Série: “O Futuro Fértil da Alimentação”, Parte 1 – “Clean Meat”

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O Futuro Fértil da Alimentação – “Clean Meat”

Há uma célebre frase de Sir Winston Churchill, pronunciada em 1931: “Devemos escapar do absurdo que é criar um frango inteiro apenas para comer um peito ou asa”. Claro que o contexto era metafórico, mas neste Artigo, você leitor (a), saberá como a ciência e a tecnologia avançaram e o papel central das “FoodTechs” no foco da alimentação!  Churchill, certamente ficaria arrepiado!

De tecnologias sofisticadas, ao consumo consciente diversas motivações movimentam o cenário global de alimentos e o que vem pela frente, além de disruptivo é inimaginável! O Desafio colocado envolve US$ bilhões, um arsenal imenso de novos equipamentos, métodos, pesquisas, novos materiais, milhares de cientistas, startups, empreendedores e um variado conjunto de soluções capazes de corresponder a futura demanda de aproximadamente 9,7 Bilhões de habitantes no Planeta, já em 2050 (Relatório das Nações Unidas de 17/06 de 2019). O salto exponencial previsto no consumo, preocupa uma vez que o atual modelo de produção é insustentável em todos os sentidos: exploração abusiva dos recursos naturais e dos animais via desmatamentos, poluição das águas, alteração climática, intervenções genéticas reprodutivas, alto índice de processamento em detrimento da qualidade nutricional e da saúde humana, entre outros.

No jogo pelo controle dos novos meios de produção e das cadeias globais de valor no segmento de alimentos, 3 Movimentos destacam-se no cenário internacional pelo impacto nos atuais paradigmas humanos na forma de produzir e consumir diariamente: Movimento Clean Meat, Plant Based e Biofábricas. Nesta publicação apresento 1 dos 3 Movimentos e trarei os demais a posteriori: “Movimento Clean Meet” – Reprodução de células animais, decretando o fim dos criatórios e abatedouros. Os líderes da reprodução de carne em laboratório, sustentam que a pecuária moderna não incluirá o processo de criação, confinamento, abate e distribuição como conhecemos. Argumentam que esta forma arcaica impõe crueldade animal há mais de 250 mil anos, desmatamento incontrolável de áreas verdes, incluindo centenas de milhões de hectares mundialmente: são queimadas, para fazer pastos e produzir grãos (70% para engordar animais). De fato, os incêndios em regiões amazônicas e mais recentemente no Pantanal brasileiro, demonstram este fato. Afirmam que 1Kg de carne consome cerca de 10 mil litros de água, alcançando proporcionalmente 50% da água potável disponível, que muitos milhões de toneladas de dejetos animais são lançados diariamente no lençol freático ao redor do mundo, sem o devido tratamento, que a flatulência dos bovinos é por comprovação científica, uma das mais agressivas à camada de ozônio (30% de toda emissão planetária). Assim, inicialmente desacreditados, investiram centenas de milhões de dólares em pesquisas no Vale do Silício,  alcançaram avanços concretos, com a reprodução de carnes de aves, bovinos e suínos. Quem aposta neste jogo? Algumas celeridades empresariais e Corporações, apostam e farão o máximo para maximizar seus lucros, assumindo o controle da proteína animal em larga vantagem sobre os céticos que contemplarão a mudança do controle de suas fazendas para laboratórios globais. É possível que tenham que ceder e pagar Royalties pelo direito de explorarem o novo modelo, caso não despertem para o fato de que o Campeonato já está lá na frente e estamos levando de 7×1. Sim, as lideranças pecuárias com as quais interagi, insistiram em fazer piadas sobre o assunto e não há ninguém medindo o impacto social que virá pela frente na desmontagem do gigantesco sistema produtivo e logístico do país, dedicado a este segmento. Para mostrar que isso não é ficção científica, materializo estes indicativos com a menção de alguns dos apostares, chamando a atenção para os bilionários dos bits e bytes, ao lado das gigantes globais do setor de alimentos: Bill Gates, que afirmou: “A Transformação da Carne é um setor da indústria de alimentos que está preparado para inovação e crescimento”, Marc Benioff, co-criador da Sales Force, Sergey Brin, co-fundador do Google, Peter Thiel, co-fundador do Pay-Pal e Richard Branson, fundador da Virgin, que afirmou: “Eu acredito que em cerca de 30 anos, não será mais necessário matar animais e toda carne será de origem vegetal ou carne limpa(clean meat), tendo o mesmo sabor, mas sendo muito mais saudável para todos”,  além da Tyson Foods, General Mills, Pinnacle Foods, Kraft Foods, Unilever etc.

Será que os Líderes da Pecuária brasileira estão mesmo seguros, de que isso tudo é besteira e que nossas vantagens competitivas são imbatíveis?

Por precaução, volto a perguntar: Quem no Brasil está a medir cientificamente, o impacto social desta mudança disruptiva na pecuária, na hipótese do jogo virar e a hegemonia setorial mudar de mãos? Quanto do PIB de nosso país, será atingido? Quantos empregos comprometidos? Quais políticas públicas estão sendo engendradas para mobilizar o nosso meio acadêmico e empresarial para corresponder a esta competitividade?

Um dia uns pequeninos japoneses foram enxotados de fábricas, de relógios na Suíça. Consideraram um devaneio e uma petulância, àquela gente conhecida na época por sua baixa qualidade de produtos e reduzida inventividade, bater-lhes à porta para oferecer o que chamavam de tecnologia para os “Relógios do Futuro”. Um absurdo para o paradigma dos líderes globais, ouvir sobre a inovação pretendida, chamada quartzo, que evitaria a necessidade permanente de ter que “dar corda” e ajustar as horas, pois este ajuste seria automático e ininterrupto. Levaram pés nos traseiros. Acontece que insistiram e foram tentar vender suas engenhocas nos Estados Unidos e alguém resolveu apostar e investir. Nascia a gigante Seiko enquanto da noite para o dia, um berço esplêndido de anos ruiu e milhares de trabalhadores suíços ficaram desempregados. Isso ocorreu na década de 70. Curiosamente, com o advento do Celular, a mesma indústria de relógios corre para se reinventar pois a telinha é o novo modo com o qual a humanidade se orienta diante do “Deus Cronos”. Como dizia Cazuza: “Eu vejo o Futuro repetir o Passado.. o Tempo não para”  e a Vida também não, Desperta Brasil!

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2 thoughts on “Série: “O Futuro Fértil da Alimentação”, Parte 1 – “Clean Meat”

  1. A importância da conscientização sobre o sacrifício desnecessário de nossos irmãos de jornada é fundamental!
    Quem vos fala é um carnívoro que tem aprendido muito, mas que principalmente tem muito a aprender!
    A necessidade de consumo de carne, na minha leitura é apenas hábito, e sei na prática que isso é perfeitamente mutável, basta estar disposto!

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