra, para evitar fraudes. A maioria deixa expresso que não será admitida a comunicação entre os candidatos, além de determinar horários importantes, como o começo das provas, quando os concorrentes podem deixar o local de prova e ainda competir no concurso, quando podem sair com o caderno de questões, e o prazo final para entrega dos gabaritos definitivos.
Tenham todos uma ótima prova!