Adotar um pet é um presentão para as crianças. Além de encantar, os bichinhos contribuem para uma vida mais sadia
É comum as crianças pedirem um bichinho de estimação “de presente”. Preocupados com o trabalho e a responsabilidade resultantes da adoção, os pais nem sempre cedem. Há, porém, um bom argumento para aumentar a família: os pets colaboram para o desenvolvimento da inteligência emocional infantil.
A bióloga Deborah Villeth é defensora dessa tese. Mãe da Beatriz, 10 anos, e da Mariana, 7, tem, atualmente, seis cachorros em casa. “Desde que minhas filhas eram bebês, elas convivem com cães e gatos. Sempre que posso, resgato, cuido e doo animais. Já cheguei a ter 13 em casa”, revela. Deborah cresceu rodeada de mascotes e contou com a compreensão dos pais, pois queria levar para casa todos os animais abandonados que encontrava.
Graças a essa influência, as filhas da bióloga convivem muito bem com animais desde bebês — ao chegar da maternidade, as duas foram apresentadas e acolhidas pelos pets. “Elas amam. Abraçam, brincam de vestir, de mamãe e filho… Por vezes, digo que os cachorros sofrem na mão delas. Elas fazem das pobres os melhores brinquedos”, brinca.
Foto: Arquivo Pessoal. Beatriz e a gatinha Síria.
O carinho não é apenas com os cães. Apesar do preconceito que ainda cerca a relação entre gatos e bebês, a família tinha uma gatinha chamada Síria, que demonstrava muita paciência com a Beatriz. As duas eram grandes companheiras — a menina ficava agarrada à felina como se fosse pelúcia — e sempre assistiam à televisão juntas. Além de todo o amor desenvolvido entre as crianças e os pets, é sabida que a interação proporciona liberação de endorfina, dopamina e outros hormônios que reduzem a ansiedade e relaxam os humanos.
Segundo estudo realizado pela Universidade de Oklahoma, crianças que convivem com cães de estimação têm menos probabilidade de sofrer de ansiedade infantil. Para Deborah, os benefícios são óbvios, a começar pelo senso de responsabilidade — as filhas ajudam nas tarefas que envolvem os pets e, quando estão em locais públicos, se preocupam em recolher as fezes dos animais. Quando veem, por exemplo, pessoas gritando ou puxando as guias das mascotes, pedem para a mãe intervir. “Sinto muito orgulho da empatia que elas têm e não consigo imaginar nossa casa sem bichos.”
Daniele Vilas Boas é especialista em psicologia infantil explica que a relação entre crianças e bichos de estimação pode trazer grandes recompensas. Mesmo os bebês se beneficiam com o estímulo e interagem engatinhando e emitindo sons. “Não tem por que estipular uma idade específica para introduzir um bichinho na família, já que a troca afetiva e a sensação de bem-estar são enormes”, defende. “O maior aprendizado que posso citar em relação a essa interação é o de se colocar no lugar do outro. A criança aprende novas linguagens, como a corporal e a gestual — isso amplia a capacidade de percepção.”
O médico veterinário Paulo Henrique Lino concorda e completa: “Os animais favorecem muito a evolução das crianças. Elas se tornam mais sociáveis e menos introspectivas — desenvolvem sensibilidade e respeito ao lado humano e animal”. É uma forma de ajudar a criança a não ser somente cuidada, mas a ter noção de como é cuidar de alguém. É o caso da filha da professora Rosalina Bernardo. Ana Beatriz, 9 anos, faz da shih tzu Lucy sua grande companheira. “Ela sempre amou animais, principalmente cachorros. As duas fazem tudo juntas. Brincam, passeiam, dormem na mesma cama. Acho ótimo porque ela também está sempre disposta a ajudar com as obrigações da cadelinha. O senso de responsabilidade dela hoje é outro”, comenta a mãe.
Foto: Arquivo Pessoal. . Ana Beatriz e sua cadelinha Lucy.
Lucy está na família há dois anos e meio e conquista a todos. Antes dela, aos 4 anos, Ana Beatriz teve outro cachorrinho. Por ser seu primeiro contato com um bichinho de estimação, a menina era encantada pelo animal. “Os dois eram ainda mais próximos. A troca de carinho era imensa, e vejo que foi ótimo para estimular a fala e tudo mais.” Paulo Henrique explica que os pets podem ser um ótimo estímulo à linguagem infantil. “As crianças são sempre encorajadas a chamar o pet pelo nome ou mandar sentar, por exemplo.”
De acordo com um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, os pequenos que convivem com cães melhoram consideravelmente as habilidades em leitura. A explicação científica envolve um mundo de sonhos — segundo os especialistas, quando na presença de um cão, as crianças pensam estar lendo histórias para o animal, esquecendo-se do seu próprio aprendizado. Dessa forma, o estímulo torna-se completamente satisfatório. Por presenciar os benefícios em sua própria casa, Rosalina Bernardo não hesita em incentivar outras famílias a adotar uma mascote. “Sempre falo para as mães terem bichos em casa. Muitas relutam porque dá trabalho, mas é ótimo e vale super a pena, principalmente por conta da companhia e da alegria”, resume.
Para Ana Beatriz, que é filha única, a cadelinha tem um papel ainda mais importante. “As crianças têm nos animais um companheiro, alguém para quem podem contar tudo sem medo de serem censuradas. Tudo se resume a um novo conhecimento, a lidar com as diferenças e as deficiências. É possível notar o desenvolvimento do senso humanitário desde cedo, com valores como bondade e altruísmo”, detalha a psicóloga Daniele Vilas Boas. Apesar de todos os benefícios, é importante ressaltar que a adoção ou compra de um bicho de estimação deve ser feita de forma consciente. A família e a criança devem levar em consideração os gastos e o trabalho envolvidos, para que não haja abandono posteriormente.
Bom para a saúde
Além de estimular a inteligência emocional das crianças, animais de estimação também têm influência comprovada na saúde dos pequenos. Pesquisas da Universidade de Melbourne apontaram que as crianças que tiveram algum tipo de animal até a idade de 5 anos, posteriormente se tornaram mais resistentes a algumas doenças. Enquanto isso, aquelas que não tiveram a experiência eram mais propensas a desenvolver alergias e infecções respiratórias.
Outro ponto interessante é que presença de bichinhos combate o estresse. Donos de cães ou gatos tendem a apresentar frequência cardíaca e pressão arterial significativamente mais baixas se comparadas àqueles sem animais de estimação. Outro estudo, este publicado no American Journal of Public Health, revelou que a exposição ao ar livre nos passeios com cães pode reduzir os sintomas do deficit de atenção em crianças.
Em homenagem a São Francisco de Assis, o 4 de outubro foi escolhido o Dia Nacional de Adotar um Animal. Os abrigos estão lotados de cães e gatos. Leve um — ou mais — e seja muito feliz!
(por Roberta Pinheiro-Especial para o Correio) (fotos Luís Nova-Especial para o Correio)
“Você gosta mais do Jonatan do que mim”, disse uma vez Paola, 14 anos, para a mãe, Ana Paula de Vasconcelos, 38. “Até em viagem ela (Ana Paula) encontra um jeito de cuidar dos animais. Eles vão para a porta do hotel atrás de comida”, conta outra vez a filha. A dedicação e o empenho da advogada Ana Paula começaram em 2011 quando ela se mudou para o Lago Norte e teve contato com a realidade do abandono. Primeiro, cuidando dos bichos que encontrava atropelados. Depois, passou a dar comida para os que passavam fome até, atualmente, ser procurada por pessoas que querem denunciar maus-tratos. No Dia de São Francisco e no Dia Nacional de Adotar um Animal, pessoas como Ana Paula mostram a importância da corrente do bem da adoção.
O envolvimento de Ana Paula com o universo da proteção dos animais foi inevitável. A cada cão que encontra precisando de ajuda, a advogada resgata, dá tratamento veterinário, castra e faz parceria com feiras de adoção. Em casa, já tem nove. A vontade era ter mais, mas sabe que não conseguiria oferecer um lar digno como eles merecem. O primeiro contato com a adoção veio com Lilica. Em uma feira, ninguém queria a cachorra de pelo branco e caramelo que não tinha uma pata. “Adotaram toda a ninhada, menos ela”, lembra Ana Paula. Hoje, Lilica é uma chamego com as donas.
Com a profissão, Ana Paula também descobriu uma forma de ajudar esses animais. Não sabe como as pessoas encontram o seu telefone, mas recebe ligações frequentes para denunciar maus-tratos. “Sempre que recebo uma denúncia, ajudo a polícia a instruir os inquéritos, custeio o tratamento veterinário e, se ficar comprovada a denúncia, quando o processo chega ao Ministério Público, o animal não volta ao agressor”, explica. Mas, sozinha, não é tão fácil, e Ana Paula percebeu isso. Pagar remédios, tratamento, encontrar um lar digno requer uma corrente. “Uma corrente do bem”, como define a advogada.
Foi assim que ela e a jornalista Rosimeire Marostica, 43, se tornaram amigas e companheiras no cuidado com animais abandonados. “Ficamos amigas, porque ela foi acompanhando a adoção da Tetê. Criamos afinidade e compartilhamos as mesmas ideias”, conta Rosimeire. Hoje, ela ajuda, temporariamente, Ana Paula a cuidar de Jade, uma preciosidade que a advogada retirou dos maus-tratos na última semana (leia Personagem da notícia). “A adoção traz uma oportunidade de dignidade, de vida, de amor para esses animais. Se não se preocupassem com status, com valor, não teríamos tantos abandonados. O amor não exige raça. É uma oportunidade para eles e para a gente também. O animal representa um amor completamente desinteressado. Quando você consegue amar um animal, você entende o amor desinteressado, ele te ama do jeito que você é, feio, bonito, rico, pobre”, afirma Rosimeire. A jornalista já adotou dois. Além de Tetê, tem o Gum. Um cachorro mais velho que viu sendo atropelado no Rio de Janeiro e pegou para cuidar.
Para a diretora do Projeto São Francisco, Dany Nardelli, ainda existem muitos casos de abandono no DF porque falta consciência do proprietário. “Nenhum animal nasceu na rua. O abandono não é privilégio de um animal vira-lata. Há vários casos de animais de raça. Pessoas que compram por impulso, antes de pensar em como vão administrar isso ao longo dos anos. Quando chega no fim do ano, acham que é mais barato abandonar e depois comprar ou adotar outro”, comenta. Além disso, ela ressalta sobre a importância do controle populacional desses animais.
Paola e mãe, Ana Paula de Vasconcelos(E), resgatam e cuidam de nove animais, entre eles Lilica (branca) e Jonathan (c). Agora, precisam de um lar para Jade.
Preciosa Jade
03/10/2016. Crédito: Luís Nova/Esp.CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Corrente do bem – Amigas que adotam animais. Na foto, a cachorrinha Jade, na Asa Norte.
Não é apenas no nome que Jade é uma pedra preciosa cheia de brilho. No olhar, desde que encontrou carinho e amor, também passou a ver tudo com mais cor e, mais importante, com a cabeça erguida. Na semana passada, a advogada Ana Paula De Vasconcelos, 38 anos, recebeu uma denúncia de maus-tratos. Mais uma ligação relativamente comum na rotina da protetora e cuidadora dos animais. Em uma fazenda, em Brazlândia, Ana Paula encontrou Jade acorrentada. Dos vizinhos, ouviu relatos de espancamento e a razão pela última surra, segundo eles, teria sido uma investida de Jade atrás das galinhas. A advertência do proprietário com um facão rendeu à preciosa cadelinha patas fraturadas e um olho furado. “Ela terá que fazer cirurgia. Está cega de um olho e uma das fraturas é tão antiga que já está calcificada. Preciso muito de um lar para ela. Para que ela tenha uma segunda chance. Para conhecer o lado bom do ser humano. Infelizmente, já cuido de nove cães abandonados em casa e não posso mais oferecer um lar digno para ela”, explica a advogada.
Enquanto espera a adoção, Jade está em um lar provisório. Bastou alguns chamegos que Jade voltou a latir e recuperou a autoestima. “Antes, não levantava a cabeça”, lembra Ana Paula. O brilho está aos poucos voltando. Ainda mancando, ela se aproxima pedindo carinho; se atreve a brincar com outros cachorros e até arrisca uma corrida. “Está aprendendo o que é o amor e o respeito. Apesar de conhecer o lado ruim do ser humano, não perdeu sua doçura e amor. Já está aprendendo a brincar e a receber carinho. Nos primeiros dias, não podia ser tocada que urinava e chorava, com muita paciência e carinho, estamos conquistando a confiança dela e ela já sabe que não irá apanhar mais”, afirma a advogada.
Da vida passada, a pequena de aproximadamente 6 meses deixou para trás o hábito de comer direto no chão e passou a buscar o alimento na vasilha. Agora, também espera reencontrar uma nova casa onde possa até arriscar mais intimidade, como subir na cama, lamber o dono e ganhar pequenos agrados todas as vezes que aprender um novo truque.
Quer adotar Jade? Entre em contato com Ana Paula pelo telefone: (61) 9821.54751
Em 4 de outubro, celebramos São Francisco de Assis, o santo protetor dos animais. Os alunos do colégio Santo Antônio, na 911 Sul, costumam levar seus bichinhos para a bênção, às 8h, e às 14h.
Missas no Santuário São Francisco de Assis, na 915 Norte:
Para incentivar a adoção de animais resgatados, fotógrafa Ricki Beason lança terceira edição do calendário que reúne bombeiros, militares veteranos e policiais americanos. Eles posaram para fotos ao lado de cães tirados das ruas
Em fevereiro de 2014, para contribuir com a comunidade de resgate de animais abandonados de Dallas, Ricki Beason decidiu fotografar cães disponíveis para adoção depois de retirados das ruas de áreas rurais, nas quais eram mais difícil encontrar tutores devido à localização. “Eu não sabia nada sobre fotografia, então eu aprendi sozinha as habilidades que eu precisaria e elas foram melhorando com o tempo e a experiência”, conta em entrevista, por e-mail, ao Blog Mais Bichos. A iniciativa evoluiu, em outubro daquele ano, para o projeto HeartHops and Hound Dogs. Em dois meses, estava pronto o calendário de 2015, no qual bombeiros de New Braunfels, Dallas e Houston posavam com cães resgatados e disponíveis para adoção. “Fiz as fotos, o design gráfico, imprimi e vendi os calendários. Foi impressionante! No primeiro ano, eu arrecadei mais ou menos 6 mil dólares, então cada um dos seis abrigos recebeu 1 mil dólares.”
Para 2016, Ricki fez mudanças. “Eu comecei a trabalhar no calendário em março e mudei para militares veteranos, ao invés de bombeiros. O calendário 2016 tinha veteranos de Dallas, Austin e Houston com cachorros de seis abrigos novos. O calendário de veteranos decolou! Apareceu no Bark Post, Huffington Post, Animal Planet (página do Facebook) e The Dodo.” O resultado foi impressionante: 30 mil dólares.
A Ricki Beason Rescue Photography quer repetir a dose em 2017. O calendário já está pronto e sendo comercializado. “Para o terceiro ano, 2017, mudei algumas coisas de novo — teremos militares veteranos de Dallas, policiais de Austin e bombeiros de Houston com seis novos grupos de resgate. Esse ano eu fiz as sessões de foto em cada cidade e fiz toda a edição e design gráfico do calendário, o que equivale a quase 400 horas de trabalho. Os calendários estão disponíveis agora e eu estou esperando que façam tanto sucesso quanto o de 2016.”
A fotógrafa espera, com o Heartthrobs and Hound Dogs, mudar a percepção das pessoas sobre animais resgatados e construir uma admiração pelos “homens de serviço”, que não são modelos nem atores. “Aqui, eles não só protegem as nossas cidades e país como também oferecem um pouco do seu tempo para ajudar esses cães resgatados”, diz. E continua: “Com muita frequência nós não damos atenção para o animal de abrigo porque ele não é tão glamoroso quanto um de raça, mas esses cães, se recebem uma chance, são os mais bonitos e amorosos cães que uma pessoa poderia pedir”.
Medalhista Tessa dando carinho aos animais (Reprodução/Oito Vidas)
A remadora americana Elle Lougan, que ganhou ouro na categoria Oito com timoneiro feminino nas Olimpíadas Rio 2016, e resolveu voltar aos Estados Unidos com novos amiguinhos: um casal de gatos. Dupla medalha de ouro para Elle.
A atleta conheceu os animais graças ao convite da ONG Oito Vidas, que protege animais em situação de abandono. Ela visitou a Fazenda Modelo, local que acolheu animais resgatados nas regiões ocupadas pelos Jogos Olímpicos, e se apaixonou pelo casal de felinos. Outra medalhista de ouro, Tessa Gobbo, visitou o local e levou carinho e afeto para os animais.
Tigger e Adriene em uma de suas aventuras na praia (Foto/Tigger’s Story- The 21 yr. Old Cat & His Bucket List)
A maioria dos animais mais velhos que buscam um novo lar nunca são adotados e passam seus últimos dias em abrigos para animais. Esse seria o destino do gatinho Tigger, que foi abandonado aos 21 anos por sua família. Mas, por sorte, sua vida se encontrou com a de Adriene Nicole.
Tigger tira um cochilo em seu lugar preferido: a praia (Foto/Tigger’s Story- The 21 yr. Old Cat & His Bucket List)
Ela viu a história de Tigger na internet e decidiu adotá-lo como um amigo peludo para seu outro gato, Stuart, de seis anos. Porém, não demorou para que Adriene descobrisse que o novo mascote sofria de falência dos rins e tinha um tumor do tamanho de uma bola de golfe. Foi aí que ela e o namorado decidiram criar uma lista de aventuras para realizar com Tigger, que adora passear na rua e, principalmente, na praia.
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Tigger à caminho de uma nova aventura (Foto/Tigger’s Story- The 21 yr. Old Cat & His Bucket List)
“A parte mais importante é que a história de Tigger mostra quão incrível é adotar um mascote geriátrico e oferecer a eles os melhores últimos dias! Ele mudou para sempre nossos corações e esperamos que também mude os corações de outros na hora de adotar animais mais velhos“, escreveu ela na página do Facebook dedicada ao gato.
Se já é difícil promover a adoção de pets saudáveis, imagine um cão ou gato com deficiência. Ciente dessa realidade, um grupo de defensores de animais lançou em São Paulo uma campanha chamada #AdoteUmPetComDeficiencia, que promove eventos de adoção e outras ações para sensibilizar as pessoas para que acolham também os animais com deficiência. Conversamos com a idealizadora da campanha, Lívia Clozel. Segundo ela, trazer a campanha também para Brasília só depende de parceria.
Costinha é amputado e aguarda um lar há quase 1 ano. Foto Divulgação
ENTREVISTA/LÍVIA CLOZEL
De quem foi a iniciativa de fazer uma campanha para adoção de pets com deficiência?
A campanha #AdoteUmPetComDeficiencia (https://web.facebook.com/adoteumpetcomdeficiencia/)foi idealizada por mim, junto com os defensores de animais Luiz Scalea e Giuliana Stafanini, do Proteção Animal. O objetivo é criar um evento especialmente para pets com deficiência e especiais, gerando a oportunidade única de unir outras ONGs e protetores e promover a adoção de seus pets, uma vez que eles tem o menor chance de obterem um lar. Todos os pets para adoção devem ser cadastrados, vacinados e vermifugados. Após isso, entram para a seleção dos que vão participar de cada evento. O objetivo é quebrar preconceitos, conscientizar e promover a adoção consciente, gerando conhecimento sobre o assunto e criando um elo entre as pessoas que desejam ter um companheiro de quatro patas e que estão esperando por uma família.
É muito difícil adotarem pets com deficiência?
Neste caso, o índice de adoção é minimo. A maioria dos pets com deficiência participam de inúmeros eventos e acabam não sendo adotados. Dessa forma, acabam passando toda a vida, até a morte, no abrigo. Em um evento de adoção convencional, 90% dos filhotes são adotados. Essa realidade é inversa para os deficientes e os especiais: mais de 90% não são adotados. São considerados pets com deficiência todos aqueles que apresentam problemas motores, mentais, renais, amputados, paraplégicos, cegos, que tomam medicações constantes, necessitam de tratamento periódico etc. Chamamos de pets especiais os de cor preta, os que têm mais de 6 meses e os idosos, grupos que têm menor índice de adoção. A campanha prova que um pet com deficiência tem uma vida normal: muitos deles não precisam sequer de acompanhamento médico por conta da deficiência, e todos são grandes companhias! Sem contar que, na verdade, o preconceito é que é uma deficiência e impede a adoção absoluta de qualquer tipo de animal!
Há estimativas sobre pets deficientes no Brasil?
Não existem dados oficiais, entretanto, sabemos que a maioria (90%) acabam vivendo a vida toda em abrigos. A maioria de adotantes querem filhotes bonitos. Em um evento misto com filhotes e cães deficientes, a maioria dos filhotes é adotada, enquanto a maioria dos deficientes volta para o abrigo. Então, o objetivo da campanha é criar um evento especial somente para deficientes e especiais. Desta forma, quem vai até lá vai consciente! Seja para adotar, seja para conhecer o projeto.
Na sua opinião, por que é tão difícil que sejam adotados?
Não faz parte da cultura do brasileiro adotá-los. O comum é pegar os mais bonitinhos, olhos azuis, branquinhos etc. Existe também muita falta de informação. Não são todos os animais deficientes que precisam de medicação e tratamentos periódicos. Isso é um mito! Entretanto, existem alguns que precisam sim.
Que tipo de campanha costuma surtir efeito?
Nós fazemos o evento de adoção mensal, além de assessoria de imprensa e promoção em redes sociais, para divulgar os eventos de adoção e a campanha.
Pensam em expandir esse trabalho para além de São Paulo?
Sim, nos dependemos de patrocínio e parceiros, também de voluntários para ir para outros estados. Mesmo em São Paulo precisamos desse apoio.
O PRÓXIMO EVENTO EM SÃO PAULO
A Campanha #AdoteUmPetComDeficiencia acontece no primeiro domingo de agosto, na sede Andare S.A, localizada na Rua Fradique Coutinho, 380, em Pinheiros, São Paulo – SP, das 9h às 17h.