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(da editoria de cidades do Correio Braziliense) (fotos Breno Fortes/CB/DA Press)
Esta foi uma situação diferente das cerimônias comuns que servem para entregar animais à cegos que nunca tiveram esse tipo de adaptação.
Os animais gerados em recriação do projeto, passaram por famílias hospedeiras até atingirem idade para o treinamento. Com cerca de dois anos foram encaminhados para adestramento ministrado pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, e então habilitados para serem guias.
O Projeto Cão – Guia de Cegos do DF já entregou cerca de 43 cães, para deficientes visuais em todo Distrito Federal e em 14 outros estados. Os organizadores afirmam que existem ainda outros nove animais prontos para serem entregues aos utilizadores que hoje, integram uma fila de 300 pessoas.
Durante uma semana, os deficientes ficaram hospedados no Centro de Treinamento, localizado na Academia do Corpo de Bombeiros.No local, foram submetidos a um curso de adaptação para conhecer os animais. Em situações normais, onde o deficiente nunca tenha tido um cão-guia, o processo dura duas semanas. Eles também receberam um cartão contendo informações que auxiliam em ocasiões do dia-a-dia como pegar o transporte público e adentrar espaços públicos e privados com a companhia do cachorro.
O baiano de Cruz das Almas , Aroldo Murilo Pinto da Cunha, 54, veio até Brasília buscar seu novo companheiro. Em 2010 ele já tinha buscado Pupi, que segundo ele lhe trouxe autoestima e confiança para se lançar em um mestrado. “Quando eu fiquei cego, o mundo desabou, e com o cão-guia eu voltei a enxergar. Quando Pupi morreu eu fiquei cego de novo, mas agora eu posso enxergar, a felicidade é muito grande por ter esse novo amigo” explica.
Emocionado, Silvo Gois de Alcântara, 54 anos, recebeu Bia, sua nova cadelinha. Ele é um dos pioneiros do projeto. Em 2002 foi beneficiado na primeira linhada de cachorros, que deu origem á organização. Na época, Silvo esteve na companhia de Zircon, quando por problemas de saúde, em 2009, ele precisou de aposentar. Depois de três meses Silvo conheceu Nana, a cadela preta ,recentemente, teve quatro hernias de disco descobertas e também se aposentou. Agora Silvo leva pra casa mais uma fêmea que fará companhia à ela. “A bia vai me ajudar bastante, mas eu não posso ficar sem a Nana, agora ela precisa de cuidados, e eu preciso ao menos devolver o que ela fez por mim nesses 10 anos”.
A telefonista Marinalva Pires de Lima, 38 anos, é outra presente desde a fundação do projeto. Sua primeira companheira foi Gipsy, vinda de um treinamento especial no Canadá. As duas ficaram juntas 10 anos. “ Eu sempre falava pra ela que ela era o meu presente de Deus. A gente trabalhava juntas, iamos à faculdade, faziamos tudo juntas. Quando ela faleceu de velhice eu sofri muito, mas agora estou muito feliz, já fazia três anos que eu estava cega e hoje eu voltei a enxergar”.Marinalva recebeu a cadela Aila, e já comemora
“ela faz aniversário no mesmo dia que eu. Tenho certeza que vamos nos dar bem juntas” brinca.
Os três afirmam que o cão-guia traz mais que segurança e acessibilidade. Segundo Silvo, a após passar a circular nas ruas com cão-guia percebeu que a forma como era tratado pelas pessoas também mudou. “Com a bengala ninguém presta atenção em você, já com o cão, as pessoas vem, conversam, interagem, eu posso até construir relações por estar com o cão-guia”.
Entre alimentação, cuidados veterinários e medicações, hoje o projeto tem um gasto de R$ 27 mil a R$ 30 mil para cada cão. Atualmente o projeto conta com alguns colaboradores, e parceiros que fornecem alimentação e atendimento m[edico, mas nenhuma ajuda financeira. Os recursos são arrecadados por meio de doações esporádicas de pessoas físicas, venda de camisetas e canecas, e campanhas.
Mais informações
93090100
Doações
Banco do Brasil
Agência: 3596-3
Conta Corrente: 111882-x
CNPJ: 180803420001-24
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Franca
Data e horário
21/11 – sábado das 9 às 20h
22/11 – domingo das 9 às 18h
Quando: Sábado 21.11 das 10 as 16h.
Onde: Petz Brasília/SIA trecho 2
(Por Ailim Cabral, da Revista do Correio)
(fotos: Regina Mota /Cão Cidadão)
Ele cresceu cercado de animais. Quando adulto, transformou a paixão em profissão e se tornou um dos especialistas em pets mais conhecidos do Brasil. Alexandre Rossi está à frente de programas na televisão, como o Missão Pet, do National Geographic, e tem sete livros publicados. Formado em zootecnia, medicina veterinária e com especializações em comportamento animal, ele é idelizador da Cão Cidadão, empresa voltada para adestramento. Além de todas as credenciais profissionais, Alexandre é o “papis” da famosa Estopinha, cadelinha celebridade no Facebook, com mais de 2 milhões de curtidas, e de Barthô. Na entrevista a seguir, ele conta o que acha do gesto de adotar e reflete sobre o papel dos bichos na vida do ser humano.
Como começou sua história de amor com os animais?
Começou tão cedo que não lembro. Minha família conta que, enquanto as outras crianças estavam brincando, eu ficava observando as formiguinhas. Minha vó diz que eu alinhava as formigas, gostava de olhar as filas que elas faziam. Quando estava mais velho, isso já lembro, gostava de colocar milho de pipoca em cima de mim e ficar deitado por horas, esperando as galinhas virem comer, para ter algum tipo de interação com elas. Com 6 anos, comecei a dar showzinho de peixe adestrado. Eu tinha um aquário e ensinei alguns truques para os peixes, meus amigos vinham assistir. Depois disso, tive um monte de bicho: sapo, hamster, camundongo, cobra… Não comemorava nunca meus aniversários, mas sempre comemorei para os meus bichos. Dizia que não aceitaria nenhum presente, só se fosse para os meus animais. Meu sapo ficou supergordo porque todo mundo na escola caçava baratas, minhocas e levava em caixinhas de presente.
Então, a capacidade de adestrar vem desde a infância?
Minha mãe é bióloga e meu pai, psicanalista. Acho que eu misturei as duas coisas. Mas não sei se é um dom, uma facilidade extra, ou, simplesmente, um vício. Até porque que tive muito mais horas com animais do que com qualquer ser humano e fiz disso a minha vida.
Como você conheceu a Estopinha e o Barthô?
Estava procurando um cachorro para ser minha companhia e encontrei a Estopinha com uma protetora. Fiz alguns testes, para saber se ela curtiria essa vida de viajar bastante, sempre conhecendo lugares novos. Sabia que ela se tornaria conhecida e queria que fosse adotada, para mostrar como é possível pegar um cachorro que não é filhote e ter uma convivência muito legal. Ela já tinha sido devolvida duas vezes por mau comportamento — é muito bagunceira —, e eu quis mostrar como é possível viver bem com cães como ela. O Barthô veio para minha casa para ficar como lar temporário. Ele vivia em uma ONG de proteção. O protetor me pediu que ajudasse a achar um lar para ele. No abrigo, ele era muito agitado, fugia, queria interagir com os outros cães, mordia e saia correndo, começando brigas, mas nunca participando delas. Tinha ansiedade de separação e sofria muito quando ficava sozinho. cheguei a arrumar um lar para ele, mas a pessoa não conseguiu e devolveu.
Levando em consideração a sua experiência, qual é o verdadeiro valor um animal de estimação na vida de uma pessoa?
O animal pode, inclusive, dar sentido à vida de algumas pessoas, chega a esse ponto. Mas tem casos menos extremos e que, às vezes, as pessoas nem se dão conta dos benefícios. A ciência está ajudando a gente a entender isso. São muito mais proveitos do que já se imagina. Pode significar amor, carinho e aconchego. Ninguém o ama tanto quanto o seu pet. As pessoas até brincam que o cachorro é o único amor que o dinheiro pode comprar.
O que você diria para uma pessoa que está em dúvida sobre ter ou não um pet?
Tomo um determinado cuidado. Quando explico para alguém a responsabilidade, falo do lado mais complicado, mas tento balancear com as coisas boas. No caso de cães e gatos, a casa ficará cheia de pelo, mas também de vida. Provavelmente, vai gastar mais dinheiro, mas vai ser mais feliz. Vai ter mais trabalho, mas sempre terá uma companhia.
Comprar ou adotar?
Adoção é a primeira opção, mas nem sempre é possível. Por exemplo, pessoas que viajam muito e gostam de levar o pet vão optar por cães pequenos, e os vira-latas costumam ser maiores. Outro exemplo: a pessoa tem criança em casa e fica com medo de que o cachorro a ataque. Por mais que escolha a raça, cada animal tem seu temperamento. Agora, no caso da adoção, geralmente o cachorro já é adulto e tem o caráter formado. É bastante confiável.