O Parque da Cidade é possivelmente o ambiente mais fotografado de Brasília. Apesar de a capital atrair muitos turistas maravilhados com sua arquitetura e monumentos, no Parque, não só os turistas, mas são os frequentadores habituais que estão sempre registrando momentos, fazendo selfies e poses por todo lado.
Há algum tempo, também fotógrafos profissionais, normalmente identificados com coletes amarelos, se distribuem em vários pontos, sentados em seus banquinhos, empunhando máquinas superpotentes para registrar o movimento de pessoas, principalmente dos atletas. São os fotógrafos de plataformas digitais que disponibilizam os registros em sites de fotografia para quem deseja adquirir imagens de qualidade.
Outro dia me aproximei de um fotógrafo para entender um pouco sobre o trabalho, quando conheci Oseas. Ele é carioca, morou em Brasília quando criança e voltou há 10 anos. Morador da Asa Norte, é casado, pai de 5 filhos. Aposentado, trabalhava em outra área, tornou-se fotógrafo aos 40 anos e é especialista em fotos esportivas. Mas a sua relação com a fotografia é ancestral, pois desde cedo observava o trabalho do pai, fotógrafo de casamentos e eventos sociais. Formado em marketing digital, com pós graduação em fotografia e mestrado na área de cultura e pesquisa em audiovisual, Oseas se preparou bastante para se tornar fotógrafo profissional, fez vários cursos de fotografia e, além de registrar os atletas no Parque, ele é fotógrafo nos eventos esportivos que acontecem na cidade. Enquanto conversava comigo, não parou de fazer cliques. Muito religioso, ele apresentou sua visão especial sobre a criação do Parque.
Perguntas para Oseas:
P- Você trabalha aqui como fotógrafo freelancer ou trabalha para a Foco Radical?
R- A Foco Radical disponibiliza o site pra gente colocar as fotos lá. Não somos fotógrafos da Foco Radical, utilizamos a plataforma deles para vender.
P- É tipo um uber?
R- É tipo um uber.
P- Quem quer adquirir paga pela foto?
R- Isso.
P- O que você mais gosta de fotografar?
R- Eu faço agora esportes, atletas.
P- O que não é fácil, porque você fotografa pessoas em movimento. Você tem alguma dica pra fotografar pessoas em movimento?
R- Tem que saber configurar a máquina, fotos com celular, máquinas simples, não fica bom.
P- Essa sua máquina é super, hein?
R- É uma das melhores, uma Canon.
P- Você é frequentador do Parque?
R- Sou frequentador do Parque desde criança, quando morei aqui pela primeira vez.
P- Voltou pra Brasília e passou a frequentar novamente?
R- Sim, com meus filhos, no Nicolândia, já pratiquei esporte aqui, corrida, ciclismo.
P- O que você acha do Parque?
R- Aqui é excelente, eu sou carioca e um dos pontos fortes daqui é a segurança. Já vim correr até de noite, é seguro, bem iluminado. No Rio de Janeiro você não vê isso.
P- Você gosta de alguma parte especial do Parque?
R- O que me marca é aquele foguetinho. Eu tenho foto com aquele foguetinho, aos 4, 5 anos de idade, aquele parque é muito bonitinho, acho muito legal, lembra a minha falecida mãe, que me levava lá na minha infância.
P- Então você usa o Parque como lazer e pra trabalhar?
R- Sim, eu venho com a minha esposa e com meus filhos, pra lazer e venho pra trabalhar.
P- O que você acha de trabalhar aqui, sentado debaixo de uma árvore, fazendo o que você gosta?
R- É muito bom, eu exploro bastante a fotografia aqui, me especializei bastante.
P- Você chega a ficar quantas horas aqui?
R- Uma 4 a 5 horas.
P- Então você tem uma boa observação do Parque, das pistas, tem alguma coisa que lhe chama atenção?
R- O verde aqui é muito bonito.
A fotografia aqui no Parque é recente, começou basicamente no ano retrasado e a maioria das pessoas, vamos dizer que 95%, gosta. Mas muitas pessoas não gostam e a gente respeita e não tira foto, ou se a pessoa fala que não, a gente apaga na hora, não tem problema. Mas a maioria gosta.
P- Sobre o Parque em relação à Brasília, o que você acha?
R- O Parque é uma área bem preservada, os fundadores pensaram no bem de todos.
P- E como é você, no que você acredita?
R- Eu sou evangélico, frequento a igreja sempre, e acredito que cada um tem o seu propósito com Deus e Deus com a gente. Então, eu acredito que eu esteja cumprindo esse propósito, fazendo o bem às pessoas, ao próximo, seguindo com a educação dos meus filhos, que também é importante.
P- Qual o seu recado para as pessoas?
R- Venham pro Parque. Quem não conhece, venha, vale a pena, é seguro.
E quando você está com pessoas que buscam o esporte você também se anima.
Deus tem o controle de tudo, Ele criou esse Parque através dos homens.
Toda vez que eu estou em um lugar, eu procuro ver as maravilhas de Deus e aqui, o céu de Brasília, essa combinação das árvores…
Estar no Parque, vendo as maravilhas de Deus e as coisas que Deus fez pra gente, esse ar puro, essa sombra que a gente está agora…
O Parque é uma criação de Deus, porque Deus tem o controle de tudo.
Nota: recentemente houve uma polêmica sobre os fotógrafos de plataformas digitais no Parque, a partir de queixas de visitantes que disseram se sentir “desconfortáveis” com os registros de imagens sem autorização. Assim, a Secretaria de Esporte e Lazer do DF realizou um acordo com os fotógrafos, no qual foram estabelecidas as regras que permitem as atividades no Parque de “forma sustentável para profissionais e usuários”. Foi criado um termo de compromisso para os fotógrafos e acordadas algumas medidas como sinalização no Parque com orientações sobre gestos e que indicam consentimento ou recusa para as fotos. Leia mais aqui.