Justiceiros Digitais no Paredão das Redes Sociais

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Não é apenas sobre o Cancelamento devastador da cantora e apresentadora, Karol Conká é sobre os motivos que levam ao público a puni-la e a outros que os decepcionam e frustram em relação a imagem que vendem! Estamos vivendo uma poderosa Era da Reputação, do Score Social, da Credibilidade e isso alcança pessoas e marcas. Contudo, o poder de julgar e “eliminar”, carrega diversos aspectos psicológicos. Em muitos casos, as pessoas buscam inconscientemente uma compensação pelas inúmeras opressões que costumam sofrer em suas vidas, assim, ver alguém sendo execrado, desmoralizado pelo comportamento arbitrário e injusto é uma verdadeira redenção e chance de dar o troco nos “algozes”. Há pessoas também cuja motivação é simplesmente ter o prazer de agredir, castigar alguém e quando evidências justificam que o castigo é merecido, está formada a oportunidade para destilarem a crueldade. Quando uma personalidade famosa, seja do meio artístico ou da política criam a oportunidade de serem descobertos, de terem suas máscaras arrancadas, o linchamento moral se consome rapidamente e o ciclo de revolta, revanche e agressividade se expande!


As manifestações extremistas, a polarização comportamental fomentada pelas redes sociais, a ideia de poder individual, da possibilidade de emitir opiniões, de fazer valer as próprias convicções, ao mesmo tempo em que milhares de interações, provoca uma profunda desconexão entre as pessoas e seus grupos de convivência pessoal ou familiar. Quanto mais ódio, mais bate-bocas e radicalismos acontecem, parece haver maior repercussão, maior audiência e isso gera fortunas para os controladores do ambiente virtual e dos algorítimos. Eles expandem o alcance das polêmicas, gerando ainda mais tráfego nas redes e por consequência mais publicidade paga, ou seja bilhões de dólares. Reitero a sugestão para que assistam o documentário extraordinário chamado: “O Dilema das Redes” onde a manipulação em massa e em alcance global é detalhada. Acredite, a indústria do ódio e da separatividade criou um modelo de negócios alavancado pelo controle instantâneo da psique humana: uma opinião polêmica, uma declaração maliciosa, um deboche público já é suficiente para as reações em cadeia deslancharem em vídeos, comentários. Em casos mais preocupantes, em ameaças físicas, como aliás ocorreu no caso da Cantora Karol Conká, cujo filho e familiares foram ameaçados.

Diante da atual cultura do cancelamento é preciso muito cuidado ao julgar alguém pois isso pode significar um dano irreparável. Por exemplo, se alguém erra e seus erros são expostos dentro de um certo círculo de convivência, poucas vezes o esforço humano de compreensão, a escutatória e o legítimo direito de defesa e de manifestação são considerados. No caso da Cantora, sua exposição foi explícita e refletiu mesmo atitudes repugnantes que levaram a maior rejeição por parte do público à um participante da história do Reallity Show: “Big Brother Brasil”, mas em milhares de casos, reputações são destruídas por “Fake News”. Existe um arsenal de recursos tecnológicos dedicados a produzir mentiras, utilizando ferramentas avançadas de áudio, vídeo e seus efeitos. Uma mente dedicada a criar uma pseudo-realidade seja lá por quais motivos forem, encontra facilmente os meios para cumprir sua lastimável determinação. Seja num caso ou em outro, coloco-me a refletir acerca da intolerância: Não somos mais humanos? Eliminamos no paredão da Vida, diante das evidências mais superficiais, amigos e parentes com os quais temos laços maiores e mais profundos? A sensação de muitos que não buscam apurar os fatos e “cancelam” as relações é a de que podem parecer bobas e ingênuas diante da maldade alheia. Assim, tratam logo de optar pela atitude mais radical, excluindo a possibilidade de que os fatos ou são reais, ou são irreais ou mesclam as duas coisas. Se houver entre nós alguém isento de erros que lance a primeira pedra. O respeito humano deve ser universal e a solidariedade com os que cometem seus deslizes, em nenhuma hipótese significa isentá-los das reparações ou deles nos tornarmos cúmplices.


Sou fã de um Autor consagrado, chamado Adam Grant. Particularmente do seu Best Seller: “Dar e Receber”, que trata de Sucesso, Generosidade e Influência. Nesta obra o psicólogo dá uma aula aprofundada acerca das interações humanas, o relacionamento no ambiente profissional e familiar, o impacto da internet na reputação etc. Grant aponta que em nossas interações deparamos com três perfis específicos de personalidade: “O Tomador”, o “Recebedor” e o “Compensador”. Ao longo da leitura enriquecida por dezenas de exemplos e resultados de inúmeras pesquisas científicas, fica claro qual destes perfis, alcança realmente o Sucesso e a satisfação plena. A leitura dá uma certeza e não é “spoiler”: “Os Tomadores são dissimulados e mesmo quando se dão bem, deixam rastros que levarão a uma possível punição futura, sobretudo em tempos de relações virtuais. Fica claro também  que ser Bom, Verdadeiro e Solícito, compensa cada vez mais, especialmente na Era Colaborativa que estamos iniciando na humanidade. As distorções da Vida conectada em Rede haverão de ser atenuadas e o poder do compartilhamento, da circulação e da ajuda-mútua que esta conexão proporciona, promete revolucionar o porvir da humanidade.


Um estudo que já dura 83 anos realizado pela Universidade de Harvard, me causa fascinação pelo grau de profundidade e dedicação exigidas de muitas dezenas de profissionais ao longo tempo. Trata-se do “Estudo de Desenvolvimento Adulto”, considerado o mais longo já realizado, iniciado em 1938. Os 724 homens estudados, foram mapeados desde a adolescência até a idade madura (os sobreviventes estão na faixa dos 90 anos). Avaliações psicológicas, amostras de sangue, escaneamento cerebral, entrevistas com seus familiares etc permitiram um entendimento aprofundado acerca do estado geral de todos os participantes. Conclusão? O Psiquiatra chefe da Pesquisa, Dr. “Robert Waldinger”, afirma: “Bons Relacionamentos nos mantem mais felizes e saudáveis” e aponta 3 importantes lições que devemos observar com muita atenção:
*Conexões Sociais são muito boas, já a solidão mata!
“Não é o número de amigos que se possui ou se você está ou não num relacionamento sério, mas a qualidade das relações dos seus relacionamentos mais próximos é o que realmente importa. Viver em conflitos é muito ruim para a saúde. Casamentos tóxicos podem ser pior do que uma vida de separação conjugal pelo efeito que causa na saúde. A Vida em meio a relacionamentos bons e saudáveis é sinônimo de “proteção”.

*Pessoas mais conectadas socialmente com a família, amigos e comunidade, são mais felizes, fisicamente mais saudáveis e vivem mais!
“No Estudo, o nível medido de satisfação das pessoas mais satisfeitas aos 50 anos se refletiu mais adiante em seus 80 anos, encontrando-os mais saudáveis e felizes, independente de quais eram os seus marcadores de meia-idade como Colesterol etc. Relacionamentos bons e íntimos nos protegem. “Aos 80 anos, em dias de maior dor física reagiam bem e as pessoas mais infelizes em seus relacionamentos em dias de dores física, tinham suas dores potencializadas”.

*A Solidão é muito tóxica.

“Pessoas que são mais isoladas do que gostariam, descobrem que são menos felizes, sua saúde decai precocemente na meia idade e seus cérebros se deterioram mais cedo e têm vidas mais curtas do que aqueles que não são solitários”.
“Relações saudáveis, íntimas e estáveis protegem as sinapses, o funcionamento da memória enquanto os insatisfeitos apresentaram um declínio do funcionamento da memória. Que tal buscar o melhor que os relacionamentos tem a oferecer? Substituir “telas” por interações reais. Perdoar, Acolher e Agradecer pois uma Vida Boa se constrói com Bons Relacionamentos e ponto final”.

O número de Likes e visualizações que você obtém ou de seguidores que comentam em suas postagens não lhe garantem relacionamentos sólidos ou a criação de uma Rede de Proteção e Acolhimento. Também não lhe retira do estado de deterioração física, mental e espiritual que a solidão mascarada lhe empurra. Busque Ser, busque o Autoconhecimento, busque Servir, Doar-se e as “Sinapses de Alma” que suas interações vão cultivar, certamente te levarão ao estágio de maior “Consciência”, chave para o novo mundo “Disruptivo” e “Exponencial” com menos Cancelamentos e mais Perdão.

Namastech!

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