Categoria: concurso pet
(por Luiz Calcagno, do Correio Braziliense)
Dengo era sinônimo de esperança. Com expectativa para viver, no máximo, até os 14 anos, o leão dócil da Fundação Jardim Zoológico de Brasília se agarrou à vida e tirou forças de onde não tinha para se manter de pé, surpreendendo veterinários, tratadores e administradores da instituição. Ele chegou ao Distrito Federal em 21 de junho de 2011. Depois de toda uma vida de maus-tratos, teve o descanso merecido no estabelecimento brasiliense e fechou os olhos pela última vez no domingo, a 23 dias de completar 16 anos — dois a mais que o esperado, sofrendo com a aids felina e um câncer de fígado. A idade do espécime, se comparada à dos humanos, seria de pouco mais de 72 anos. Ele já tinha conquistado seu espaço entre os animais mais velhos do zoo, ao lado do também leão, Dudu, que em 5 de maio último completou 22 anos, o equivalente a 100.
A morte de Dengo causou comoção na instituição. Ele nunca foi próximo do brasiliense. Por conta da frágil saúde, não esteve exposto como os outros animais. Ainda assim, deixou em quem trabalha no local a saudade e a certeza de que foi possível garantir, no período em que esteve na capital, a qualidade de vida que lhe foi negada anteriormente. Para se ter uma ideia da proximidade do leão com os funcionários, basta ler a nota de falecimento divulgada no site de instituição. A publicação fala do histórico de saúde do animal e das mudanças em sua vida de forma objetiva, mas encerra expressando pesar. “A Fundação Jardim Zoológico de Brasília, neste momento representada por todos os seus funcionários e colaboradores, sentem a perda de Dengo, que encantou, com seu temperamento dócil, a todos que o assistiam.”
O martírio de Dengo começou no circo, de onde foi resgatado por sofrer maus-tratos. Ele foi levado para o Zoológico de Niterói, onde, novamente, não teve o tratamento que merecia. A instituição acabou fechada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por conta da má administração e da falta de cuidado com os animais. Lá, o espécime contraiu a aids felina de uma parceira batizada de Elza — que também morreu no zoo brasiliense. A doença só foi diagnosticada, no entanto, quando Dengo chegou à capital federal, transportada em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), pois, doente e abaixo do peso, não resistiria a uma viagem por terra.
Com acompanhamento intenso de veterinários e tratadores, o leão reagiu. Em pouco tempo, atingiu e até ultrapassou a pontuação corporal mínima para ser considerado saudável. E se, ao chegar, causou espanto pelo estado físico em que se encontrava, algumas semanas depois, voltou a surpreender os funcionários do zoo, desta vez, positivamente. Diferente de outros grandes felinos, muitas vezes agressivos ou arredios, Dengo se mostrava receptivo com a aproximação de seres humanos e, atrás das grades, aproximava-se ao perceber a chegada de um tratador ou veterinário. Ele recebia tratamento especial: vivia sozinho em um espaço de 77m², com sol, sombra e água fresca, e recebia visitas diárias de profissionais.
“Ente querido”
Dengo começou a travar uma nova luta em dezembro último, desta vez contra um câncer de fígado. Ele teve dificuldades para comer e aparentava cansaço, embora continuasse a se levantar para receber os visitantes. Passou por um tratamento e, novamente, contra as expectativas, reagiu. A doença, no entanto, regressou no começo da última semana e, desta vez, os tratamentos não surtiram efeito. “Em função de todo o tratamento, prolongamos a vida dele para além de todo o animal em ambiente natural consegue, que é 14 anos, no máximo. Dengo era mais dócil que os outros felinos, talvez por ter sido de circo. Claro que ninguém nunca botou a mão na jaula”, brinca o diretor-presidente interino da Fundação Jardim Zoológico, Erico Grassi. “É como perder um ente querido. Ficamos consternados, mas sabíamos que ele estava em idade avançada. Ele viveu o tempo em que esteve aqui com qualidade de vida.”
A veterinária Betânia Pereira Borges lembra com carinho do animal. “Dengo era bem querido por todo mundo aqui. Quando chegávamos, ele vinha nos encontrar. Não tinha medo ou agressividade. Se se aproximasse da grade, ele vinha para perto, mas não agredia, como outros felinos fazem.” Dengo teve, porém, um tumor no fígado. “De certa forma, já esperávamos que ele não resistisse. Tentamos convencê-lo a comer. Tentamos vários tipos de alimentos diferentes. Ele não comia mais. Estava mais devagar, letárgico. Os tratadores são ainda mais próximos e sentem mais a perda.”
Os anciões do zoo
Além da vontade de viver, a vitalidade de Dengo, que mesmo com uma doença infectocontagiosa grave conseguiu superar a expectativa de especialistas em dois anos, tem base científica. Erico Grassi explica que um cativeiro adequado estende o tempo de vida dos animais. Entre outros motivos, estão o acompanhamento de veterinários, biólogos e tratadores, o espaço adequado para o espécime, a facilidade em obter alimento e a proteção contra predadores e caçadores. A lista de idosos que vivem na instituição brasiliense inclui diversas espécies. Entre os que estão no topo da cadeia, figura o leão Dudu, com 22 anos.
Ele superou, também, a expectativa máxima do cativeiro, que é de 20 anos. Outro espécime entre os mais antigo é a tigresa-de-bengala Laila. A idosa tem 19 anos, já superou em 5 a expectativa em vida livre. E está a um ano de superar a marca em cativeiro. Aos 17, o cervo nobre Jeniffer é a terceira mais velha da instituição. Ela, no entanto, ainda não atingiu a expectativa máxima de tempo em vida livre para a própria espécie, que é de 20 anos. No zoo, esse limite é estendido há 22 anos.
A fêmea de cachorro do mato Pandora é a próxima da lista. Aos 13 anos, já superou em dois a expectativa do cativeiro, que é de e 11. A lhama Paraíba, por sua vez, completou 20 anos e o tempo de vida dela no zoológico é estimado em 25. A próxima da lista é velha conhecida dos brasilienses. O babuíno sagrado batizado de Capitu, 25, tem mais três anos para superar a expecta máxima da espécie em um ambiente controlado. E o mais jovem entre os mais idosos é o tamanduá-bandeira Goianão, que tem 18 anos. Em sete, ele ultrapassará a idade máxima de vida em cativeiro.
Erico destaca, no entanto, que o ideal era que as espécies crescessem e vivessem no hábitat de cada uma delas. “Hoje, temos uma outra visão de zoológico. É um mal necessário. O ideal é que eles (os animais) estivessem livres. Os zoos são locais para recepcionar animais em diversas situações e não para a diversão humana. É para educar. Recebemos animais vítimas de maus-tratos e tráficos. Somos uma unidade de conservação de fauna, de reabilitação, com trabalho de pesquisa e educação ambiental. Muitas vezes, somos a única chance de sobrevivência do animal”, conclui.
(da Revista do Correio)
Cor e estampa são preferências estéticas, mas itens de segurança para os pets exigem outro tipo de critério na hora de escolher. Seu cão é pequeno, dócil e obediente? Ou pula de um lado para outro no carro? Durante o passeio, quer correr para brincar com outros cães e adora saltar nas pessoas ou se comporta perfeitamente, caminhando a seu lado? Perguntas assim devem nortear a seleção dos equipamentos usados para garantir um transporte seguro, tanto para os animais quanto para os tutores e para as pessoas nas ruas.
Há, por exemplo, inúmeras guias disponíveis. Entre as mais usadas, estão a tradicional e a peitoral. De fato, elas são as mais indicadas para a maioria das raças, mas é importante saber apontar as diferenças de cada uma. A tradicional pode ser de tecido, náilon, couro ou outras variações que existem no mercado, vai ao redor do pescoço do cão. Com ela, é possível treinar o animal mais facilmente, independentemente da raça. Nas primeiras vezes que o filhote sai para passear, ele deve entender quem manda. A coleira tradicional possibilita esse comando com mais facilidade, uma vez que o dono pode puxar o animal delicadamente para que ele se mantenha ao lado ou atrás. Com a peitoral, isso é mais difícil. Mesmo quando o proprietário realiza o comando de segurá-lo ao seu lado, o cachorro ainda pode jogar o tronco para frente, dando a impressão que está no controle. Por esse motivo, é indicada somente depois que houve o adestramento do animal.
“O proprietário conhece a índole do seu cachorro, sabe se ele é capaz de atacar ou avançar em outra pessoa e, a partir disso, ele escolhe melhor a coleira para ter total controle sobre o mesmo”, comenta a veterinária Camila Albuquerque. O maior erro dos donos é confiar que o bichinho é comportado e não vai correr ou atacar ninguém, pois muitos acidentes acontecem a partir disso. Os animais podem se assustar, correr atrás de algum bicho ou simplesmente querer brincar. Por isso, Camila acrescenta que o uso da coleira em qualquer passeio é indispensável, já que o comportamento do animal pode sempre surpreender.
Outro modelo de coleira é a enforcadora. Ela é usada para conter o animal e se aplica mais a cães de guarda, como rotweiller e pastor-alemão. Ou a qualquer outro que tenha muita força ou um comportamento mais bruto. Do lado inferior da coleira, existem alguns ganchinhos que ajudam a controlar o cão ou que deslizam, apertando mais o pescoço. Mas, segundo a veterinária, esse tipo de coleira não causa nenhum mal ao animal, ela apenas o incomoda e o faz parar.
Anna Carolina Prates é aviadora e tem três shih tzus — Thor, Bella e Shoyu. Por morar em apartamento, ela passeia com seus cães pelo menos duas vezes ao dia e conta que sempre optou pela coleira peitoral por sentir mais segurança na hora do passeio. “Tenho medo de puxar a coleira e machucar ou dar falta de ar porque eles são muito pequenos, e sei que, com a peitoral, isso não acontece.” Anna Carolina já teve outros dois cachorros da raça labrador e conta que, neles, ela preferia usar a coleira tradicional de pescoço, por causa da força que os animais tinham durante o passeio. “Era mais fácil conter os dois com a de pescoço para que eles não me derrubassem”, conta a aviadora.
Na rua e no carro
Os tutores têm um medo infundado: acreditam que a focinheira só pode ser usada em cães ferozes ou de guarda, e que o acessório machuca ou limita a respiração. Mas a realidade é que a focinheira é indicada para qualquer raça, em qualquer passeio. O correto seria sempre usar a coleira em conjunto com a focinheira, obrigatória, de acordo com lei distrital, sobretudo para cães de grande porte, como dobermann e pit-bull.
Também é obrigação do dono, estabelecida pelo Código de Trânsito Brasileiro, transportar, nos carros, os cães dentro de caixas adequadas ao tamanho do animal, casinhas ou presos ao cinto de segurança adaptado. Caso isso não seja respeitado, os motoristas estão sujeitos às penalidades da legislação, como multas e pontos da carteira de motorista.
Apesar disso, muitas pessoas levam seus animais soltos no veículo, com a janela aberta ou no colo de alguém, mas, assim como um ser humano, o cãozinho pode causar algum acidente quando está livre, ou até mesmo correr risco de óbito caso haja uma batida. “O peso do cachorro pode ser triplicado em caso de acidente e isso pode machucar alguém ou ele mesmo”, ressalta a veterinária Camila Albuquerque.
Giulia Pires é estudante de comunicação organizacional e dona de Napoleão, da raça sealyham terrier. Ela diz que sempre usou a coleira peitoral em seu cachorro e o cinto de segurança em todos os passeios de carro. “Pensando na segurança dele, comprei o cinto logo no dia que ele chegou em casa. Tenho medo que aconteça algo e ele se machuque. Já sabia da existência da cadeirinha adaptada para carro, mas fui ao petshop atrás de algo do tipo que ele tivesse mais liberdade e não ficasse totalmente imóvel, e me indicaram o cinto que fica ligado a coleira.” Napoleão se acostumou muito bem com o cinto de segurança e ela deixa a guia mais curta, mas com distância suficiente para que ele possa olhar pela janela.
É o mesmo caso de Letícia Brazil, estudante de pedagogia e dona de Aladdin, um shih tzu que não passeia solto no carro. “O Aladdin é muito agitado. Antes do cinto de segurança, quando ele passeava de carro, ficava muito animado e pulando em todos os cantos. Tinha muito medo de que algo acontecesse com ele, e agora ele fica bem comportadinho.” Caso haja impacto, o cinto trava, impedindo que o animal se machuque.
FEIRA DE ADOÇÃO DA ATEVI
Dia 28.05 das 10 as 16H
Local: 408 Sul – Pet House
Feira de adoção SHB
Dia 28.05 das 10 as 16h
Na Petz-SIA Trecho 2
Feira de adoção Abrigo Flora e Fauna
Dia 28.05 das 11 as 16h
Na 108 Sul
FEIRA DE ADOÇÃO PET CÃES
DIA 29/05
TAGUA PARQUE (entrada principal)
Mutirão de Limpeza Abrigo Flora e Fauna
Mais informações entrar em contato via site ou Facebook
(por LUIZ CALCAGNO, do Correio Braziliense)(fotos CARLOS VIEIRA- @cbfotografia)
O Correio contou a história da ave em 2 de março, dias depois do resgate. O espécime, que à época parecia abatido, ontem estava ativo e irritadiço com a manipulação dos cirurgiões. Zazu pôde passar pela operação após o período de tratamento, em que o veterinário Sílvio Lucena cuidou do animal. Com uma pinça, ele alimentava o pássaro com carne, ração e frutas, e ministrava antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos, para curar a ferida causada pela fratura do bico. No fim do procedimento, a ave despertou com uma versão mais leve e resistente do membro, mantendo as cores do antigo e pronto para ser apresentado a uma fêmea que também vive em cativeiro. Após o período de readaptação, o casal ficará separado por uma grade até que se acostumem com a presença um do outro.
Quando Gabriella o resgatou, percebeu que o tucano possuía uma anilha na pata. O anel indicava que ele é um espécime documentado e criado em cativeiro.
Mesmo tendo convivido com humanos durante toda a vida, a ave — que leva o nome do mordomo da animação O Rei Leão — tem a personalidade forte e arredia. Detesta ser pega. Na casa de Sílvio, ficava feliz ao vê-lo se aproximar com a comida, mas o ameaçava para afastá-lo assim que estivesse saciada. “O tratamento só foi possível porque ele nasceu em cativeiro. Se se tratasse de um animal de vida livre, provavelmente morreria pelo estresse causado pelo tratamento”, observou Sílvio.
Sábado 21.05
Feira de adoção ATEVI
das 10 as 16h no Armazém Rural da 409 Sul.
Café da manhã com palestra sobre alimentação natural
As 09h na Pet Shop Armazém Rural 409 sul
Feira de adoção Projeto São Francisco
Das 10 as 15h no SIA trecho 2 lotes 65/95
Feria de adoção Abrigo Flora e Fauna
das 11 as 16h na
108 Sul
Domingo 22.05
Feira de adoção Responsável
das 10 as 16h no Taguaparque
Bazar (Feira livre) ATEVI
das 9h às 18h na 115 norte EIXAO.
Feira de Adoção Abrigo Flora e Fauna
das 11 as 15h no
SIA trecho 2- Petz
Feira de Adoção ATEVI
Sábado 14.05 das 10 as 16h.
Amor de Bicho na 101 do Sudoeste
Feira de Adoção de Cães e Gatos do Casa Park
sábado 14.05 das 11h às 15h
Estacionamento externo do CasaPark – SGCV Sul lote 22
Entrada gratuita
Feira de adoção da PetCães
sábado 14.05
Colônia Agricola Vicente Pires-Chácara 135
Fone 33534251
Feira de Adoçãso Abrigo Flora e Fauna
Sábado 14.05 das 11 as 15h
SIA trecho 2 ao lado da Gravia
Feira de adoção Abrigo Flora e Fauna
Sábado 14.05 das 11 as 16h
108 Sul
4 Cãominhada Solidária
Domingo 15.05 à partir das 09h no estacionamento 11 do Parque da Cidade
Feira de Adoção da SHB
Domingo 15.05 das 10 as 16h
Sia Trecho 2 ao lado da Gravia
“Estavam paralisados”, diz frei que fotografou cachorros assistindo à missa
(por Ana Karina Giacomelli do Diário Gaúcho)
Uma cena inusitada, que aconteceu na Capela da comunidade Nossa Senhora das Graças, da Paróquia São Judas Tadeu, em Porto Alegre, chamou a atenção dos fiéis que participavam da missa no domingo, dia 1º de maio.
Frei Irineu Costella realizava a cerimônia quando viu quatro cachorros parados na porta da igreja acompanhando o sermão. Naquele momento, o religioso pediu para que os fiéis olhassem também. O frei Gilmar Zampieri, que acompanhava a celebração, conseguiu fazer um registro dos animais.
— A cena foi emocionante. Eles estavam muito atentos, bem disciplinados. Não entraram na igreja, não latiram, não atrapalharam em nada. Estavam paralisados, sem fazer um movimento sequer — disse Gilmar.
O religioso explica que, durante as missas, os cães costumam ficar em um pátio separado, para não atrapalhar as pessoas que frequentam a capela.
— Nesse dia, eles conseguiram se soltar e foram direto para a porta da igreja. Foi um acontecimento simbólico. Se isso acontecesse em qualquer outro ambiente não chamaria tanto a atenção. É uma cena para se refletir — salienta.
Frei Gilmar conta que a imagem fez sucesso no Facebook:
— Recebi muitas mensagens e manifestações carinhosas. As pessoas ficaram bastante comovidas com a situação. Todos se encantaram com a foto — relata.
Libertação animal
O zelo pelos animais é tão forte que frei Gilmar lançou um livro sobre o assunto, em parceria com o frei Luiz Carlos Susin. Com o título A vida dos outros — Ética e teologia da libertação animal, a obra apresenta, de uma maneira simples, uma nova visão do relacionamento dos seres humanos com os outros seres animais.
Os frades abordam o sofrimento dos animais de circo, zoológicos, touradas, rodeios, farra do boi e outros onde a dor está presente em mutilações, privações e maus-tratos diversos, e dos bichos usados como cobaias em testes e pesquisas.
Em um trecho da obra, os religiosos enfatizam:
“Os animais são os outros dos humanos, que apelam, a seu modo, para a nossa consciência moral e religiosa. Uma ética e uma teologia inspiradas pelo ‘princípio compaixão’, pelo ‘princípio libertação’ e pelo ‘princípio cuidado’ não podem ficar indiferentes ao sofrimento e morte de nenhuma criatura inocente. Os animais, os ‘outros do humano’, são criaturas inocentes em permanente sofrimento e morte, esperando compaixão, libertação e cuidado.”
(da Revista do Correio)
Os detetives particulares, além de não serem coisa de filme, prestam um serviço importante para donos de pets. O principal motivo para a investigação especializada é o furto premeditado dos animais de raça. Felizmente, esses casos costumam ser de mais fácil resolução que desaparecimentos comuns, já que, segundo o detetive particular Deusdete Corrêa, geralmente é possível descobrir algo por meio de testemunhas ou de câmeras de segurança.
De acordo com o detetive Edilmar Lima, os malfeitores geralmente buscam lucro vendendo o bicho ou usando-o como reprodutores. Há cerca de nove anos, Lima e sua equipe descobriram uma “fábrica de filhotes” no entorno do DF. Os cães não tinham procedência clara e o responsável pelo local acabou condenado na Justiça. A pena foi o pagamento de cestas básicas. Lima diz que as habilidades de um detetive pet são as mesmas de um profissional convencional. Tudo começa com perguntas na vizinhança e fotos do desaparecido. “Apesar de acharem que cachorro não deixa pistas, deixa sim. Alguém sempre vê, é quase o mesmo trabalho”, explica. Lima conta ainda que a denúncia anônima é uma aliada. “Às vezes, o empregado da casa reconhece os patrões com um cão desaparecido e denuncia — ajuda muito também.”
Ele se especializou na área há mais de 20 anos, a partir de um caso “familiar”: o cão de sua companheira havia fugido na primeira vez em que desceu do apartamento. Na ocasião, Lima já trabalhava como detetive e foi questionado por que não poderia ir atrás do animal, já que buscava pessoas. No fim das contas, o filhote foi localizado na casa de quem o vendeu! É que o cãozinho ainda se lembrava do endereço anterior. “Foi assim que peguei gosto pela coisa”, resume.
Deusdete Corrêa ressalta o potencial afetivo da atividade. “Entrei no ramo nem tanto pensando em ganhar dinheiro, mas em ajudar o próximo, porque o bicho de estimação hoje é como se fosse um filho”, observa. Para quem está em busca de uma mascote “desaparecida”, ele sugere distribuir cartões com o contato e oferecer uma recompensa pelo paradeiro. O valor, porém, não deve ser explicitado, pois poderia incentivar o sequestro de animais. Detetives também ajuda nesses momentos, pois estão preparados para resolver situações em que a outra parte tente agir de má-fé. Laudirene Pereira, 35 anos, está apostando nos serviços de detetive particular para encontrar Bob. O shih tzu, 1 ano, desapareceu em 7 de janeiro, quando visitantes esqueceram o portão da casa da empresária aberto, em Samambaia Sul. Ela imprimiu cartazes, entregou panfletos em todas as casas da quadra em que mora e também na vizinhança, além de contratar um carro de som e fazer anúncios na internet. O investimento não foi baixo: só o uso diário de um carro de som pode ultrapassar R$ 250. Ela estima ter gastado cerca de R$ 3 mil.
Desde o sumiço de Bob, a empresária passou a olhar classificados on-line diariamente em busca de alguma pista do shih tzu. Várias vezes, acreditou estar perto de recuperar o filhote e, recentemente, acabou decidindo comprar outro cão da mesma raça. Laudirene, porém, reconhece que não é possível substituir Bob. “Eu não tinha noção desse universo. Fui em muitas casas, recebi muitas ligações. Tem muita gente que passa pela mesma situação”, diz. Laudirene acredita que o cão não retornará. “Minhas filhas até hoje choram. Eu sei que há muitos canis clandestinos por aí…”, lamenta.
De fato, com o passar dos dias, a missão fica cada vez mais difícil. Edilmar Lima, porém, conta que existem casos de pets que são encontrados depois de meses, e que os tutores não devem perder a esperança. “Não recomendo desistir”, sentencia.
Alguns dos obstáculos incluem o vínculo que pode surgir entre o animal e a nova família. “Às vezes, a pessoa que recupera na rua não tem intenção de ficar, pega para proteger, mas, com o passar do tempo, toma afeto”, observa o detetive. Laudirene, porém, é categórica ao tratar de pessoas que se recusam a devolver um pet perdido ou roubado: “É mais fácil dizer para minhas filhas que o Bob está bem, com alguém que está cuidando e gosta de animal, mas quem faz isso não gosta. Quem gosta sabe que existe uma família esperando, que daria qualquer coisa para tê-lo de volta”.
Os valores para a contratação de um detetive podem ser elevados. É possível prestar o serviço por diárias, que podem variar entre R$ 300 e R$ 600, ou fechar um pacote por um período de cerca de 90 dias. Deusdete Corrêa explica que, nesses casos, o custo total fica em torno de R$ 3 mil, e metade do valor é pago antecipadamente.
Ajuda on-line
Segundo o detetive Edilmar Lima, uma das medidas mais eficazes que os tutores podem tomar paralelamente às investigações profissionais é divulgar informações e espalhar cartazes. As redes sociais também têm um papel importante no processo, devido ao grande alcance.
O Procura-se Cachorro é um site que cataloga cães perdidos e encontrados com base no sistema de localização do Google.Os sites Pet Vale e Procure 1 Amigo tratam de várias temáticas pet, mas contam com uma área exclusiva de anúncios de animais perdidos. Sem qualquer custo, o tutor pode cadastrar uma foto da mascote desaparecida e deixar um telefone de contato.
Existem ainda aplicativos, como o brasiliense Pinmypet, que facilitam a identificação do animal. No caso, todo bicho cadastrado no app ganha um perfil, que pode acessado a partir de um tag na coleira.
Anote o endereço completo dos sites mencionados:
http://www.petvale.com.br/cachorros-perdidos/ Pet Vale
http://www.procure1amigo.com.br/animais_perdidos.aspx Procure 1 Amigo
Você viu o Bob?
O cãozinho shih tzu desapareceu em janeiro em Samambaia, mas pode estar em qualquer lugar do DF. Se tiver informações, entre em contato com a dona dele, Laudirene Pereira: (61) 8634-4061.
(Por MARIA EDUARDA CARDIM-Especial para o Correio)(fotos Breno Fortes @cbfotografia)
Dog walker ou, como é conhecida aqui no Brasil, passeador de cachorro é uma profissão que tem ganhado cada vez mais adeptos entre aqueles que buscam uma renda extra no fim do mês. Esse, porém, não é o caso de Filipe Fleury, 12 anos, e Rodrigo Fernandes, 11. Os amigos oferecem o serviço aos moradores do prédio onde moram, no Sudoeste, gratuitamente. A ideia surgiu do desejo de ter um cachorro dentro de casa — vontade vetada pelos pais. O jeito foi pensar em uma maneira de estar perto dos animais sem ser dono de um.
Tudo começou quando Filipe pediu para brincar com o animal de estimação da vizinha. “Sempre quis ter cachorro, mas meus pais nunca deixaram, então, tive a ideia de brincar com a cachorrinha da minha vizinha, que não tinha muito tempo para descer com ela”, conta Filipe. Magda de Carvalho, 43, é vizinha de porta de Filipe e adotou, recentemente, a cachorrinha Eva, da raça west highland white terrier. A empresária observou o interesse das crianças em estar perto dela e achou muito interessante. “O mais legal disso tudo é o lado afetivo da criança, que é estimulado em contato com o animal”, comenta.
Após brincar e descer com Eva algumas vezes, Filipe e Rodrigo fixaram nos elevadores um comunicado, no qual eles se disponibilizavam a passear com cachorros sempre que os donos estivessem cansados ou não tivessem tempo para a tarefa. O passeio ocorre às terças, quintas e sextas, no período da tarde. Brincar com os cachorros é a parte favorita dos meninos na caminhada, que, por questões de segurança, ocorre apenas no gramado embaixo do prédio.
Os pais apoiam a atitude dos filhos e contam que a ideia teve uma boa receptividade no bloco. A clientela e a confiança dos moradores crescem ao passar dos dias. “No prédio, todos os vizinhos se conhecem e são amigos, logo já têm uma confiança. Alguns até querem colaborar, mas o serviço é gratuito”, conta Ângela Tatiana, mãe de Rodrigo.
A atividade permite o contato com os animais sem ter que interferir na rotina na casa toda. A mãe de Filipe, Flávia Corrêa, comenta que a insistência do filho em ter um cão reduziu depois das caminhadas. “Ele me pedia cachorro todos os dias e, hoje, até essa vontade diminuiu um pouquinho.” Além disso, ao unir o útil ao agradável, a mãe garante que o filho só tem a ganhar: aprende a noção de ajudar o outro e fica tranquilo após a atividade.
A primeira cliente, Magda, concorda. Para a empresária, o lado humano do serviço tem grande destaque. Além de ser importante para o cachorro passear e brincar, quem se propõe a fazer o serviço ganha com isso. “Hoje, é raro ver serviços sendo oferecidos de graça por aí, tudo vale dinheiro. O melhor de tudo isso é a humanização que isso traz aos meninos”, conclui.
Mundo pet
Passeador de cachorro é apenas uma das variadas profissões e serviços que existe no mundo pet. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o setor faturou, em 2015, R$ 18 bilhões — um crescimento de 7,6% em relação a 2014. Porém, apesar do crescimento geral, a área de serviços do setor, na qual os passeadores de cachorro estão inclusos, apresentou queda de 2014 para 2015. De 17,8%, os serviços passaram a representar 17% do faturamento no ano passado.
Hoje, no mundo, há 1,56 bilhão de animais de estimação. O Brasil ocupa o 4º lugar no ranking, perdendo apenas para a China, os Estados Unidos e o Reino Unido. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2013, o Brasil tem uma população de 132,4 milhões de pets.
Pets em números:
132,4 milhões-Total de animais de estimação no Brasil
52,2 milhões-Quantidade de cães no território brasileiro