Miguel Galvão, criador do Picnik, criador do Picnik

Economia criativa em alta no DF

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O Calçadão da Asa Norte abriu as portas, em 2012, para o Picnik. Após uma década em atividade na cidade, o festival open air se mantém como uma referência para moda, arte, música e gastronomia. O evento é considerado uma plataforma dinâmica e multicultural, responsável por proporcionar um ponto de encontro fértil para novas tendências, assim como a divulgação de artistas de variados nichos. 

Até o momento, já foram realizadas 37 edições, que passaram por locais emblemáticos de Brasília. Entretanto, o festival não se limita apenas à capital, visto que São Paulo e Goiânia também já receberam o evento. A cidade paulista recebeu o projeto uma vez, enquanto a região goiana abrigou cinco vezes a iniciativa candanga. 

“A ideia do Picnik surgiu em 2010, após grandes desilusões com o mercado cultural noturno. Entendi que era importante criar uma oportunidade de encontros diurnos, onde as pessoas pudessem interagir de forma saudável e construtiva entre si e com os espaços públicos, tendo como filtro conceitos e valores existentes no projeto e não a questão financeira”, explica Miguel Galvão, criador do projeto. 

O empreendedor indica que eventos como o Picnik são essenciais para uma cidade. No caso do Distrito Federal, a iniciativa foi capaz de conectar a região com a sua essência e possibilitou o acolhimento e a aproximação das pessoas.  “Além disso, o Picnik contribui com a economia e arte do DF, criando uma potente e eficiente vitrine dos que fazem cultura na cidade, seja em forma de uma camiseta, de um show ou de um prato de comida”, informa. 

Considerado o maior canal de distribuição da economia criativa da região Centro-Oeste, o evento traz a possibilidade de expandir ações, projetos e iniciativas. A próxima edição, prevista para o mês de abril, será realizada junto com a celebração do aniversário da cidade. 

Entretanto, há novidades saindo do papel: “estamos negociando com a Claro, no início do ano, umas experiências menores, que chamamos de Boutique, e que visa apresentar a um público menor as essências e princípios do projeto”, adianta. Além disso, Galvão ressalta que pretende-se apresentar, nos próximos meses, junto à Lei de Incentivo à Cultura (LIC) e aos patrocinadores do evento, um projeto que envolve a revitalização das escolas públicas. 

“Com movimento de reconexão da população dentro de uma abordagem ‘estilo Picnik’. Era para ter saído há uns anos, mas a covid-19 não permitiu. Torço para que a ideia seja bem recebida com a esperança e confiança devida”, pontua. 

Economia Criativa 

Além de ser o fundador do Picnik, Miguel Galvão também é vice-presidente da Câmara de Economia Criativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio/DF). Criada em novembro de 2019, o grupo trabalha pelo estímulo de todos os segmentos que compõem a economia criativa: artesanato, publicidade, produção de eventos e audiovisual. 

Na Fecomércio/DF, a Câmara tem sido um braço institucional para a organização e representatividade do setor. “Com cerca de três anos, conseguimos viabilizar recurso para financiar pesquisa inédita na América Latina sobre o tema, desenvolvida pela Universidade Católica de Brasília, além de ter sanado, após atuação persistente, vários entraves da Lei de Incentivo a Cultura do DF (LIC)”, comenta. 

Galvão pontua que também houve uma atuação marcante da Câmara dentro do Viva W3, programa de revitalização da avenida, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Governo do Distrito Federal (SEGOV). Para ações futuras, é previsto colocar em prática a Lei de Incentivo (LIC) ao Turismo Criativo junto à Secretaria de Estado de Turismo do Distrito Federal (SETUR/DF). “Também vamos criar a temporada de festivais, a fim de promover a cidade, levando o nosso calendário festivo para todo o país”, diz. 

Na percepção de Galvão, a economia criativa possui um caminho positivo dentro da sociedade, especialmente por se tratar de uma matriz de emprego limpa, baseada em capital intelectual, com alta transversalidade e efeito multiplicador na economia.

“Porém, não podemos cair no clichê e achar que essa é a solução de todos os problemas. É muito importante garantir um ambiente acolhedor e competitivo. Se o Governo do Distrito Federal (GDF) se sintonizar, pode ser um indutor e catalisador muito importante, posicionando Brasília na liderança da América Latina”, avalia. 

Três perguntas para Miguel Galvão, criador do Picnik:

De que forma é possível fomentar a Economia Criativa?

Precisamos desenvolver um ambiente fértil e amistoso, onde o criativo se sinta estimulado a tirar suas ideias do papel. No momento, entendo que aliar o empoderamento teórico e técnico (via educação) com a prática é muito importante para as marcas e fazedores culturais conseguirem se estruturar. No entanto, ainda falta cultura empreendedora: muitos estão nesse mercado não por opção, mas sim por necessidade. 

Por que o Picnik se tornou um sucesso em Brasília?

Por se tratar de uma solução genuinamente candanga, que foi muito eficiente em sintetizar valores e cores de uma geração que tem alta conexão e orgulho da cidade que escolheu habitar. Uma turma que, ao invés de apontar e criticar, procura ousar, fazer e experimentar, com responsabilidade, respeito e equilíbrio.

Conseguimos associar a Economia Criativa ao Picnik? 

Sim, se trata do eixo principal do projeto, que é reconhecido uma das maiores plataformas efêmeras do país, envolvendo em um único evento mais de 200 empreendedores criativos/marcas diferentes e recebendo até 25 mil pessoas de público circulante. Preenchemos um papel que é essencial para a dinâmica do domínio, que é tido como um de seus principais gargalos: o de canal de distribuição.