Você se identifica com seu pet? Isso não é coincidência. Especialistas em comportamento explicam por que cães e tutores costumam ser tão parecidos
Muita gente costuma dizer que os cães são a cara do dono. Afinal, é comum que tutores identifiquem diversas semelhanças com seus cachorros, como comportamento, reações, manias, expressões, entre outros. O que poucos sabem é que há explicações científicas para tanta semelhança.
O zootecnista e especialista em comportamento animal Renato Zanetti explica que há alguns fatores que determinam o temperamento do pet. São eles: genética, ambiente e aprendizagem. Porém, mesmo esses elementos sendo determinantes para a personalidade do cão, eles não atuam de maneira proporcional.
O especialista explica que, se de uma ninhada, você escolheu um cão esperto, destemido e brincalhão, consequentemente ele tem uma genética muito ativa. Se a sua família é animada, sempre brinca com o cão, e mantém uma interatividade constante com o pet, ele também terá o fator ambiente a seu favor, o que faz com que continue elétrico. Logo, o cão aprende que sempre que fizer uma “baguncinha”, terá interações e bons momentos com os membros da família.
“Desta forma, o cão conta com a sinergia dos três elementos determinantes para o seu comportamento, (genética, ambiente e aprendizagem) e adquire características semelhantes às do dono”, afirma.
Segundo o especialista em comportamento animal Stanley Coren, autor de diversos livros sobre o tema, há um mecanismo psicológico capaz de explicar por que uma pessoa pode escolher um cão similar a ela. “A resposta é simples, é familiaridade. Nós gostamos do que nos é familiar. Isso explica por que algumas pessoa vão assistir, ano após ano, a mesa ópera, e porque as estações de rádio que toca apenas os clássicos são tão populares. Um cientista demostrou isso de uma forma bem interessante. Ele mostrou a alguns indivíduos uma série de caracteres chineses, sem qualquer tradução. Quando, mais tarde, as pessoas deviam adivinhar o que cada um dos caracteres significava, os que tinham sido mostrados muitas vezes, ou seja, que já eram familiares, tendiam a ser ‘traduzidos’ pelos participantes do estudo com significados positivos e favoráveis”, diz.
Renato Zanetti ressalta, ainda, que esse mesmo cães com comportamento diferente dos tutores acabam se adaptando e se assemelhando a eles. “Imagine que um cão geneticamente ativo vá morar numa casa com um casal de idosos, com baixa interação física e pouca interatividade. Toda vez que o cão fica quietinho no colo e no sofá, enquanto o casal assiste TV, por exemplo, ele recebe carinho e outros estímulos. O ambiente é o mais pacato possível, e o cão aprende que sempre há uma recompensa quando está calmo. Ele é o mesmo cão geneticamente ativo, mas em ambientes e aprendizagens diferentes”, afirma.
Os tutores, porém, jamais devem deixar de atender as necessidades naturais do cão. Se eles não têm tempo ou disposição para atividades que desafiem o animal mentalmente e fisicamente, hoje há diversas opções, como passeadores, babás de gatos e creches para cães. Isso garante que o animal se adapte bem à rotina da casa, sem, contudo, deixar de ter as atividades das quais precisa.