Tag: animais
Ceia de Natal: Se quiser incluir seu bichinho na festa, invista em alimentos apropriados para pets. Assim, a Noite Feliz não terminará no veterinário
Os festejos de fim de ano culminam na grande ceia natalina. Todos sentados ao redor da mesa decorada e o pet só de olho, esperando a oportunidade perfeita de conseguir um pedacinho de peru ou de chester. É nessa hora que o coração amolece e o dono acaba cedendo. Não deveria: saiba que, nesta época do ano, a procura por atendimento veterinário aumenta cerca de 30%, sendo que uma das principais causas é a ingestão de alimentos “impróprios”.
A publicitária Ana Carolina Dias, 21 anos, sabe muito bem como é difícil negar pedidos da mascote, Nina. “Ela é uma gata, mas tem alma de cachorro. Nessas comemorações, fica sempre deitada em volta da mesa, encarando todo mundo como quem diz: ‘Você não vai me dar um pedacinho?’”, brinca a tutora. Muitas vezes, a gatinha reclama, mia e chora. Quando é assim, Ana prefere servir um pouco mais de ração para evitar qualquer deslize com comidas gordurosas. “É de cortar o coração vê-la pedindo um petisco, mas sei que é melhor não dar.” Alguns Natais atrás, o avô de Ana Carolina não resistiu aos encantos da gata e a serviu com um pedaço de tender. Na hora, foi só alegria. Mas, um tempo depois, Nina começou a passar mal e teve diarreia. “Desde então, eu proibi. Ninguém pode dar mais nada a ela.”
O médico veterinário Marcello Machado explica que os alimentos “festivos”, como peru e proteínas em geral, são muito gordurosos, temperados e repletos de sódio. Quando as pessoas os oferecem aos pets, eles ficam com a flora intestinal desregulada, o que pode ocasionar vômitos ou disenteria. “Os bichos têm uma alimentação muito regrada e se, de repente, isso muda, não é bom para eles.” O especialista confirma que as ocorrências do gênero se multiplicam no fim do ano.
Mas, afinal, quais são as comidas que os pets não podem comer de modo algum? Os panetones, tão característicos da época, devem ser evitados a todo custo. “As frutas cristalizadas e a massa da sobremesa têm muito açúcar, o que causa fermentação intestinal”, explica Marcello Machado. Chocotone está vetado, pois chocolate é altamente tóxico para os animais. A rabanada, além de doce, é frita e deve ficar longe das tigelas de cães e gatos. “É feita de pão, gordura, açúcar… Tem tudo que eles não podem comer”, ensina o veterinário.
Teoricamente, peru e tender podem ser servidos, mas em pequenas quantidades e sem condimentos gordurosos (molhos e temperos). É importante também atenção com os ossos, pois são quebradiços e podem perfurar o estômago ou o intestino do animal. Peixes são nutritivos, mas o bacalhau não serve para os animais, pois é muito salgado. Já a farofa tem amido em excesso, o que também oferece perigo. Castanhas e nozes são pequenas e parecem inofensivas, mas, na verdade, contêm excesso de óleo, o que pode desencadear a diarreia. E, atenção, macadâmia é altamente tóxica.
Da mesma forma, estão proibidos alho, uva passa, uva, cebola e cereja. “Quando falamos de alimentos tóxicos, o mais grave é a questão da diarreia severa. Ela leva à desidratação e o animal precisa ser internado para tomar soro. O verão e o calor contribuem para isso”, comenta Marcello Machado. Doces em geral também não são indicados aos bichinhos. Eles têm açúcar e podem causar fermentação intestinal, o que leva à dilatação do abdômen e a dor severa. Além disso, a sacarose afeta a dentição.
Ana Peixoto, 30 anos, é publicitária e dona do shih-tzu Chico. Adepto da alimentação natural, o cãozinho segue uma dieta rígida sugerida por sua nutróloga. Alguns petiscos, como frutas e ovo de codorna, são permitidos. Chico tem algumas restrições alimentares, como quiabo, cenoura e trigo, mas o apetite é inabalável. “Ele adora comer de tudo. O que der, ele aceita.” Assim, em épocas festivas, como Natal e ano-novo, Ana fica sempre de olho para Chico não extrapolar.
“As pessoas não entendem que, mesmo pedindo, há coisas que ele não pode comer.” Seu prato natalino favorito? Peru! Chico provou uma vez e, depois disso, pede sempre. Ana dá, mas nunca em excesso. Para ela, uma ótima opção nesses momentos são os alimentos especiais que o mercado pet oferece. “É interessante optar pelos produtos voltados para eles”, diz.
O médico veterinário Marcello Machado concorda: “São alimentos com aparência e aroma especiais, mas que são balanceados e oferecem benefícios.” Para evitar que os bichinhos ataquem a mesa da ceia, o ideal é nunca deixar a comida desprotegida, pois, a qualquer descuido, eles podem atacar.
Eis uma receita que tanto tutores quanto bichos podem comer (moderadamente):
Ingredientes
100 g de frutas secas (exceto uva-passa) sem açúcar
100 g de nozes, amêndoas ou castanha-do-pará
100 g de coco seco ralado sem açúcar
2 colheres (sopa) de melado de cana
2 ovos
125 g de farinha de trigo integral
2 colheres (sopa) de farinha de rosca
Um pouco de água morna
Modo de preparo
Coloque as frutas secas de molho por 30 minutos em água. Pode ser figo, banana, maçã, damasco, mamão etc. A uva-passa está proibida. Em seguida, escorra a água e corte em pedaços. Misture-as com os outros ingredientes, coloque um pouco de água morna e mexa até dar liga na massa. Deixe a massa descansar por 30 minutos. Pré-aqueça o forno a 180°C.
Coloque a massa em forminhas de minipanetones e asse por 40 minutos ou até o palito sair seco do bolinho.
(da Revista do Correio)
Bom pra cachorro: Estudiosos estão certos de que os pets podem compreender bem mais do que simples comandos humanos. Eles entendem os significados da fala do dono e até programas de tevê, feitos para eles
Chegar em casa e ver sapatos, sofás e paredes destruídas é uma cena muito comum para muitos tutores. Grande parte desses incidentes é resultado da ansiedade causada pela separação e a solidão durante o dia. Pensando em como acabar com episódios como esse, a Ease TV foi concebida para ser um entretenimento para os pets. A primeira televisão do Brasil feita para animais tem uma programação especial, desenvolvida para entreter os bichinhos o dia inteiro. O conteúdo é pensado para acalmá-los durante a ausência do dono. Na tela, aparecem as referências do mundo animal, como sons de uma savana africana e imagens de cachoeiras ou de humanos brincando com pets, por exemplo. A tese seria a de que os sons de filmes e atrações para humanos são barulhentas demais — com muitos gritos, tiros, por exemplo —, o que deixaria os animais ainda mais agitados.
Manuela Lima, 33 anos, descobriu o serviço pelo Instagram da Estopinha, figura famosa nas redes que tem como tutor Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal. “Queria que meus cachorros (Paolo Guerrero, Tuca, Jaspion e Graveto) tivessem entretenimento e ficassem menos ansiosos. Dizem que a programação, baseada em estudos, é agradável e interessante para eles. Achei a proposta interessante”, afirma a economista, que é assinante há três meses.
A grade de programação apresenta opções variadas: pet relax, para o animal relaxar e descansar; pet food, que estimula uma alimentação saudável; pet activity, que incentiva exercícios; pet nature, para instigar instintos e as lembranças da ancestralidade selvagem; pet with pet, com vídeos que encorajam um relacionamento amigável com outros animais; e o my pet, em que os tutores enviam vídeos de seus filhotes para serem transmitidos pelo canal.
O serviço existe há mais de um ano e tem mais de 5 mil assinantes. “A Ease TV, inspirada da Dog TV, um canal americano com mais de 1 milhão de assinantes e tem presença mundial”, afirma Tiago Albino, diretor executivo da Marq System, empresa de tecnologia responsável pela inovação.
Para quem acha que os cães e gatos não entendem nadinha das atrações, engana-se. “Os animais são capazes de interagir, sim, com a tevê. Utilizar o audiovisual para diminuir a ansiedade que o bicho sente por estar sozinho em casa é uma proposta muito válida. A grande questão é que não pode ser qualquer imagem”, explica Edilberto Martinez, veterinário comportamental.
“Os cães, por exemplo, enxergam 70 a 80 quadros por segundo, mas a televisão comum passa só 60 no mesmo período de tempo. Assim, eles assistem a nossos programas como se fossem uma apresentação de slides. A programação para bichos aumenta esse número, às vezes, ultrapassando 100 quadros por segundo”, acrescenta.
Eles compreendem
Produtos com conteúdo pensado para animais estão ganhando força. Pesquisadores da Eötvös Loránd University, na Hungria, desvendaram um pouco mais sobre como cães entendem o mundo e afirmam: eles não são muito diferentes do ser humano.
Esse é o primeiro estudo a investigar a forma como a fala é processada no cérebro dos caninos e mostra que os melhores amigos do homem se preocupam muito com o que e como dizemos.
“Durante o processamento da fala, há uma distribuição bem conhecida de trabalho no cérebro humano. O hemisfério esquerdo processa o significado das palavras, e o direito, a entonação. O homem analisa não apenas separadamente o que dizemos e como dizemos, mas também integra os dois tipos de informação para se chegar a um sentido unificado. Nossos resultados sugerem que os cães também podem fazer tudo isso e que eles usam mecanismos cerebrais muito semelhantes”, afirma o pesquisador Attila Andics, do Departamento de entologia da Universidade Loránd Eötvös, Budapeste. Isso mostra que, se um ambiente é rico em discurso, como é o caso dos locais em que vivem os cães de família, palavras podem ganhar sentido na cabeça dos bicho.
Os pesquisadores treinaram 13 cachorros para que eles ficassem completamente imóveis em um aparelho de ressonância magnética, um método não invasivo. Os especialistas mediram a atividade cerebral dos cães enquanto escutavam palavras do treinador. “Eles ouviam as palavras de aprovação, com entonação vibrante; palavras de aprovação em entonação neutra, e também palavras de conjunção neutra, sem sentido para eles. Nós olhamos para as regiões do cérebro que diferenciavam o significado das palavras com e sem sentido”, explica Anna Gábor, umas autoras do estudo.
Foi observado que o elogio ativa o centro de recompensa dos cães — região do cérebro que responde a todos os tipos de estímulos de prazer, como comida, sexo, carícias, música. É importante ressaltar que isso acontece apenas quando cães ouvem as palavras de agradecimento com entonação vibrante. “Isso mostra que um elogio pode muito bem funcionar como uma recompensa, mas funciona melhor se as palavras vêm com uma entonação que demonstre isso. Os cães não só distinguem o que dizemos e como dizemos, mas também podem combinar o dois, para uma interpretação correta do que essas palavras realmente significam”, explica Andics.
Os resultados do estudo também podem ajudar a tornar a comunicação e a cooperação entre cães e tutores ainda mais eficientes. “Nossa pesquisa lança nova luz sobre o surgimento de palavras durante a evolução da linguagem. O que torna palavras exclusivamente humanas não é uma capacidade neural especial, mas nossa invenção de usá-las”, Andics explica.
(da Revista do Correio)
Peludos: Certas raças de cães sofrem com o calor por causa do excesso de pelos. Aprenda a protegê-los das consequências do excesso de exposição solar.
Com a chegada do verão, os cuidados com os animais de estimação devem aumentar. A atenção ao sol e à hidratação do pet são essenciais, mas a pele e os pelos também exigem certa dedicação. Assim como as pessoas, eles precisam se adaptar ao calor. Pequenas alterações na rotina garantem a saúde dos mesmos. Nessa época do ano, os animais predispostos a reações dérmicas podem desenvolvê-las com mais facilidade, pois o calor intenso diminui a imunidade.Com a chegada do verão, os cuidados com os animais de estimação devem aumentar. A atenção ao sol e à hidratação do pet são essenciais, mas a pele e os pelos também exigem certa dedicação. Assim como as pessoas, eles precisam se adaptar ao calor. Pequenas alterações na rotina garantem a saúde dos mesmos. Nessa época do ano, os animais predispostos a reações dérmicas podem desenvolvê-las com mais facilidade, pois o calor intenso diminui a imunidade dos peludos.
Formado em medicina veterinária, Luis Carlos Pires, 28, é dono da golden retriever, Clara, que, além de sofrer de hipotireoidismo e hiperadrenocorticismo — problemas hormonais que têm manifestação também na pele —, foi diagnosticada com dermatite atópica.
Mais frequente em cães peludos, os sintomas da alergia se iniciam, normalmente, durante os três primeiros anos de vida do animal, sendo as lesões na pele as principais manifestações. Clara, por exemplo, é tratada da dermatite com alimentação natural e acupuntura e, apesar de a resposta aos medicamentos ser boa, durante o verão a coceira é intensificada. “A vermelhidão na pele também piora nos dias mais quentes, por isso, procuro fazer a tosa coincidir com as épocas de altas temperaturas”, comenta o tutor.
Entre os cuidados no verão, Luis Carlos opta por usar sabonete especial de germe de trigo, que não causa irritação à pele. Após o banho, um hidratante de uso veterinário ou sabonete a base de neem (planta asiática que possui atividade curativa) também auxiliam nos cuidados. “Costumo dar pedaços de maçã, banana e pepino nos dias mais quentes, pois eles aliviam o calor e ainda ajudam na limpeza dos dentes.” Apesar de a prática não ser padrão para a raça de Clara, os pelos são sempre tosados para facilitar os cuidados e a visualização da pele.
A dermatóloga veterinária, Bruna Rezende, reforça que o calor pode desencadear novas alergias ou piorar as já existentes. “Se o bichinho estiver se coçando muito, é bom ficar atento e levá-lo ao veterinário.” Por ser uma época de fácil transmissão de doenças como fungos e sarnas, o ideal é que cada pet tenha seu próprio kit para banho, com toalha e escova de pelo.
Cães albinos ou de pele branca merecem ainda mais atenção durante a estação. Devido ao calor intenso e a pele mais sensível, doenças como queimaduras são um grande perigo. Dessa forma, os tutores devem sempre manter os pets longe da exposição ao sol, mesmo que, devido à falta de calor no corpo, eles insistam em ficar.
A border collie, Mel, sofre no verão. A grande quantidade de pelos levou a tutora e estudante Renata Bernabé, 23, a optar pela tosa. “Eu gosto de tosá-la porque ela fica muito ofegante quando faz exercícios. Como a pelagem é muito longa, dá para perceber que ela se sente mais confortável.” O pelo mais curto facilita a troca de calor, que acontece por meio do contato do corpo com o chão e principalmente pela respiração do animal. Tosar é, sim, uma ótima opção para os cães que ficam do lado de fora de casa. Porém, animais que possuem pelagem dupla — pelo e subpelo —, não devem ser tosados muito curto, pois há o risco de os pelos não crescerem normalmente outra vez.
Recentemente Mel apresentou algumas lesões no focinho, e Renata, desconfiando do calor em excesso ser a causa, levou a cadela ao veterinário. Após a consulta, a recomendação foi para que Mel não ficasse exposta ao sol entre 10h e 16h. “Sempre evitamos brincar com ela por volta das 12h, porque os cães têm mais dificuldade de controlar a temperatura corporal, o que pode levar à hipertermia (elevação da temperatura do corpo).” Mesmo com toda a preocupação, Renata não evita cuidados extras — quando a brincadeira é no sol, a tutora costuma molhar um pouco o corpo de Mel para ajudar na termorregulação (regulagem da temperatura do corpo). Além disso, Renata se mantém sempre atenta a solos muito quentes, para evitar que machuque as patinhas da pet.
A dermatóloga veterinária Carolina Ferraz afirma que queimaduras nos coxins — parte fofinha da pata do animal — são muito comuns em dias de sol forte. “É muito importante escolher horários mais frescos para os passeios, assim, a hipertermia e esse tipo de lesão são evitados.” Caso o dono desconfie de alguma reação devido ao calor, vale verificar os espaços interdigitais (entre os dedos), a fim de procurar por áreas de vermelhidão. “Sempre procure um médico veterinário de confiança logo nos primeiros sintomas”, ressalta Carolina. Para os que gostam de vestir os pets, a indicação é que o animal use as roupinhas somente para dormir. Se ele passar muito tempo com a roupa no calor, o corpo pode superaquecer e, na pior das hipóteses, levar o animal a óbito.
Temperatura subiu?
Evite longas caminhadas, principalmente no período entre 10h e 16h, quando o sol está mais quente.
Fique atento às pulgas e carrapatos que, durante o verão, são de fácil proliferação.
Sempre deixar o pet em um espaço que tenha bastante sombra e água fresca.
Evite viagens longas ou mantê-los dentro de um carro parado.
Sempre disponibilize água fresca para o pet.
A tosa é uma ótima opção para aliviar o calor e evitar a contaminação por parasitas.
Evite o uso de perfumes para não desencadear alergias.
A frequência ideal de banho é a cada 15 dias.
Cuidado com brincadeiras na piscina! Caso o animal beba muita água com cloro, problemas gastrointestinais podem ser desencadeados.
(da Revista do Correio)
Bazar solidário: Com a morte da protetora Suzane Faria, há dois anos, quatro gatinhos dividem o dia a dia num hotel à espera de uma nova família. Dificuldade de encontrar adotantes angustia o grupo Salvando Vidas, que vai promover bazar especial para custear despesas com os animais
(por Kátia Marsicano, especial para o Blog Mais Bichos)
Dizem que os olhos são a janela da alma. Mas, quando os olhos são felinos, certamente, a janela conduz a um universo muito mais profundo e transparente. Esta é a certeza que se tem quando nos deixamos hipnotizar pelo olhar de Tati, Lia, Daniel e Manoel. Há dois anos, pode-se dizer que eles só têm uns aos outros. Amanhecem e anoitecem juntos, procurando entre si o conforto que supra a ausência de quem mais os amava.
A psicóloga e protetora Suzane Faria os tirou da rua, cuidou, alimentou e fez tudo o que podia por eles – e por tantos outros – até ser vencida por um AVC que deixou, entre tantas consequências, a presença insubstituível na vida dos animais que dependiam dela.
Os quatro gatinhos que esperam há tanto tempo pela adoção passam longe do padrão utilitarista da grande maioria das pessoas que querem adotar. Não são filhotes fofinhos e brincalhões, não têm raça, não dão status e muito menos requerem cuidados especiais em pets de classe média. Pelo contrário. Precisam de doses extras de amor. São lindos e serenos adultos, que carregam em suas histórias as marcas do sofrimento que enfrentaram nas ruas e agora a dor de não ter uma família.
Desde que Suzane morreu, em março de 2014, estão hospedados em um hotelzinho, na região do Jardim Botânico. Hoje, a proprietária Beta Jabor é a pessoa que mais conhece a personalidade de cada um. “São comportamentos bem diferentes”, conta ela. “A Tati é muito carente, ao contrário do Manoel, do Daniel e da Lia, que são mais reservados e preferem observar a gente à distância”. O resultado é a convivência solitária que, apesar de todos os esforços, tem se prolongado muito. O que deveria ser temporário aos poucos parece se consolidar, determinando o destino dos quatro a uma vida sem lar.
Tati, por exemplo, uma escaminha totalmente sociável e meiga, tem cistite idiopática, uma doença normalmente causada por situações de estresse e que levam o bichinho a sentir dor na hora de urinar. Lia, a frajolinha recatada, não é menos sensível. Chegou a ser adotada por uma família mas a adoção não se consolidou e ela foi devolvida ao hotelzinho. O resultado foi perda de peso e uma severa falta de apetite que se estenderam por vários meses até ela se recuperar.
Manoel (pretinho) e Daniel (tigrado) são tranquilos, mas precisam de tempo. Do tempo felino. Porque, como diria Arthur da Távola, em sua Ode ao gato, eles não se relacionam com a aparência – vêem além, por dentro e pelo avesso. Relacionam-se com a essência. Os dois requerem dedicação e muito afeto sincero até serem conquistados e adquirirem a confiança em um novo ambiente e com pessoas diferentes.
Doçura – Além dos quatro gatinhos que vivem no hotel, outra que também está à espera de uma oportunidade de ser adotada é a Cris. Diagnosticada com Felv, o vírus da leucemia felina, encontrou acolhimento em um lar temporário especial. Dócil e meiga, não desenvolveu a doença e está totalmente saudável e pronta para viver em uma família definitiva.
Angústia – Para Maria José Veloso -, ou Zezé, como é mais conhecida -, e Claudia Helena Guimarães, as companheiras de Suzane na proteção animal, fundadoras do grupo Salvando Vidas Protetores Independentes, o sofrimento e a angústia são constantes, principalmente pela impotência na luta pela busca de adotantes para os gatinhos. Encontrar pessoas dispostas a assumir a responsabilidade e abrir um espaço no coração e na vida para os bichinhos é como um sonho que se renova diariamente, apesar dos momentos de desânimo.
“Às vezes, me sinto devendo à minha amiga”, diz Zezé, que tem dedicado toda a renda da sua atividade de pet sitter e parte do salário para pagar a hospedagem e as despesas com ração, areia, medicamentos, vacinas, exames e consultas veterinárias. São mais de R$ 1.800,00 mil por mês, que, infelizmente, são dispendidos sem a colaboração das doações que durante muito tempo eram feitas para ajudar os animais. Regularmente, o grupo recebe apenas R$135,00. “O Salvando Vidas, por conta de toda essa situação está com suas atividades bastante limitadas, mas estamos sempre orientando as pessoas que nos procuram, encaminhando animais para castração, enfim, é o que podemos fazer neste momento”, afirma Cláudia. “Os bazares continuam sendo realizados para arrecadação de recursos, por isso todo apoio é muito bem-vindo”. Para quem não puder se candidatar a adotar um dos gatinhos, qualquer forma de ajudar está valendo: desde contribuições financeiras a doações de ração e areia. Além das despesas com os gatinhos, ainda está pendente o pagamento de dívidas em clínicas parceiras que atendiam os animais.
Para o ano novo que se aproxima, momento em que todos desejam o que há de melhor e renovam as esperanças, Cláudia e Zezé esperam apenas uma coisa: uma vida feliz para Tati, Lia, Manoel, Daniel e Cris. Se Deus quiser…
Serviço:
Bazar e Tarde de Tortas – Dia 3 de dezembro, das 9h às 17h, no salão de festas do Bloco H, da 215 Norte
Para conhecer Tati, Lia, Manoel, Daniel e Cris, contribuir financeiramente ou doar ração e areia.
Cláudia – cadi.hmg@hotmail.com
Zezé– veloso43@hotmail.com
Kátia – katiamarsicano@gmail.com
Não raramente, o pet acaba reproduzindo algo da personalidade do tutor. Mais surpreende é quando, de tão ligados um ao outro, acabam adoecendo juntos
Os dois estão sempre juntos e Ricky não disfarça o ciúme que sente: “Quando ele está comigo, não deixa ninguém encostar em mim.” Quando quer sossego, Carlos se aproveita da proteção do animal. “Na hora de ver tevê, eu falo: ‘Ricky, não deixa ninguém incomodar o papai’. E é isso que ele faz.” Se alguém tenta uma aproximação, o cãozinho fica feroz. Até a mulher de Carlos já se convenceu: um é a cara do outro. “Nós dois somos muito teimosos, não dá para negar. Sempre impomos o que queremos e, quando ele quer dormir, por exemplo, fica atrás de mim até eu me deitar também, senão ele não dorme. Quando ele quer comida, também fica pulando sem parar até conseguir”, diverte-se.“É comum ver bichos que são parecidos com seus tutores porque o convívio e a personalidade do tutor tem essa influência sobre o animal. Depende muito da criação, mas também do comportamento do pet”, confirma a médica veterinária Ana Carolina Amorim. Mas a ligação entre Carlos e Ricky vai além. “As pessoas falam que até o nosso jeito de andar é igual”, brinca. E arremata: “Acho supernormal desenvolver características parecidas tanto na feição quanto no jeito”. Como prova de amor, o aposentado, que tem medo de agulhas, superou a fobia e tatuou um retrato do melhor amigo no braço.Por vezes, essa sintonia parece influenciar na saúde. Não é raro que os pets adoeçam com os tutores. A médica veterinária Ana Catarina Valle, especialista em acupuntura e homeopatia, acredita que as mascotes são sensíveis à “vibração” dos humanos. “Certa vez, atendi um animal que estava com uma cistite de repetição que não melhorava com nada. A dona acreditava que a homeopatia poderia ajudá-lo e me procurou. De fato, em um primeiro momento, ajudou bastante. Porém, meses depois, a tutora ligou e disse que os sintomas haviam voltado”, relata. Desconfiada, a profissional voltou a investigar o caso e descobriu que a cliente também tinha cistite — tutora e mascote entravam em crise ao mesmo tempo, com sintomas muito parecidos. Estranho, né?A professora Pauline Maximiliano acredita ter vivido uma experiência que comprova essa ideia. Bonnie, sua mascote, estava com um problema de pele de difícil identificação. Depois de várias visitas ao consultório veterinário, a profissional que as atendia passou a questionar a ansiedade da professora. Resultado: Bonnie recebeu uma receita homeopática e Pauline foi aconselhada a cuidar do aspecto psicológico. “Fiquei mais tranquila e percebi que a Bonnie também ficou mais calma”, recorda. E assim, sem uma explicação perfeitamente racional, a dermatite da cadelinha foi superada.Já a veterinária Ana Carolina Amori sugere prudência para não superestimar esses laços. “As pessoas acham que os animais estão apresentando o comportamento igual ao nosso porque a tendência é humanizá-los. É importante enxergar que animal é animal, que ele tem suas próprias necessidades”, argumenta. Para ela, quando os bichinhos apresentam os mesmos sintomas que os donos, é essencial investigar as causas. “Temos que ficar de olho para ter certeza que não é nenhuma zoonose (doenças transmitidas para o homem pelos animais e vice-versa), por exemplo.”Fenômeno energético?
Para a médica veterinária Daniela Lopes, os bichos “conversam” energeticamente com os humanos. Daniela é adepta da teoria do “campo mórfico”, idealizada pelo biólogo e parapsicólogo inglês Rupert Sheldrake. Segundo essa hipótese, os seres têm campos vibracionais permeáveis e que podem ser compartilhados. “Isso (de mascotes e donos desenvolverem traços em comum, inclusive doenças) ocorre quando há grande convivência. É algo normal”, explica a veterinária.(da Revista do Correio)
Pet friendly, cada vez mais shoppings e restaurantes aderem ao conceito, isso significa que os donos podem frequentar esses locais em companhia dos animais.
Os cachorros são, de fato, grandes companheiros do homem. Carinho imensurável que surge daí o desejo de carregá-lo para todos os lugares. É o caso da empresária Danielle Wolff, que faz questão de levar a lhasa apso Brisa em todos os passeios, como restaurantes, bares e salão de beleza. “Mas o lugar preferido dela é o shopping”, comenta. A cadelinha tem até seu próprio carrinho de passeio e, quando percebe Danielle preparando o transporte, já fica toda animada. Apesar de ser um sucesso entre todas as faixas etárias, são as crianças que ficam enlouquecidas com o charme do pet. “O pessoal que passa por ela a mima muito, faz carinho e pede foto. Parece celebridade!” Brisa mostra que merece o privilégio, pois, além de muito comportada, não late para ninguém. Fica tão feliz nas lojas que não sente nem necessidade de fazer xixi.
Às vezes, a dupla ganha a companhia de outros pets, que também adoram esse tipo de passeio. A rotina de ambas no shopping se resume a uma volta para espiar as lojas, com direito a compras de roupinhas e acessórios para a cadela. Para finalizar, um lanchinho para repor as energias. “Sempre compro salada de frutas porque ela adora! É muito companheira.” A tutora, no entanto, tem o cuidado de não exceder o limite de permanência de duas horas, como é permitido no local, inclusive para prezar pelo bem-estar da cadelinha. “Ela acaba se cansando e, apesar de nunca ter feito as necessidades dela em lugares fechados, fico preocupada com isso.”
O mesmo acontece com Malu, a mestiça de lhasa com yorkshire que não recusa um convite para ir ao shopping. A jornalista Mariana Torres, dona da cadela, conta que sua pet também tem um carrinho específico para esse tipo de programação e que a agenda de Malu é mais cheia do que a sua. “Quando não é shopping ou restaurante, vamos para a pracinha, aniversário de cachorro ou eventos especiais para os pets.” Tão acostumada aos momentos de lazer que, apesar de o carrinho ter um local exclusivo para prender a coleira, Mariana não vê necessidade de fazê-lo, pois confia que a pequena nunca pularia. “Ela é uma lady. Sempre falo que ela não acha nem que é gente, ela tem certeza”, brinca.
Mas não é para menos. Em alguns eventos, Mariana faz questão de vestir Malu com as mesmas roupas que ela e a cadelinha adora ser produzida. Para a jornalista, os estabelecimentos da cidade deveriam estar mais abertos ao conceito “pet friendly”, que, na prática, significa que o local é receptivo à presença de animais. A filosofia é muito importante para pessoas que, como ela, consideram os pets como parte da família. “Ela é muito calma e comportada, não vejo problema algum em levá-la para os lugares.”
Eventos sociais, específicos para cachorro, são comuns para Malu. Entre desfiles e festas juninas, a cadela sempre tem seus compromissos. Em julho, o shopping Conjunto Nacional abriu as portas para os cachorros e realizou um grande evento de inauguração no mês passado. “Não deu para a gente ir dessa vez, mas acho bacana demais o shopping fazer esse tipo de evento para cachorrinhos. Eles se divertem e a gente também.”
Segundo a gerente de marketing do estabelecimento, Cláudia Durães, o grande incentivo que levou o local a permitir a presença de cães foi o aumento do número de pets. Além disso, os animais de estimação passaram a ser membros da família, e essa relação, extremamente saudável, não poderia ficar de fora. “Queremos proporcionar um ambiente agradável, tranquilo e seguro para que nosso cliente possa viver uma experiência legal, com o melhor amigo ao seu lado”, defende. O Conjunto Nacional é o único shopping de Brasília que, além de cães de pequeno e médio porte, aceita também os cães de grande porte, como labradores. Só não se esqueça de garantir a segurança do seu pet, fazendo o uso correto da guia.
O ParkShopping também faz questão de realçar a importância em aceitar os pets em seu estabelecimento. Lá, desde 2010, os cães de pequeno porte são bem-vindos. “Sabemos que muitos clientes gostam da companhia de seus pets não somente em casa, mas também em seus momentos de lazer, quando saem para passear. Se passear no shopping já é bom, imagine com seu bichinho de estimação?”, comenta a gerente de marketing Natália Vaz. Segundo a mesma, os cães de grande porte infelizmente não são permitidos. Ela argumenta que ali, por ser um ambiente muito movimentado, os bichinhos podem ficar estressados.
Assim como Brisa e Malu, o pequeno dachshund Biscoito não dispensa um passeio. A sua tutora, a estudante Giulia Dickel, não desgruda do cãozinho: “Desde que ele chegou aqui em casa, evito ao máximo deixá-lo sozinho. Levo até mesmo para casa dos meus amigos ou família, e todos amam.” Nos shoppings, Biscoito chama a atenção de todos com o comportamento sossegado e cheirinho de banho. Desde crianças até idosos param para brincar com o cão. “Sempre que quero ir ao shopping, escolho um bem ‘pet family’ e todas as pessoas se divertem com ele.”
Onde eles podem entrar
Shoppings
Iguatemi Shopping: cães de pequeno porte na coleira. Nos fins de semana e feriados, os pets devem permanecer no colo dos donos ou em transporte apropriado, como carrinho ou bolsa.
ParkShopping: cães de pequeno porte em bolsas especiais ou carrinhos.
Conjunto Nacional: cães de pequeno, médio e grande porte, sempre na guia.
Boulevard: cães de pequeno porte no colo dos donos ou em transporte apropriado, como carrinho ou bolsa.
Leroy Merlin: cães de pequeno porte no colo ou em carrinhos.Restaurantes
Fratello Uno: 103 Sul e 109 Norte.
Fran’s Café: 209 Norte.Parques
Parcão: no estacionamento 6 do Parque da Cidade. A área é cercada, e os cães podem brincar soltos.
Parcão do Cruzeiro: o parque elaborado para os cães permite que os mesmos brinquem livremente, sem preocupações (EPIA – 3663).Atenção
Vale lembrar que cães guia (que conduzem os cegos) são permitidos em qualquer espaço, tanto estabelecimentos públicos quanto privados, desde junho de 2005, segundo a lei 11.126/05.(da Revista do Correio)
Sono: Cães podem sofrer de apneia, ronco, narcolepsia e até de insônia. Distúrbios do sono não têm causa definida e devem ser avaliados caso a caso
Uma boa noite de sono repercute em diversos aspectos da saúde e do bem-estar. A hora do repouso é algo esperado e valorizado inclusive pelos bichinhos. Assim como os humanos, eles sonham e podem ter distúrbios do sono. Quem entende bem disso é a estudante Carla Teixeira, 20 anos, dona da cachorrinha Frida. Desde a tenra idade, a chin (spaniel japonês) de 4 anos apresenta falta de ar enquanto dorme. O diagnóstico? Apneia noturna.
A tutora conta que a cachorrinha, de focinho pequeno e achatado (braquicéfalo), nunca havia dado sinais de dificuldade respiratória enquanto acordada. “Quando ela começou a apresentar esse quadro, levamos um susto. Para nós, era tudo novo e não sabíamos como lidar. Acreditávamos que era uma espécie de espirro reverso e fazíamos massagem no pescoço dela. Depois, notamos que poderia ser algo mais”, lembra. Como as crises eram angustiantes, Carla resolveu procurar ajuda. “Acredito que ela já tenha se acostumado. Ficamos atentos à respiração e a barulhos que ela faz durante a noite”, diz. A família dá todo o suporte e, segundo a estudante, as visitas ao veterinário são constantes.
Além da apneia, que geralmente é acompanhada de ronco e cansaço durante o dia, os pets são muito suscetíveis a narcolepsia — estado de sono súbito e profundo, com paralisação total ou parcial dos músculos. Já a insônia é um tanto quanto rara e, na maioria das vezes, reflexo de outros problemas, tais como artrite, insuficiência renal, alergia ou tireoidismo. A médica veterinária
Francielle Kushminski explica que os donos precisam estar atentos à quantidade de cochilos do animal durante o dia. “Os distúrbios do sono podem estar atrelados a problemas de saúde, como vermes e até mesmo problemas neurológicos. Normalmente, as sonecas são um alerta”, explica. O quadro pode ser passageiro e inofensivo, mas apenas exames clínicos e laboratoriais fecharão o diagnóstico.
Quando a estudante Gabriela Abreu, 18 anos, levou a buldoque francês Kira, 4, ao veterinário, confirmou suas suspeitas: a raça é muito suscetível a problemas de sono por conta do focinho achatado, que dificulta a respiração. Os roncos de Kira são tão altos que a caminha dela fica em local afastado, para que o barulho não incomode os demais moradores da casa. “Recebemos orientação de que é melhor poupá-la de exercício físico, sobretudo em dias secos e ensolarados. Além disso, a Kira tem muita alergia — creio que isso colabore ainda mais para os roncos dela”, aponta a jovem. Fora os roncos, a cachorrinha é tranquila e, no quesito sono, acompanha os horários da família.
A veterinária Ana Catarina Valle alerta para os casos de sono irregular. A inconstância é um indício forte de distúrbio, mas a confirmação é feita com exames como tomografia e ressonância magnética. O tratamento varia de animal para animal, mas, para a especialista, a homeopatia e a acupuntura são excelentes aliados. “A medicina chinesa tem base em horários biológicos. Por exemplo, se o cãozinho apresenta insônia entre a 1h e as 3h, investigamos uma alteração hepática”, esclarece.
A beagle Lolla, de 3 anos, vive assustando os donos, Ariella Oumori, 25, e Rogério Duarte, 27. A cadelinha tem um sono agitado, com sonhos que a fazem chorar, mexer as patinhas e até latir. “Às vezes, ficamos com vontade de acordá-la, mas sempre deixamos pra lá”, comenta Ariella. A veterinária Francielle Kushminski ressalta que o sono dos pets é dividido em duas fases: não REM (Rapid Eye Movement) e REM. “Na segunda, o sono é profundo. Os cães sonham, podem fazer sons e até mesmo movimentos”, ensina.
Especialistas acreditam que o cão deve ter um sono calmo e um horário biológico que acompanhe o do dono. Para a veterinária Ana Catarina Valle, uma casa com harmonia colabora diretamente para um sono tranquilo. Hábitos saudáveis também colaboram para o bem-estar dos fiéis companheiros — inclusive nas horas de descanso.
Você sabia?
Humanos costumam seguir um padrão binário de sono: dormem cerca de 8 horas durante a noite e ficam acordados de dia. Cachorros, não.
Normalmente, eles ficam:
20% do dia acordados e ativos
30% do dia acordados, mas inativos
50% do dia dormindo
Hora de sonhar
Entre os humanos, o estágio REM corresponde a 25% do sono.
Entre os cães, não passa de 10%
(da Revista do Correio)
Emoções domadas
Muitos pensam que cachorros e gatos são muito diferentes do ser humano. Porém, veterinários começam a desvendar a mente dos bichos e atestam: eles sofrem de dramas psicológicos semelhantes aos dos homens
Freud acreditava que poderia curar a mente humana por meio da fala. Após um século, a psicologia está firmada como a ciência que trata e compreende o cérebro do homem. Mas, e os outros animais, como escutá-los? “Os animais têm uma linguagem própria e não verbal. Há testes importantes para aferir desvios comportamentais, que dão os indicativos de uma doença psíquica. Sabemos como eles devem agir, então, oferecemos desafios para os bichos e vemos se eles corresponderão aos nossos estímulos”, esclarece a veterinária Ceres Berger Faraco, integrante da Comissão de Ética, Bioética e Bem-Estar Animal (Cebea), do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
Além do comportamento, são analisados três outros dados antes de finalizar qualquer diagnóstico: o primeiro é sobre o período de desenvolvimento, que se refere às emoções que o bicho experimentou na infância; o segundo, o ambiente no qual ele está inserido; e o terceiro tem a ver com a herança genética. “Muitos fatores podem afetar a saúde mental dos animais, como o abandono durante a criação e as turbulências ao longo da gestação. Às vezes, eles entram em um quadro de estresse, ansiedade e depressão por não conseguirem dar vasão a necessidades evolutivas”, afirma Faraco.
Para a veterinária, cada espécie possui particularidades que devem ser respeitadas:”Cães são gregários, necessitam de interação social, porém, muitos vivem grande parte do dia isolados, gerando problemas como automutilação e dermatites.” Em contrapartida, personalidades diferentes também apresentam riscos de fragilidade nas emoções. “Os gatos não são totalmente domesticados. São animais solitários, obrigados a conviver com outros animais e pessoas. Isso pode gerar muitos conflitos, pois eles precisam de muito movimento, mas, vivem confinados em espaços pequenos. Essa questão ambiental está gerando animais estressados, ansiosos e obesos”, acrescenta Ceres.
Uma vez identificado algum problema, as terapias para tratar os bichinhos são personalizadas. É necessário seguir alguns protocolos durante o tratamento de animais com transtornos psíquicos: o manejo, que é a mudança de como os tutores agem com o animal; o ambiente, que é modificar o lar para melhor adequá-lo ao animal; e o terapêutico, que é intervenção farmacológica. Existem casos crônicos que devem ser acompanhados pelo resto da vida. “São usados os mesmos ativos dos seres humanos. Isso assusta muito os tutores, que enxergam com desconfiança o uso de medicação psicotrópica. Via de regra, é necessário fazer uma revisão da medicação a cada dois ou três meses. Em casos crônicos, é feita uma avaliação de seis em seis meses”, esclarece a especialista, que possui formação em psicologia e na área de comportamento animal.
Luto felino
Frajola, de 11 anos, sempre viveu cercada da mais fina companhia. A gata podia contar com a presença de outra gata, a Nina, sua amiga de brincadeiras, além dos cães Simba e Nala. Pouco a pouco, os seus companheiros morreram e a gatinha passou por maus bocados. Ela começou a desenvolver uma cistite intersticial emocional, que é uma inflamação da parede da bexiga devido às perdas.
“Ano passado, a Nina teve um problema de linfoma intestinal, e os veterinários não conseguiam descobrir o que era. Ela foi passando de clínica em clínica. A Frajola acompanhou todo esse processo e, antes da Nina partir, ela apresentou uma cistite emocional. Como era um problema psicológico, começou a tomar uma medicação sedativa. Ela ficava ‘chapada’ e ficava o dia todo dormindo”, afirma a tutora Regina Uchoa, 67 anos.
Após um período usando a medicação, a gata passou por uma desintoxicação e ganhou uma nova rotina de atividades. “Tudo vai depender do manejo com o animal. Às vezes, uma rotina de brincadeiras consegue solucionar muitos problemas de ansiedade e de estresse. É necessário criar estímulos/exercícios que consigam sanar as necessidades de cada bicho”, afirma Humberto Martins, veterinário comportamental.
Depois de quase um ano de luto, Frajola, com o carinho da família, dá sinais de recuperação. “Ano que vem vamos fazer uma reforma na casa, por isso, chamamos o Humberto para fazer uma avaliação e nos guiar no modo como devemos agir com ela. Ela está alegre novamente. Não podemos ignorar todo o sofrimento físico e psicológico que os animais sofrem durante a vida, seja nas casas, nas fazendas ou nos matadouros”, reflete a aposentada.
A gata Frajola apresentou no corpo a dor de ter perdido três amigos. Regina Uchoa compreendeu o momento delicado e buscou ajuda para o bichano
Na saúde e na doença
O poodle Arthur é o companheiro fiel da doutoranda em ciências agronômicas Anne Costa, 30 anos. Ele segue a tutora por todos os lugares e é companhia nas mais diversas situações, até nas adversidades. “Ele vivia com meus pais em Uberlândia, em uma casa enorme e com outros animais. Então, veio morar comigo em uma casa minúscula. No começo, passeava com ele quatro vezes por dia e achava que estava ótimo, porém, começou apresentar um comportamento agressivo, vomitava e tinha uma diarreia inexplicável. Depois de muito tempo, as veterinárias começaram a perguntar como eu agia na frente dele. Foi assim que descobri que minha ansiedade o estava deixando daquela forma”, relata a estudante.
A explicação seria de que pets e cuidadores estabelecem uma ligação emocional muito forte. “Os animais absorvem muito os estímulos do ambiente, por isso, os donos acabam transferindo para eles comportamentos ligados à ansiedade e à depressão. Os sintomas começam sutis, pode ser uma lambeção, arrancar pelos, mas podem se agravar até chegar a um ponto destrutivo”, alerta Humberto Martins.
Anne buscou terapias alternativas para aliviar a angústia do cãozinho e poupá-lo de mais problemas: “Meu chão desabou, pois eu estava fazendo mal para o meu filhote. Primeiro, mudei meu comportamento na frente dele. Depois, busquei um homeopata e começamos a tomar florais. Ele já tem 11 anos, é um senhorzinho, mas conseguiu se recuperar e está com um ânimo de jovem”, comemora a estudante.
Apesar da vitalidade de Arthur, é necessário ter mais cuidado com os bichos idosos, já que eles sentem os efeitos do avanço da idade. Na velhice, assim como acontece com os humanos, eles também sofrem com disfunção cognitiva e podem agir de forma diferente. “Muitos adquirem um comportamento mais atrapalhado. Isso está cada vez mais comum, pois estão cada vez mais longevos. Os sintomas são bem parecidos com o do Alzheimer”, exemplifica a veterinária Ceres Faraco.
Sob controle
Cipó, 3 anos, e Sola, 1 ano e meio, são dois vira-latas que já deram muita dor de cabeça para a tutora, Lorena Nunes, 31. Moradora de uma chácara, a dupla espevitada sempre fugia para as propriedades vizinhas em busca de caça. Na empreitada, eles matavam galinhas criadas por perto, o que gerou inimizade com os donos das pobres vítimas. Para encontrar uma solução e impor limites aos cães, Lorena pediu ajuda a um veterinário especializado.
“Eles ficavam muito tempo ociosos e faltava interação entre os cachorros e os tutores. Era necessário criar coisas para ocupar o tempo deles durante o dia e forjar uma maior ligação entre eles e os humanos. Precisamos mudar os hábitos de toda a família, que se esforçou para suprir essas necessidades”, Explica Edilberto Martinez, veterinário comportamental que tratou os cachorros.
Lorena conta que a experiência foi produtiva: “Primeiro, comecei a praticar atividades com eles e a recompensa era sempre um carinho. Isso nos aproximou muito. Outra coisa importante é que introduzimos, gradativamente, uma galinha para conviver com eles. Eles conseguiram se acostumar em apenas duas semanas”. O resultado: os cães ficaram amigos da galinácea.
“As pessoas sempre pensam que um cachorro que tem disponível um grande quintal está bem assistido, porém, isso não é o bastante. Um que mora em apartamento, mas tem uma rotina bem estruturada e de muito carinho, pode estar mais feliz e distante de um quadro depressivo”, adverte Martinez.
Anne Soares e o cão Arthur iniciaram juntos um tratamento homeopático para ansiedade. Comportamento agitado da dona alterava a personalidade do bicho
Lorena Freitas buscou ajuda de um especialista em terapia comportamental para ensinar aos cachorros Cipó e Sola a conviverem com outros animais. Eles caçavam galinhas na vizinhança por puro ócio e falta de interação com os donos
Sofrimento de berço
Meg é uma shih tzu de apenas 3 meses e meio, mas já enfrentou muitos perrengues. Quando foi adotada por seus tutores, Rodrigo e Karina Loch, já apresentava indícios físicos de que alguma coisa não ia bem no emocional. “Eu não conhecia muito bem a raça, então só percebi o quão magra ela estava, quando veio para a nossa casa”, lembra Kariana. Rodrigo, 33, servidor público, ainda conta que, assim que Meg chegou ao apartamento do casal, perceberam que ela bebia e comia de maneira muito afobada. Isso já era um sinal de alerta.
Comprada em um site de anúncios on-line com apenas 40 dias, Meg apresentou comportamento muito agressivo e destoante do associado à raça. Segundo o especialista em comportamento canino, Lucas Duty, o shih tzu é um cão muito receptivo, que se adapta facilmente ao convívio com outras pessoas e tem um potencial de mordida baixíssimo.
Exatamente ao contrário do temperamento de Meg: “Eu estava no trabalho quando minha esposa me ligou muito chateada porque Meg praticamente arrancou um pedaço do dedo da minha esposa quando ela tentou limpar o olhinho dela. Ela não morde para brincar, morde para se defender mesmo e machuca” relata Rodrigo.
A ideia era esperar Meg completar ao menos 6 meses, mas, por causa do comportamento extremamente agressivo, e até mesmo perigoso para os donos, o pedido de ajuda chegou mais cedo. “Nós procuramos o Meu Amigo Lucas, especialista em comportamento canino. Ele deu uma aula para a gente sobre psicologia canina. A terapia não é só para a Meg, é para toda a família. Nós precisamos aprender a lidar com ela.”
O adestrador Lucas Duty, que trabalha na melhora de Meg, conta são vários os fatores que explicam o comportamento reativo da cadela. “É difícil saber, nós não temos o histórico dela. Ela pode ter sofrido um desmame precoce, ter sido confinada em gaiola ou ter sofrido maus-tratos. São várias as hipóteses”, esclarece.
O tratamento no caso de Meg envolve exercícios para fazê-la se sentir importante e feliz, além de trabalhar a inteligência dela com os comandos mais conhecidos do adestramento, como sentar, deitar, rolar e pegar a bolinha. Além disso, são usadas estratégias para acostumá-la a receber carinho. “A gente já consegue carregá-la. Diria que, de zero a 10, ela merece nota 6 em apenas três semanas de tratamento. Ela melhorou muito”, relata o tutor. Rodrigo conta que, quando a cadela se deixa pegar no colo e receber carinho, é presenteada com um petisco. A ideia é reforçar positivamente o gesto de amor e, assim, treiná-la para aceitar carícias. “É muito importante respeitar o espaço do animal. Quando a Meg não quer ficar no colo, nós não a pegamos”, acrescenta Rodrigo.
O que causou esse transtorno na pequenina ainda é um mistério tanto para o casal quanto para o adestrador. Mas Lucas, que trabalha com comportamento canino há mais de 10 anos, afirma que 75% dos casos de ansiedade ou depressão é causado por ociosidade dos animais. “Hoje, temos cães que ficam mais deprimidos, que têm elevação no seu perfil de ansiedade por conta da separação de seus donos, com horários comerciais compridos. Falta informação. Então, surgem problemas e mais problemas, fazendo com que os cães se tornem cada vez mais doentes” alerta. Mas, segundo ele, existem também casos em que o quadro é resultado de uma causa orgânica, e não comportamental, como ocorre em animais que já nasceram com algum defeito neurológico.
O especialista afirma que é difícil listar uma estratégia de tratamento que funcione com todos os bichos. “Comportamento é coisa muito delicada e tem que ser avaliado individualmente”, alerta. O dono deve estar atento aos diversos sinais que o animal apresenta. Casos em que o cachorro começa a lamber demais determinada parte do corpo ou late em excesso, casos extremos de automutilação ou de comer as próprias fezes são sinais suficientes para procurar ajuda especializada.
O cuidado com o animal já começa no momento da adoção ou da compra. Lucas conta que muitos clientes chegam com um pinscher, que tem um comportamento específico da raça, querendo transformá-lo num golden retriever. “A escolha do animal é essencial para um sucesso futuro. Se eu sou esportista e tenho uma casa, tenho que comprar um border. Se sou sedentária e moro sozinha em um apartamento, tenho que comprar um pug, que não vai latir muito” explica. É muito importante pesquisar antes, já que os animais carregam carga genética que determina muitos comportamentos. Não levar esse detalhe em consideração pode trazer muitos problemas futuramente e levar até ao abandono.
“Hoje, temos cães que ficam mais deprimidos, que têm elevação no seu perfil de ansiedade por conta da separação de seus donos, com horários comerciais compridos. Falta informação. Então, surgem problemas e mais problemas, fazendo com que os cães se tornem cada vez mais doentes”
Lucas Duty, adestrador
Um cão para cada dono
Quem vive em apartamento costuma optar por cachorros de pequeno a médio porte. Mas não é só o tamanho que é determinante. É preciso pesquisar se o animal é muito carente ou ativo. Um cachorro que tem tendência a latir demais, por exemplo, não é ideal porque pode incomodar os vizinhos. Raças como bulldog, bulldog francês, chihuahua, lhasa apso, lulu da pomerânia, maltês, pastor shetland, pinscher, poodle, pug, schnauzer, shih tzu, yorkshire são as indicadas para quem mora em apartamento ou tem uma rotina mais sedentária.
Para quem mora em uma casa, gosta de praticar exercícios ou procura um cachorro mais ativo, raças como border collie, dálmata, jack russel terrier, labrador, pastor alemão, pastor australiano e pit bull são as mais procuradas.
Para quem não tem muito tempo ou disposição para brincar com o pet, gatos são ótimas opções. Eles são animais mais independentes e menos carentes, mas não significa que não precisam de atenção e carinho. Não necessitam de se exercitar muito e se limpam sozinhos, além de já nascerem com o instinto adaptado ao uso da caixinha de areia.
Momento de aprender
Existem períodos da vida em que os animais estão mais sensíveis para aprender e para se prepararem para os desafios que vão enfrentar ao longo da vida. Os cachorros têm essa “janela de aprendizado” entre a quarta e a décima quarta semana de vida. Os gatos têm da terceira à sétima semana. Nesta etapa da infância é importante propiciar os seguintes estímulos:
Expor os animais a um grande número de pessoas.
Aumentar o contato com outros bichos.
Apresentar um grande número de ruídos e de cheiros a eles.
Fonte: veterinária Ceres Faraco.
O adestrador Lucas ajudou Rodrigo e Karine, donos da cadela Meg: agressividade sob controle
Cães e gatos são inimigos em desenhos animados, mas, na vida real, podem se dar superbem
A velha história de que cães e gatos não se dão bem não passa de lenda. Os bichinhos podem, sim, viver em harmonia no mesmo ambiente. A professora Patrícia Marangon tem, em casa, três gatos (Pitágoras, Catarina e Gael) e uma cadela (Dalila) e, por incrível que pareça, os pets nunca precisaram ser apartados. “Eles se curtem muito. Cada um tem a sua personalidade e jeitinho de ser, e isso influencia muito, mas sempre os vejo muito abertos a uma aproximação.”
(da Revista do Correio)
O primeiro adotado foi Pitágoras, que, apesar de uma síndrome no intestino que causava receio quanto à introdução de outro bicho na família, abriu espaço para Catarina. Antes de Dalila, havia ainda a cadela Fridha, hoje falecida. “Quando a Fridha chegou, ficou totalmente recuada. Ela sempre respeitou muito o espaço dos gatos”, lembra a professora. A convivência foi pacífica desde o primeiro momento, mas, um dia, Gael tomou a iniciativa de acariciar as patas da cadela. Foi o início de uma bela amizade. “O Gael tem um espírito meio de cachorro e viu em Fridha uma mãe — dormia com ela, ficava juntinho o tempo todo”, recorda a dona.
Dalila entrou na história em 2014, quando Fridha já havia partido. Como ela havia sido resgatada da rua, pouco se sabia sobre sua personalidade. Felizmente, deu tudo certo. “Ela e Gael se dão superbem. Às vezes, ela tenta brincar com os outros gatos, mas eles já não curtem tanto”, detalha. Há momentos em que cada um fica na sua, mas quando Patrícia e a companheira estão em casa, a família se reúne — nos fins de semana, já é uma tradição que fiquem todos no sofá para ver televisão. “Essa história de cães e gatos não se darem bem é besteira. Vejo que todos se respeitam muito e o que faz diferença é a forma como o ser humano possibilita a aproximação”, resume.
A médica veterinária Valéria Cunha explica que qualquer animal pode conviver com outro desde que haja um preparo para isso. Quanto antes o novo pet for introduzido, melhor para a dinâmica do lar. “Isso não quer dizer que, se um deles for mais velho, não dará certo. É só apresentar de forma correta”, aconselha. Pedro Ilha, também médico veterinário, concorda e vê benefícios na companhia que um bichinho faz ao outro. “Hoje em dia, as pessoas trabalham muito, ficam muito tempo ausentes de casa. Então, é legal um ter ao outro. Assim, ficam menos solitários.”
Esse é o caso da cadela Nina e do gatinho Mimi, que não se desgrudam.
A dona, a estudante Amanda Medeiros, conta que Nina sempre gostou de gatos. “Quando descíamos para passear, ela corria para um prédio onde havia uma gatinha e ficava de olho. Por causa desse encanto dela, eu quis adotar um gato, mas o meu medo era de que o bichano a arranhasse.” Amanda deu uma chance e adotou Mimi, que, quando chegou, fez Nina pular de tanta alegria. “Ela cheirava, lambia e não saía do lado da caixinha dele. Ela virou mãe do Mimi. Os dois são superunidos”, relata.
O carinho de um pelo outro é tão grande que, quando Mimi tenta dar uma escapadinha e desce escondido as escadas do prédio, Nina vai atrás e o busca. Quando chegam em casa, os dois brigam, mas logo se acertam novamente. Se tem visita e alguém quer passar a mão em Mimi, Nina fica cheia de ciúme e já chega cheirando a pessoa para ter certeza de que está tudo bem. Além disso, os dois dormem juntos e, quando um acorda, o outro também se levanta.
Amanda acredita que essa interação depende muito da personalidade de cada animal. “Existe cachorro que não se dá bem com cachorro, e gato que não gosta de gato. Isso não tem nada a ver com a espécie. Esse papo de que cão e gato se odeiam é uma ideia vendida por filmes e desenhos animados”, critica. O veterinário Pedro Ilha ajuda a desmistificar essa questão: “Cães e gatos têm formas diferentes de manifestar carinho. É errado comparar os dois. Às vezes, o felino pode se estressar só de sentir o cheiro de cachorro, mas são felinos que nunca tiveram nenhum contato com cães”.
Outra história de amizade entre espécies é a dos pets da jornalista Ana Maria Sousa. A cadela Letícia era a única na casa até a chegada de Lancelot, que por ser muito pequeno, era o “protegido”. “Quando minha filha, Bárbara, chegou com o gatinho, pensei que seria uma confusão enorme. Ela o protegia o tempo todo para que Letícia não fizesse nada contra ele.” Mas, ao contrário do que imaginavam, depois de um tempo, os dois se deram muito bem e hoje não se incomodam em dormir juntos ou dividir rações e carinhos.
Para Ana Maria, o fator decisivo para a adaptação é o ambiente. “Acho que o animal absorve muito do estilo de vida dos donos, então a forma que os criamos facilitou. A Lele é muito receptiva com tudo e todos, talvez por isso tenha sido tão tranquilo.” De vez em quando, o gatinho Lancelot gosta de atiçar a cadela com tapas, mas, mesmo assim, Letícia mantém a pose e continua sossegada em seu canto, provando que até os pets sabem relevar alguns comportamentos em prol da boa convivência.
Assista o vídeo:
https://youtu.be/M7vzaiwhVLE
Muitos bichos para adoção em três feiras, evento de observação de pássaros prometem balançar o fim de semana do brasiliense. Aproveite,adote um peludinho e seja uma pessoa mais feliz!
Feira de adoção SHB
Sábado 22, das 10h às 16h
SIA trecho 2 – Petz
Feira de adoção do Armazém Rural
Sábado 22, das 9h às 15h
409 sul
Feira de adoção ATEVI
Sábado 22, das 09h às 15h
408 Norte
Big Day Brasil: um dia para passarinhar
No dia 22 de outubro acontece o Big Day Brasil, evento que reúne pessoas de todo o País para um desafio: observar o maior número de espécies de aves livres em 24 horas. É possível participar de qualquer lugar, seja da janela de casa, nas ruas, em um parque ou numa Unidade de Conservação. O importante é “capturar” a ave com os olhos, sem incomodar o pássaro ou o ninho. As espécies observadas devem ser listadas na plataforma colaborativa eBird com informações, fotos e/ou filmes.
O menino que sofre e se indigne diante dos maus tratos infligidos aos animais, será bom e generoso com os homens.
Benjamin Franklin