No Artigo anterior desta série apresentei o poder das “Foodtechs” e das pesquisas e desenvolvimentos científicos na mudança radical dos paradigmas relacionados à produção, distribuição e consumo de alimentos em âmbito global. Apontei a mudança no jogo da proteína animal, evidenciando que o controle está mudando de ãos. Alertei para o fato de que países como o Brasil, maior exportador do mundo neste segmento, precisam urgentemente despertar para o fato de que o pasto ou o confinamento tenderão a ceder espaço para a reprodução celular e isso inclui uma perda de competitividade sem precedentes se nada for feito para acompanhar o impacto disruptivo das novas tecnologias. Elas já dão conta de reproduzir carnes bovinas, suínas, avícolas em laboratório, à partir das células destes animais. A proteína animal, segundo especialistas, movimenta um mercado global de US$1,4 trilhões. Os argumentos ambientais contra o atual modelo da indústria pecuária, conforme demonstrado, ganha diariamente apoios, desde recomendações das Nações Unidas, por dietas mais sustentáveis sem crne ao discurso ativista de artistas de expressão mundial como Joaquim Fênix, cujo discurso pela regeneração planetária enfatizou a justiça social e a preservação ambiental em seu discurso ao receber o Oscar de melhor ator em 2020 pela interpretação da personagem principal do filme “Coringa”. Sua crítica à indústria pecuária é acompanhada por milhares de seguidores e reforçada por outros artistas famosos vegetarianos ou veganos que reverberam o discurso da alimentação sem crueldade, sustentável e mais saudável, baseada em grãos e Plantas. É o caso de Brad Pitt, Madona, Beyoncê, Gwyneth Paltrow, Ariana Grande, Paul e Stella Mc Cartney, Kristen Stewart, Natalie Portman, Serena e Venus Williams entre outros.
Plant – Based
Vejamos a definição da Dra. Katherine D. McManus em seu Artigo para Harvard Health Publishing da Harvard Medical School, sobre uma dieta baseada em alimentação vegetal: “Os padrões alimentares baseados em plantas concentram-se principalmente em alimentos de origem vegetal. Isso inclui não apenas frutas e vegetais, mas também nozes, sementes, óleos, grãos inteiros, legumes e feijões. Isso não significa que você seja vegetariano ou vegano e nunca coma carne ou laticínios. Em vez disso, você está escolhendo proporcionalmente mais alimentos de fontes vegetais”.
Recentemente o ex Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, um dos maiores empresários do agronegócio brasileiro, acompanhou seu filho numa imersão no Vale do Silício, Califórnia. Este episódio é absolutamente relevante pois o “Conservadorismo” dos produtores brasileiros é muito forte, relutantes às mudanças. Grande parte deles se impressionou com aquilo que o colega mostrou em vídeos publicados em suas redes sociais. Maggi, provou o Nuggets de frango produzido em laboratório, comeu ovos mexidos feitos à partir de uma espécie de feijão de origem africana e diversas outras surpresas foram saboreadas deixando a impressão em suas declarações filmadas, de que é mesmo uma questão de tempo para o Plant – Based e a Clean Meat se tornarem tendências globais e que o melhor é se apressar pois o Brasil tem um grande potencial científico de adequação e competitividade para disputar nestes segmentos. Mesmo assim o desafio não será fácil, vamos conhecer melhor alguns dos “players” deste novo mundo? Quem desponta neste mercado que transforma aminoácidos, lipídios e minerais extraídos de plantas em bilhões de dólares na forma de salsichas e hambúrgueres?
A Beyond Meat, Startup que conta com o investimentos de Titãs do mercado internacional, como General Mills e Tyson Food, já está presente no Brasil em parceria com produtores agrícolas, cooperativas e redes de supermercados e estima que até 2024 terá equivalência de preços de seus produtos vegetais, comparados aos de carne animal. Afirma que além de não utilizar transgênicos, tem outros diferenciais em relação aos concorrentes deste mesmo segmento, entre outros, o fato de contar com uma equipe de 100 cientistas trabalhando na fronteira do conhecimento.
Correndo por fora, várias competidoras de peso, entre elas, a Impossible Foods, conta com mais de US$380 milhões em investimentos, tendo entre os seus apostadores, Bill Gates e os Fundos Temasek Holdings e Sailing Capital. Seus Hambúrgueres a base de plantas ganharam notoriedade desde que anunciaram o fornecimento global para a Cadeia de Fast Food, “Burguer King”. Quem prova o “Rebel Whopper” que consta no menu das lanchonetes brasileiras, se surpreende com a textura, o cheiro e o sabor de carne, mesmo não tendo qualquer origem animal em sua composição. A chamada carne mal- passada, que sangra, encontra similaridade na versão vegetal pois embora não haja hemoglobina presente, consegue-se obter à partir da fermentação de leveduras, a aparência de sangue. Já a Textura, vem de uma combinação de proteínas de batatas e soja.
Além das empresas globais, as prateleiras dos Supermercados já contam com alternativas brasileiras como o hambúrguer do futuro, Hamburguer da Mafrig (Frigorífico) etc.
Pesquisas apontam que o Brasil é o Quinto maior mercado do mundo para alimentos saudáveis. Nossa escala de consumo é imensa e não por acaso estes produtores globais vêm experimentar aqui no quintal do maior produtor e exportador de proteína animal do mundo, o poder de tração de seus produtos.
Segundo o GFI , sigla em Inglês para “The Good Food Institute”, a redução no consumo de produtos de origem animal, já alcança 29% dos brasileiros, ou seja, aproximadamente 60 milhões de pessoas, o dobro da população idosa do país(30%). A principal motivação é a Saúde. O Instituto cuja finalidade é estimular a produção de alimentos “Clean Meat” e “Planted-Base” no mundo, já se estabeleceu ativamente no país e tem trabalhado intensamente junto aos vários elos da cadeia de produção de alimentos, dando suporte às empresas para aumento da escala de produção e comercialização. Oferecem desde treinamentos aos produtores a palestras para órgãos governamentais à fim de facilitar as questões regulatórias e concorrenciais, além de aproximar o setor produtivo e acadêmico para o desenvolvimento contínuo de inovações. Em pesquisa aplicada no Brasil, com 9.132 pessoas acima de 14 anos, formularam diversas perguntaras aos respondentes sobre a redução na dieta à base de carne animal. Uma delas foi: “Qual é a sua opinião sobre pessoas que reduzem o consumo de origem animal? ” 21% consideram ser uma atitude sem sentido; 3%uma atitude negativa e 76% tratar-se de uma Atitude Positiva. Recentemente lançaram um interessante relatório sobre a Indústria de Proteínas Alternativas no Brasil que apresenta o imenso potencial deste mercado. Para acessar o documento, basta clicar neste Link: https://bit.ly/2PBQN0X
Diversos países, correm para alcançar os pioneiros neste “Universo Paralelo” do Plant – Based. O Governo do Canadá anunciou no último 22 de Julho, investimento de aproximadamente R$500 milhões no desenvolvimento de proteínas veganas para estimular a pesquisa, o desenvolvimento e a inserção de seus empreendedores nesta corrida pela alimentação saudável com preservação ambiental. O Primeiro-Ministro Justin Trudeau, de olho na geração de emprego e renda, ao contrário de outros países propensos a ceder ao lobby agropecuário, acredita que o país poderá se tornar um dos líderes na produção e exportação de proteínas vegetais. “À medida que as pessoas ao redor do mundo consomem mais produtos à base de vegetais, temos a oportunidade de conciliar inovação e plantio”.
No próximo capítulo desta Série vamos falar das Biofábricas, da Agricultura de Precisão e dos novos modelos de produção de alimentos. Até lá, Saúde e Bom Apetite para Você!
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