“Esse Parque é tudo para Brasília”

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Eduardo Domingues, cerimonialista, locutor e jornalista / Foto CV abril 2025

Eduardo Domingues, conhecido como Dudu Domingues no meio de eventos esportivos, é cerimonialista, radialista e jornalista. Mineiro de João Monlevade, veio de Belo Horizonte para Brasília no ano 2000. Tem 60 anos, separado, 2 filhos, morador da Asa Sul. Trabalhou em rádio, editoras e TV em Minas, e atua como cerimonialista em eventos de governo e como narrador de eventos esportivos há 25 anos. Atualmente também faz curso de educador político e social em gerontologia na UnB, porque quer “aprender a envelhecer com qualidade de vida”.
Muito positivo, adora Brasília e o Parque. Amante de esportes, ativista de bicicleta como meio de transporte, sensível e emotivo, Dudu é aquele tipo de gente boa, contador de histórias, com quem você tem vontade de ficar conversando por horas, pois pode sempre aprender algo com ele. Com sua voz potente, às vezes embargada pela emoção, ele falou de sua experiência profissional com os esportes, alegrias, frustrações, e do trabalho como cerimonialista na capital.
Conheça mais uma pessoa valiosa do Parque da Cidade.

Eduardo é defensor da bike como meio de transporte / Foto CV abril de 2024

Perguntas para Eduardo:

P- Qual o seu objetivo com esse curso de Gerontologia na UnB?
R- Aprender com as pessoas que estão lá, pessoas inteligentes que têm mais experiência de vida. Nós estamos vivendo uma transição no país, o país está envelhecendo e a gente precisa aprender a envelhecer com qualidade, ouvindo mais do que falando.
P- Você se adaptou fácil aqui em Brasília?
R- Sim, em Brasília qualquer pessoa se adapta, aqui tem oportunidades, aqui tem pessoas inteligentes, como várias pessoas que estão aqui em volta, como grandes políticos, grandes esportistas, eu sou fã do Joaquim Cruz.
P- Como é a sua relação com o esporte?
R- Desde criança, sempre sonhei ser alguém no esporte. A princípio, como toda criança brasileira, eu queria jogar futebol, joguei muito, mas não deu. Aí acabei descobrindo o rádio, e através do rádio virei jornalista esportivo. Cobri Cruzeiro, Atlético, América, rodei o mundo. Já cobri Copa do Mundo, Jogos Panamericanos, e no Brasil inteiro já fiz evento, a Volta do Lago, do circuito Caixa, mais de 10 edições, as corridas de rua em Brasília, quase todas.
P- Você continua fazendo corridas?
R- Ainda faço algumas de vez em quando, tenho alguns amigos que me chamam, mas agora estou em outros segmentos, que me dão melhor renda e que eu gosto mais, os segmentos políticos, públicos.
P- Como assessor?
R- Não, como cerimonialista e mestre de cerimonias. Eu faço eventos do Detran há 12 anos, sem ser do quadro, faço os eventos do Ministério da Saúde há 15 anos sem nunca ter sido de lá, faço eventos da Presidência da República, sem nunca ter sido de lá. É uma forma de me inserir no mercado, Brasília dá oportunidade.
P- Para ser cerimonialista, você precisa falar línguas?
R- Não propriamente, mas é fundamental que você tenha conhecimentos básicos de inglês, espanhol, francês e do que você puder. Existe uma lei de cerimonial que fala que a locução tem que ser feita na língua do país de origem. Nós estamos no Brasil, então nós temos que falar bem o português. Claro, se tiver um documento, um título, um teaser em inglês, é minha obrigação poder passar corretamente com uma boa dicção, com uma boa pronúncia, o inglês. Eu sou autodidata em inglês e me safo bem. Porque todas as vezes que tem um evento gigantesco, e já fiz mais de 150, existem as equipes de recepcionistas bilíngues, existem os tradutores simultâneos, toda uma estrutura, então a gente executa junto desses profissionais.
P- Nesses anos todos trabalhando como cerimonialista, tem algum evento memorável pra você?
R- Sim. O Congresso Mundial de Engenharia do Confea e do Crea-DF, em 2008. Eu coordenei todos os mestres de cerimonia, os melhores de Brasília, Estavam lá Heraldo Pereira da Globo, Roberta Nobre, Paulo Domingues, e outros que eu amo. Cometemos erros, acertos, mas nós fizemos o melhor congresso de engenharia do mundo. Foram 5 dias no Centro de Convenções. Nesse evento, recebemos engenheiros do mundo inteiro, e para mim estavam ali os homens mais inteligentes do mundo.
P- E afetivamente, um evento histórico pra você?
R- A Volta do Lago Caixa. Eu cheguei aqui e criei um novo estilo de locução das corridas de rua e ali eu fiquei mais de 11 anos ajudando o Ceará, a turma bacana, que são os coordenadores, e fiz a minha história ali. Conheci grandes amigos, conheci o Juvam Palmeira e tantos outros que ganharam e perderam, conheci a comunidade de atletismo de Brasília, conheci o Joaquim Cruz.
P- Isso quer dizer que, apresentando eventos, você entra também pra história de Brasília, né?
R- Os amigos dizem isso. São mais de 2 mil eventos.
P- Com certeza, é uma forma de ver, você participa, testemunha e ajuda a construir a história.
R- Eu conto cada dia como um evento, então são mais de 2 mil eventos em todos os segmentos, políticos, sociais, esportivos, onde a gente aprende muito e passa um pouco do talento da gente.
P- Você tem alguma preferência para narrar?
R- Eu narro futebol no Clube Vizinhança há 15 anos. Era uma frustração porque eu não consegui destaque como locutor de futebol e lá eu tenho esse destaque, todo mundo me conhece. Eu tô lá há 15 anos, é um futebol amador que eu narro igual a um futebol profissional, com vinheta, com música, com repórter profissional, locutor. E, se a gente está lá há 15 anos, é porque eles gostam.
P- Era seu sonho então, narrar futebol?
R- Eu já narrei uma Copa do Mundo,15 minutos do jogo Brasil e Argentina, que o Canídea ganhou do Brasil e aí eu fiquei conhecido como locutor “pé frio” e isso deu uma quebra, mas faz parte, foi na Itália.
P- E me fale sobre a sua própria relação com o esporte, você é praticante?
R- Sim, eu ando de bicicleta diariamente, sou cicloativista, nunca dirigi na minha vida, não gosto de dirigir, escolhi aos 21 anos não dirigir veículo automotor, Então só ando de bicicleta e a pé, de taxi, de helicóptero e de avião, mas não dirijo.
P- Você vai pra todo lugar de bike?
R- Não, quando eu tenho que trabalhar eu vou na beca, então vou de taxi, uber, ônibus, porque tenho que ir nos hotéis, nos ministérios, vivo a minha vida honestamente.
P- O que falta para Brasília se tornar uma cidade mais bike friendly (amigável para bikes)?
R- Falta a gente evoluir com educação para o trânsito. Eu sou locutor do Detran e ouço os especialistas falarem isso. O pedestre é o guia de toda relação no transito, porque ele é o mais fraco. Então nós precisamos respeitar o pedestre, o ciclista, os carros pequenos, os caminhões, os ônibus, e cada condutor precisa ter a sua consciência do seu limite, de até onde ele pode ir e assim o trânsito será melhor.
P- Sua relação com o Parque vem desde que você chegou a Brasília?
R- Eu nasci numa cidade pobre, de uma família pobre, em que viver no quintal, no meio do verde, era o nosso dia a dia. Quando descobri esse Parque, eu amei. Venho aqui 4, 5 vezes por semana, de bicicleta, às 6 horas da manhã. Dou uma volta, vejo os amigos, e vou embora trabalhar.
É isso que me dá longevidade, sou magrinho com 60 anos, tenho uma boa saúde, levo uma vida social ativa e acho que isso é qualidade de vida.
Esse Parque é tudo pra Brasília, quem não descobriu, venha pra cá, isso aqui é maravilhoso, aqui eu fiz grandes amigos, e vou fazer novos amigos, como estou fazendo com você.
P- Quais momentos que marcaram você aqui no Parque?
R- O primeiro dia que eu cheguei. Eu conheci esse cara (o Joseimar , vendedor de coco), vim tomar um coco, e ele falou assim: “encoste em mim que eu vou lhe apresentar Brasília”. Eu era um jornalista, que não conhecia ninguém, cheguei de BH, Ele me apresentou Brasília e virou meu amigo. Aqui no Parque ele é a minha referência como amigo.
P- E o que lhe guia na vida?
R- Família, respeito, dignidade, honestidade, os valores que aprendi com o meu pai, que era um homem bacana, morreu aos 98 anos de idade, e vai ser sempre pra mim o meu norte.
P- É no que você acredita?
R- É, sempre. Os valores a gente aprende do 0 aos 6 e a execução desses valores a gente vai até o fim da vida. A gente precisa exercitar os valores de respeito à natureza, de respeito ao ser humano, de respeito aos animais, de respeito à vida, às regras das grandes cidades e assim a gente vai construir um mundo melhor.
P- Uma frase sobre o Parque.
R- O Parque é oxigênio, é vida.
P- Qual o seu recado ou conselho para as pessoas viverem melhor?
R- Viva cada dia como se fosse o último. Não adianta voltar ao passado, não adianta prever o futuro, viva o dia a dia, se você for feliz hoje, você será feliz sempre.

Na bike, o pedido de respeito ao ciclista / Foto CV abril de 2025

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