“As Caravelas Voltaram e agora são Digitais”.

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Competitividade Internacional.
Qualquer estudante de economia que se der ao mínimo trabalho de aprofundar sobre competitividade global, saberá dizer que a regra básica para um país ser competitivo ou pelo menos alcançar o máximo possível de sua autonomia, consiste em focar no alinhamento estratégico da Política Industrial (Política de Desenvolvimento), com a Política Macroeconômica e a Política de Comércio Exterior. Em nosso caso é um pouco mais crítico, precisamos tê-las para poder alinhá-las. “Quem não tem Meta, vive a Meta de alguém”, “Quem não sabe onde deseja chegar, aceita qualquer lugar como destino”.
Países que seguiram a receita básica deste “Alinhamento Estratégico”, transformaram suas realidades e hoje possuem um alto índice de desenvolvimento e competitividade global:
A Finlândia deixou de ser papel e Celulose para destacar-se como fabricante de Telecomunicações, a Irlanda e a Estônia, navegam na digitalização da economia e tornaram-se Hubs de serviços digitais para atendimento das demandas globais, a Coreia do Sul tornou-se uma das mais destacadas no ranking mundial de patentes e desde o seu Projeto voltado a Coreia Digital , chamado de 839, projetou-se na infraestrutura de telecomunicações e lançou no segmento eletroeletrônico marcas globais como LG e Samsung, além das marcas no setor automotivo baseadas em alta tecnologia; a China investiu, apenas em um Centro de Referência em Inteligência Artificial, US$2 Bilhões e já se posiciona como líder mundial neste setor. A Índia, além de figurar no setor aeroespacial, investe aproximadamente US$ 1 Bilhão na Promoção Internacional apenas de sua Indústria de Software, enquanto a Apex Brasil, tem aproximadamente, US$150 milhões para promover 80 setores produtivos no mundo. No 5G, a China se destaca com um avanço inacreditável liderado pela empresa Huawei, motivo pelo qual são vítimas do Bullying Mundial sob a acusação de interesses duvidosos no uso de sua infraestrutura. Aliás, não consigo imaginar como o Embaixador dos EUA, ousou declarar recentemente que o Brasil poderá sofrer sanções, caso admita a Huawei no Leilão do 5G previsto para este ano ainda, sem qualquer Nota de Repúdio por parte do Itamaraty!

Desmonte Institucional

Assistimos neste momento ao desmonte do CEITEC (Centro Nacional de Tecnologia Avançada); a paralisação da estratégia de Semicondutores – o site oficial do Programa CI Brasil, segue fora do ar: (http://www.ci-brasil.gov.br); o fim da transparência assegurada pelo SISCOSERV (Sistema de Comércio e Serviços) que controlava as remessas oriundas de importação e exportação de Serviços do Brasil – Qual é a explicação para a extinção do Sistema?; Pesquisadores da EMBRAPA não têm reagentes para trabalhar em suas bancadas; O ano letivo está perdido nas Escolas públicas do País por falta de infraestrutura de telecomunicações e acesso dos alunos à Internet e/ou aos celulares, tablets ou computadores para assistirem às aulas; Há importação de arroz por falta de regulação dos estoques (aonde está a CONAB?), os produtores preferem deixar faltar na cesta básica das famílias brasileiras para obterem um valore 5 a 6 vezes maior com a exportação; Importação de etanol de milho dos EUA em detrimento de nossa Tecnologia: o “Etanol de Cana”. Milho é base da alimentação humana e animal, jamais se poderia admitir como combustível, cana de açúcar não afeta a base alimentar de nenhuma população. A EMBRAER foi vendida e devolvida por Providência Divina, mas, e seus segredos tecnológicos? Alguém pode garantir que foram preservados? Pantanal, Cerrado, Amazônia, em chamas; Garimpos ilegais em terras indígenas com aumento de conflitos e morte de seus Caciques (maior patrimônio que possuem); Importação de máscaras de Tecido e respiradores? Nenhuma tentativa de revitalização da indústria local nos temas mais básicos?

Futuro Já: “Avanços Tecnológicos Exponenciais”

No cenário global, “Tsunamis” movimentam as aguas internacionais numa corrida hegemônica de poder. A Geopolítica aponta mudanças nas cadeias globais de valor. Há uma disputa insana pelos padrões de infraestrutura como o 5G, uma corrida pelo domínio das aplicações dos materiais bidimensionais e nano-tecnológicos, uma verdadeira revolução genética, com disputas bilionárias no campo do Genoma e na edição de DNA que aliás rendeu o Prêmio Nobel de Química à duas Cientistas, anunciado esta semana; A corrida espacial reserva uma infinidade de oportunidades que precisamos mapear e ter ofertas aplicáveis; uma mudança brutal na forma de cultivar e distribuir alimentos com impactos diretos em nossos sistemas tradicionais de plantio, colheita e distribuição, assim como na cadeia pecuária. O agronegócio e a pecuária, sustentáculos da economia brasileira (aproximadamente 25% do PIB), precisam olhar com seriedade para as mudanças. Os bilionários que lideram as maiores empresas de tecnologia do mundo, uniram-se aos maiores controladores da comida do mundo. Nossas vantagens competitivas estão em cheque, diante dos movimentos intitulados: Plant Based, Clean Meat e Fazendas Verticais baseadas em Inteligência Artificial. Qual é o Plano ? Que ações preventivas e quais programas de fomento para a competitividade nestas novas tecnologias estamos disponibilizando para nossas empresas “foodtechs” e startups? No advento de um mundo absolutamente virtualizado, como podemos ser protagonistas da Era Transmídia?

No novo Atlas do comércio internacional e dos investimentos, quem aponta o caminho, os recursos, as condições e com quais metas devemos trabalhar? Para cada segmento econômico e das novas tecnologias, quais são os possíveis parceiros estratégicos com os quais devemos operar e com que finalidade? O que exigir deles e o que conceder?

  1. Caravelas Digitais
    Em nome da Pandemia é impressionante o poder das empresas de tecnologia estrangeiras no Brasil. Estão a suprir todas as necessidades de contratação de nuvem, infraestrutura, softwares e sistemas e ninguém cogita sequer, o fomento às empresas de tecnologia verde-amarelas. O Relatório da Associação Brasileira das Empresas de Software – ABES, cujos associados são em sua maioria empresas transnacionais, aponta que apenas 28% de toda aquisição de software por parte do Governo Federal é originada por empresas brasileiras. Considerando que em 2019 foram 80 mil processos de compra de bens e serviços digitais, somando R$ 46 Bilhões, segundo o Painel de Compras do Ministério da Economia, deixamos de fomentar as Tecnologias brasileiras, nossas competências e empresas. Ao invés de utilizarmos como fizeram a maioria dos países mencionados neste Artigo, deixamos de utilizar o poder de compra do Estado para gerar uma indústria forte, um setor de tecnologia da informação e comunicação competitivo, assegurando a blindagem e a autonomia necessárias ao país, diante da disputa de nosso mercado por parte dos países que competem na Arena Global. Esse Colonialismo Digital (ver Artigo anterior deste Blog: https://bit.ly/30RXPVu) fere a nossa independência, a nossa Soberania Digital e não há qualquer ufanismo nesta afirmativa, há bom senso. A propósito, o SERPRO, repositório de todas as nossas informações governamentais e da sociedade brasileira, será privatizado? É isso mesmo Brasil? Precisamos ter um Projeto de País que aponte nossos focos estratégicos, afinal, qual é a Agenda de Desenvolvimento Nacional? Ancorada em quais fortalezas? Até quando vamos escolher queimar nossas reservas cambiais, gerando empregos no exterior, sem valorizar a ciência e tecnologia produzida aqui?  Alguém pode explicar que estratégia nacionalista é essa que dizem existir? Há um pensamento que diz: “Quem não tem Meta, vive a Meta de alguém”. Neste caso a única estratégia que estamos à seguir é a estratégia de quem nos vende, pois os países de origem destas empresas que nos fornecem e ditam seus padrões tecnológicos, sabem muito bem estruturar sua visão de futuro e fomentar suas empresas para que liderem a disputa internacional de mercado, à partir da implementação de seus Padrões, especialmente nas “Terras Brazilis”. Temos colaborado muito bem com a Meta alheia e nossa Balança de Serviços apontará o impacto da crescente remessa de Dividendos das Empresas Transnacionais às suas Matrizes, localizadas predominantemente nos EUA e na Europa.

Mais de 5 Séculos se passaram e seguimos encantados com os visitantes, dando-lhes tudo o que podemos e com medo de não atender a fome e a sede insaciável por nossos recursos, incluindo os recursos que nossos cidadãos estão se tornando do ponto de vista do imperialismo dos dados e das ditaduras dos algoritimos, a diferença é que agora, as Caravelas são “Digitais”!
Namastech !

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