“O Alerta de Stephen Hawking”
Minha primeira participação no maior Evento de Startups do Mundo, o Websummit Lisboa, foi na edição de 2017. Há sempre uma imensa expectativa nas edições anuais com relação ao “Keynote Speaker’ (Palestrante) da Cerimônia de Abertura, pois o nome é guardado a sete chaves e revelado apenas na exata hora de início do Evento. Naquele ano, para delírio dos 15 mil participantes, o físico teórico e cosmólogo britânico, “Stephen Hawking”, surgiu em sua cadeira de rodas na Grande Tela, diretamente de Londres. Sua fala acerca da Inteligência Artificial, causou grande impacto e repercutiu na imprensa mundial:
“Não podemos prever aquilo que poderemos conseguir fazer, quando as nossas próprias mentes estão amplificadas por IA. Talvez com as ferramentas desta nova revolução tecnológica consigamos desfazer alguns dos estragos causados ao mundo natural por causa da última, a industrialização. Tentaremos erradicar finalmente a doença e a pobreza. Cada aspeto das nossas vidas será transformado”.
“Resumidamente, criar IA eficaz com sucesso poderá ser o melhor acontecimento na história da nossa civilização – ou o pior. Simplesmente não sabemos”.
“ Eu acredito que é possível criarmos IA para o bem do mundo. Que esta pode trabalhar em harmonia conosco. Precisamos simplesmente estar cientes dos perigos, identificá-los, utilizar as melhores práticas e gestão possíveis, e preparar-nos para as suas consequências antecipadamente.
O QI (Quociente de Inteligência), o QE (Quociente Emocional) e o QS (Quociente Espiritual)
No campo da psicologia, deparamos com alguns avanços no que se refere ao entendimento sobre a Inteligência Humana e surgem abordagens na literatura científica e popular comparando as Inteligências: Intelectual, Emocional e Espiritual. A primeira bem característica e predominante durante décadas nos processos seletivos, consideram o domínio de conhecimentos objetivos, capacidade de raciocínio lógico etc. A segunda refere-se aos conceitos subjetivos muito bem abordado por Daniel Goleman em seu “Best Seller”: Inteligência Emocional. Este conceito ampliou significativamente a visão integrada do ser humano, considerando que o comportamento baseado em autocontrole, empatia etc são “skills” fundamentais para a vida em sociedade, particularmente no ambiente de trabalho. Recentemente a Inteligência Espiritual ganhou visibilidade por ir além das duas primeiras e mostrar que é a Inteligência Integrada delas. Não adianta inserir a dimensão mais subjetiva das emoções e reconhecer esta inteligência separadamente da Inteligência Intelectual. Ambas só têm sentido se observadas conjuntamente, de forma holística e sob uma ética superior aos desígnios funcionais. A Dra. Dana Zohar , formada em Física e Filosofia no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e em Religião e Psicologia na Universidade de Harvard é co-autora da Obra: QS – Inteligência Espiritual – Aprendendo a Desenvolver a Inteligência que faz a Diferença. Dra. Zohar define as três Inteligências como QI – Quociente de Inteligência (intelectual), QE – Quociente Emocional (Emocional) e QS – Quociente de Espiritualidade da Sigla “SQ” ou Spiritual Quotient (Espiritual). Sendo esta última, capaz de dar sentido as duas primeiras justamente por lidar com o sentido da Vida, com o Propósito do Ser. Não basta uma extraordinária capacidade lógica, uma memória histórica brilhante, uma habilidade imensa em entender os sentimentos das pessoas se não houver uma fusão mais profunda, uma empatia, capaz de perceber o outro à partir da perspectiva dele, a razão de se fazer o que se faz, transcendendo habilidades e competências adquiridas com o foco funcional para o resgate de “um propósito maior” para se fazer o que se faz. O foco no bem-estar coletivo ao invés dos interesses imediatistas do individualismo de pessoas, empresas e nações.
O Dr. Hawking bem me lembro, também afirmou que a Inteligência Artificial é o ápice da Criatividade Humana mas também poderá representar o seu abismo, a depender do destino que daremos a ela. Associando a fala dos dois Físicos, considero que o alerta dado por ele, encontra eco na fala dela, ou seja, precisamos entender, distinguir e questionar a aplicação da Inteligência Artificial, considerando os aspectos éticos urgentemente. Se os avanços disruptivos da Tecnologia são irreversíveis, suas utilizações por outro lado, devem seguir regulamentações e serem monitoradas no que se refere aos limites de suas funcionalidades. A Sociedade Humana deve ser capaz de opinar sobre o Futuro da civilização e questionar os objetivos daqueles que nela investem com o propósito de gerar “soluções” variadas em nome do “benefício da sociedade”.
No primeiro artigo deste Blog, abordei o Tema: “A Era da Invisibilidade” (https://bit.ly/3leLYcM) e descrevi sobre o avanço da imaterialidade, na medida em que substituímos o consumo de automóveis, pelo uso de serviços de transporte via aplicativos ou de bens de consumo , acessíveis também pelos aplicativos que privilegiam mais a cultura do acesso do que a cultura do consumo. Ao invés do “ter”, o “acessar” aquilo que se precisa (quero o furo na parede e não uma furadeira, portanto eu alugo e devolvo). Mencionei que esta mudança de carbono (matéria, produtos), por bits e bytes (acesso aos bens, via aplicativos), exemplifica esta transição. Somos Seres Transcendentes por natureza e nossos instrumentos materiais tenderão sempre ao intangível pois a parte visível de quem somos é apenas uma parcela da Vida e não a Vida em sua Totalidade. Os gigantescos sistemas de computação e unidades de armazenagem de dados, por exemplo, transformaram-se em “Nuvem” que abriga uma infinidade de dados, vídeos, imagens, sons etc quer algo mais Transcendente? A capacidade de processamento de dados já ultrapassou os limites da “Lei de Moore” que previa seu limite baseado na limitação dos processadores em relação a suas capacidades e miniaturização e já alcança a inimaginável dupla exponencialidade quântica, ignorando os limites físicos alertados por Moore. Tais fatos confirmam que a intangibilidade tecnológica está cada vez mais análoga com a existência metafísica, transcendental da Vida.
Vamos descer um pouco mais fundo na Toca deste Coelho chamado, Inteligência Artificial? Venha comigo!
Até onde essa extraordinária capacidade computacional e lógica dos algoritimos, representam Verdadeira Inteligência? Quero comparar Inteligência com a Consciência. Recorro ao britânico, Alan Turing, considerado o pai da informática, que em 1950, mesmo nos primórdios cibernéticos, gerou questionamentos acerca da Inteligência Humana x Inteligência das Máquinas, que ficou conhecido por “Teste de Turing”. O Teste considerava 3 participantes que ficariam isolados entre si: um capaz de elaborar perguntas sobre lógica, sentimentos etc e outras duas para respondê-las. Ocorre que uma delas, seria uma máquina e a outra um ser humano mesmo. Se a máquina fosse assertiva e indistinguível das respostas humanas, ela teria passado no Teste de Turing. Nos testes mais modernos, como um ocorrido em 2014, leva-se em conta que se um terço dos avaliadores forem “enganados” pela máquina e mesmo sem acertar, tiverem a capacidade de responder com as características humanas, terá vencido o “ Teste de Turing”. Naquele ano, o “Chatbot” ou software de nome Eugene Goostman, passou-se por um Jovem Ucraniano de 13 anos e convenceu 10 dos 30 juízes que avaliaram suas respostas, em evento organizado pela Universidade de Reading na Royal Society em Londres, Reino Unido.
A reprodução artificial do comportamento e do pensamento humano não assegura a um algoritmo por exemplo, decidir sobre a Vida ou a Morte de um Ser Humano. O poder de uma Inteligência não biológica em superar a Inteligência Biológica é motivo de celebração por parte dos grandes entusiastas do segmento tecnológico, especialmente dos bilionários que investem centenas de milhões de dólares em milhares de pesquisas e desenvolvimentos em busca da chamada “Singularidade”, prevista para 2045 pelo Engenheiro e um dos fundadores da “Singularity University”, Raymond Kurzweil. A promessa de transferência da mente humana para um Super Computador Quântico por ele anunciada, reproduz o velho conceito duplo cartesiano da Vida, que considera apenas: “corpo e mente” em linguagem linguagem tecnológica: “hardware e software”. Contudo, uma Vida Holográfica, com pseudos “sentimentos”, “comportamentos” e memórias, representariam em si uma Vida Consciente?
O polêmico “Projeto Cérebro Humano”, recebeu uma contestação formal de 300 Neurobiólogos e outras 500 pessoas no ano de 2014. A finalidade do Projeto em recriar até 2024 um cérebro humano com o auxílio se um Supercomputador foi duramente criticada. Previsão orçamentária: 1,2 bilhão de euros (quase a metade proveniente dos fundos europeus).
O aspecto metafísico da Vida ou Consciência, jamais será apropriado pela simulação por mais avançada que seja, cujos parâmetros são meramente funcionais. O cérebro pode ter o seu funcionamento hackeado, mas qualquer ente que o replique artificialmente não é um cérebro biológico em si. Sua complexidade não linear não pode estar a serviço do interesse funcional daqueles que pretendem controlá-lo por meio de sistemas de escaneamento, análise de padrões e replicações de funcionalidades. O reducionismo de Descartes (visão cartesiana, fragmentada, seccionada da Vida), reforça o padrão mental dos idólatras da neuroanatomia cerebral que enxergam em seu funcionamento a resposta absoluta para o controle da vida e mais uma vez distanciam-se da Totalidade do Ser, da Visão Sistêmica e Holística do Todo da Vida. Intuição, Fé, Esperança, Lembrança, Empatia, Compaixão, Solidariedade, Amor, por mais que venham a ser imitados, por uma reprodução andrógena, nunca será genuína. Consciência é algo que remete a existência e a repetição de muitos fenômenos mentais. Com base na enciclopédia de filosofia da Universidade de Stanford, é consciente o sistema cognitivo que sente e reage ao mundo. Além de estar consciente por si, precisa estar consciente de que está consciente. Seria este o caso dos sistemas holográficos que prometem o “brain upload” nome dado a transferência da mente humana para um Computador Quântico? Um Peixe tem Consciência? Se tiver, ele tem Consciência de que tem Consciência? O mesmo se aplica a IA ! Daí a imensa diferença entre Inteligência Artificial e Inteligência Espiritual!
Assim, como o despertar para a importância da Inteligência Espiritual integrando a Inteligência Intelectual e a Inteligência Emocional é urgente nas relações humanas, ela urge também para ressignificar os avanços tecnológicos. É preciso responder ao questionamento quanto ao Propósito disso tudo. São legítimos os motivos para tanto investimento? O que de fato os defensores do Transumanismo pregam mas parece uma apologia ao Criacionismo Digital do que propriamente o desenvolvimento de uma Humanidade no sentido mais amplo.
Namastech!
Na Índia, a Reverência com as Mãos Justapostas, “Namastê”, para além de um simples cumprimento, tem um Valor Profundo e Sagrado: “O Divino que há em mim, Reconhece e Reverencia o Divino que há em Você”. Nesta Jornada Terrena, com 25 anos no comércio internacional (graduação) e 20 anos atuando no segmento de Tecnologia (Pós-Graduação), associados a uma prática meditativa há 32 anos no percurso terreno, exercito a experiência global e o foco tecnológico no desenvolvimento de meu Propósito de Vida. Este Blog é parte desta entrega e de minha convicta certeza de que a Plenitude se manifesta com o Servir amoroso e assertivo ! Na medida em que a velocidade exponencial dos avanços disruptivos anunciam um Mundo Novo, assumo a responsabilidade do que chamo de “Namastech”, ou seja, a percepção da alma e da essência por trás de qualquer tecnologia que se pretenda “revolucionar” a Vida” É o “Namastê” na Tecnologia, a Alma antes da Máquina.
Que a Poesia, a Música, a Delicadeza e a Exuberância da Natureza nos Salve a Todos, antes que um Protagonismo Teleológico Robótico nos convença de idolatrar uma “Divindade Artificial”. Por hora, fico com o Poeta Vander, nesta Mensagem de “Alma Nua”: Viver Menino, Morrer Poeta !!