O Fim da Era Trump, a China e o Futuro de todos nós!

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A Hegemonia  Global do Poder!

Numa breve análise sobre geopolítica global posso afirmar que há fortes mudanças no controle do poder mundial e a Era Trump colaborou muito com as mudanças mais recentes que aceleraram a transição de Poder do Atlântico para o Pacífico! Costumo dizer que nem Confúcio ou o General Sun Tzu (500AC), autor dos ensinamentos intitulados: “A Arte da Guerra”, poderiam sonhar que a China teria um “aliado” tão favorável à sua hegemonia global de poder.

Vamos aos fatos: O primeiro Ato Oficial de Donald Trump ao assumir a Casa Branca foi rasgar o TPP – Trans – Pacific Partnership no dia 23/01/2017. O Tratado de Comércio liderado pelos EUA e pelo Japão, envolvia 12 países da região Ásia-Pacífico que fora assinado em 2015 e levou cerca de 9 anos de articulação com as maiores Corporações do Mundo e lideranças políticas dos signatários, incluindo o convencimento dos Parlamentos Nacionais. Tanto é que no final de seu mandato, em 2016, o Presidente Barack Obama fez uma peregrinação pelo Sudeste Asiático vendendo simpatia, que incluiu uma parada no “Bun Cha Huong Lien” do Vietnã hoje uma atração turística rebatizada de “Bun Cha de Obama”. O prato mais pedido? Aquele acompanhado da boa cerveja que o ex Presidente compartilhou com o famoso Chef Anthony Bourdain: macarrão com carne de porco, por cerca de US$4. Democratas e Republicanos ficaram estarrecidos com o Ato de retirada dos EUA, enterrando de vez a iniciativa.


Em contrapartida, enquanto se desgastava levantando dúvidas sobre a seriedade dos votos pelo correio, durante sua campanha para a reeleição e criava um clima de guerra interna que culminou na invasão do Capitólio, o Grande Dragão, fazendo jus a seus 5000 anos, agia em silêncio. Aliás a China sofreu ataques permanentes ao longo de 4 anos de Mandato e viu seus produtos serem sobretaxados, seus serviços serem limitados, sua infraestrutura de 5G acusada de espionagem e seus investimentos serem restritos no país.

No dia 20 de Novembro de 2020, o mundo foi surpreendido com o anúncio do RCEP, sigla em inglês para Parceria Econômica Regional Abrangente, considerado o maior Acordo de Comércio já assinado na história mundial. Estamos falando de 30% do PIB Global, somatória de 15 países da Região Ásia-Pacifico. Detalhe: A liderança para se firmar o Tratado foi capitaneada pela China com o apoio do Japão, um dos maiores prejudicados por Donald Trump com o fim do TPP.

Tal anúncio soma-se a outro cuja implementação já está em curso desde 2013, o chamado “One Belt one Road” (Um Cinturão, uma Rota) ou a Nova Rota da Seda como é mais conhecida por aqui. A parte terrestre (Ásia, Europa, África e Oriente Médio) é o cinturão econômico, além da Rota Marítima (Oceano Pacífico, Oceano Índico e Mar Mediterrâneo). A iniciativa envolve cerca de 140 países, especialmente nas áreas de transporte, energia e infraestrutura, gerando milhares de empregos, com investimentos previstos na ordem de US$ 1 trilhão. A estratégia garante o futuro do Povo Chinês na medida que aproxima a maior Planta Industrial do Mundo das fontes de matérias – primas e dos principais centros logísticos globais.

Não se pode subestimar o poderio econômico e tecnológico dos EUA, para reagir e mesmo as mais acertadas críticas do agora ex Presidente Trump, de que o mundo caminha para um Sinocentrismo (todos girando em torno da China), fato é que o gigante asiático assumiu o comando da globalização e dita as cartas no jogo do multilateralismo mundial.

Veja este gráfico que mostra o impacto da entrada da China no Comércio Exterior ao longo dos anos (entre 1961 e 2018). Observe o que acontece especialmente à partir de 1985: https://www.facebook.com/avbeliakov/videos/506283030199012

Uma ilustre personalidade fez muita falta na posse do Presidente Joe Biden e Kamala Harris, o carismático ex-Presidente Jimmy Carter (Gestão de 1977 a 1981), cuja ausência foi compreendida por todos os norte-americanos dado o risco do Corona Vírus na altura dos seus avançados 96 anos. Recentemente, Carter pronunciou-se acerca da exaustiva citação à China como a culpada por todos os problemas norte-americanos, como Donald Trump quis fazer crer ao longo de toda sua conturbada gestão:

“…Você tem medo que a China nos supere, e eu concordo com você. Mas você sabe por que a China nos superará? Eu normalizei relações diplomáticas com Pequim em 1979, desde essa data… você sabe quantas vezes a China entrou em guerra com alguém? Nem uma vez, enquanto nós estamos constantemente em guerra.
Os Estados Unidos é a nação mais guerreira da história do mundo, pois quer impor aos Estados que respondam ao nosso governo e aos valores americanos em todo o Ocidente, e controlar as empresas que dispõem de recursos energéticos em outros países.

A China, por seu lado, está investindo seus recursos em projetos de infraestrutura, ferrovias de alta velocidade intercontinentais e transoceânicos, tecnologia 6G, inteligência robótica, universidades, hospitais, portos e edifícios em vez de usá-los em despesas militares. Quantos quilômetros de ferrovias de alta velocidade temos em nosso país? Nós desperdiçamos U$ 300 bilhões em despesas militares para submeter países que procuravam sair da nossa hegemonia. A China não desperdiçou nem um centavo em guerra, e é por isso que nos ultrapassa em quase todas as áreas.

E se tivéssemos tomado U$ 300 bilhões para instalar infraestruturas, robôs e saúde pública nos EUA teríamos trens bala transoceânicos de alta velocidade. Teríamos pontes que não colapsem, sistema de saúde grátis para os americanos não infectarem mais milhares de americanos do que qualquer país do mundo pelo COVID-19.
Teríamos caminhos que se mantenham adequadamente. Nosso sistema educativo seria tão bom quanto o da Coreia do Sul ou Xangai”.
(Jimmy Carter, na Newsweek MagazineO Presidente Carter demonstra uma absoluta lucidez em suas afirmativas e para corroborar com seu raciocínio, segue um elenco de áreas disruptivas da tecnologia e da inovação cuja liderança global já é chinesa:

Supremacia Quântica: A Computação Quântica chega para revolucionar a Informática binária como conhecemos atualmente. No final de 2020, a China apresentou seu protótipo de computador quântico batizado de “Jiuzhang”, cuja capacidade alcançou 76 Fótons, o que equivale a uma velocidade de processamento 10 bilhões de vezes mais rápida que o Computador Quântico do Google (53Qubits) ou 100 trilhões de vezes mais rápido que o supercomputador mais rápido existente no mundo hoje! O estudo, com detalhamentos dos testes, foi publicado na revista “Science”. Uma vez confirmado, pode-se afirmar que a China atingiu a chamada “Supremacia Quântica” e lidera o mundo, também nesta temática!

Fusão Nuclear: Há uma distinção entre a vilã, fissão nuclear e a fusão nuclear, uma vez que a Fusão, além de não gerar o chamado lixo radioativo, tem um perigo muito menor no contrabando bélico e nos riscos de acidentes. O domínio da Fusão Nuclear, há anos é fruto de uma cooperação internacional conduzida no âmbito do projeto: ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor) situado no Sul da França deverá ser concluído apenas em 2025. Esta tecnologia promete uma imensa redução no custo da energia consumida pela humanidade. No final de 2020, Alemanha e China anunciaram grandes progressos no domínio desta tecnologia. O Reator Chinês foi ligado e apresentou uma capacidade 10 vezes mais quente que o centro do Sol, atingindo 150 milhões de graus Celsius, o que posiciona a China na liderança global deste tipo de energia.

Robótica Industrial: Manufatura Aditiva 4.0: a China já se tornou o país líder em número de robôs instalados e obviamente já surge como uma das nações líderes na fabricação de robôs voltada ao fornecimento global. São mais de 800 fabricantes, um crescimento anual superior a 21% e projeção de deterem cerca de 45% do fornecimento mundial já em 2021.

Inteligência Artificial: Em 2018, a China anunciou um investimento de aproximadamente US$2,1 Bilhões num Parque dedicado a Inteligência Artificial, no Distrito de Mentougou, em Beijing, com a colaboração de 400 investidores nacionais e estrangeiros, visando a geração de lucros anuais de aproximadamente US$8 bilhões com as tecnologias desenvolvidas. Segundo o “Business Insider”, o ex CEO do Google, Eric Schmidt, afirmou: “até 2020, eles chegarão até nós. Até 2025, serão melhores do que nós. E em 2030 eles dominarão as indústrias”.

A Lista é ampla e envolve a disputa global no aquecido setor aeroespacial, na área genética e da biotecnologia, no domínio dos materiais bidimensionais, nas plataformas de comércio eletrônico, no fascinante mundo da realidade aumentada e virtual, nas transações financeiras globais convertidas às moedas digitais, no absoluto domínio e liderança da infraestrutura de acesso a dados em baixa latência com o protagonismo no 5G, entre outras áreas

Enquanto isso neste lado do Atlântico em nosso abençoado e amado país, seguimos polarizados por debates inócuos, politizando o vírus, sem qualquer agenda estratégica que aponte o rumo para nossas próximas gerações, perdendo protagonismo na diplomacia internacional, em conflito com o novo Governo de Biden a quem demoramos a reconhecer como legitimamente eleito e de mal com a China pois para agradar Trump, ampliamos o Bullying Global contra nossos maiores investidores e, neste momento, dependemos dos insumos deles para a Coronavac. Continuamos negando nossos incêndios e desmatamentos do Pantanal a Amazônia e sufocados pela incapacidade logística de administrar suprimentos básicos numa Pandemia, como jalecos, luvas, seringas, agulhas e lamentavelmente até respiradores.

Lembra-se do General Sun Tzu, mencionado no início deste Artigo? Há 2500 anos atrás ele disse: “A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota”. Olhando para nossa realidade, dá uma saudade imensa dos tempos em que tínhamos um Plano de Estado como o de Juscelino que avançou nossos país 50 anos em 5, ao invés de sucessivos ruídos e bravatas sem estratégia alguma em plena velocidade exponencial das novas tecnologias e das mudanças globais no comportamento humano.
Tomara que Deus seja mesmo brasileiro!

Namastech!

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