Cães e gatos: Dupla dinâmica

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Cães e gatos são inimigos em desenhos animados, mas, na vida real, podem se dar superbem

 

A velha história de que cães e gatos não se dão bem não passa de lenda. Os bichinhos podem, sim, viver em harmonia no mesmo ambiente. A professora Patrícia Marangon tem, em casa, três gatos (Pitágoras, Catarina e Gael) e uma cadela (Dalila) e, por incrível que pareça, os pets nunca precisaram ser apartados. “Eles se curtem muito. Cada um tem a sua personalidade e jeitinho de ser, e isso influencia muito, mas sempre os vejo muito abertos a uma aproximação.”

(da Revista do Correio)

foto mostra amizade4 entre cães e gatos
Foto: Arquivo Pessoal. Todos juntos – cadela Fridha e gatinhos Catarina, Pitágoras e Gael.

O primeiro adotado foi Pitágoras, que, apesar de uma síndrome no intestino que causava receio quanto  à introdução de outro bicho na família, abriu espaço para Catarina. Antes de Dalila, havia ainda a cadela Fridha, hoje falecida. “Quando a Fridha chegou, ficou totalmente recuada. Ela sempre respeitou muito o espaço dos gatos”, lembra a professora. A convivência foi pacífica desde o primeiro momento, mas, um dia, Gael tomou a iniciativa de acariciar as patas da cadela. Foi o início de uma bela amizade. “O Gael tem um espírito meio de cachorro e viu em Fridha uma mãe — dormia com ela, ficava juntinho o tempo todo”, recorda a dona.

Dalila entrou na história em 2014, quando Fridha já havia partido. Como ela havia sido resgatada da rua, pouco se sabia sobre sua personalidade. Felizmente, deu tudo certo. “Ela e Gael se dão superbem. Às vezes, ela tenta brincar com os outros gatos, mas eles já não curtem tanto”, detalha. Há momentos em que cada um fica na sua, mas quando Patrícia e a companheira estão em casa, a família se reúne — nos fins de semana, já é uma tradição que fiquem todos no sofá para ver televisão. “Essa história de cães e gatos não se darem bem é besteira. Vejo que todos se respeitam muito e o que faz diferença é a forma como o ser humano possibilita a aproximação”, resume.

A médica veterinária Valéria Cunha explica que qualquer animal pode conviver com outro desde que haja um preparo para isso. Quanto antes o novo pet for introduzido, melhor para a dinâmica do lar. “Isso não quer dizer que, se um deles for mais velho, não dará certo. É só apresentar de forma correta”, aconselha. Pedro Ilha, também médico veterinário, concorda e vê benefícios na companhia que um bichinho faz ao outro. “Hoje em dia, as pessoas trabalham muito, ficam muito tempo ausentes de casa. Então, é legal um ter ao outro. Assim, ficam menos solitários.”

Esse é o caso da cadela Nina e do gatinho Mimi, que não se desgrudam.
A dona, a estudante Amanda Medeiros, conta que Nina sempre gostou de gatos. “Quando descíamos para passear, ela corria para um prédio onde havia uma gatinha e ficava de olho. Por causa desse encanto dela, eu quis adotar um gato, mas o meu medo era de que o bichano a arranhasse.” Amanda deu uma chance e adotou Mimi, que, quando chegou, fez Nina pular de tanta alegria. “Ela cheirava, lambia e não saía do lado da caixinha dele. Ela virou mãe do Mimi. Os dois são superunidos”, relata.

foto mostra amizade entre cães e gatos
Foto: Arquivo Pessoal. Cadela Nina com o gatinho Mimi.

O carinho de um pelo outro é tão grande que, quando Mimi tenta dar uma escapadinha e desce escondido as escadas do prédio, Nina vai atrás e o busca. Quando chegam em casa, os dois brigam, mas logo se acertam novamente. Se tem visita e alguém quer passar a mão em Mimi, Nina fica cheia de ciúme e já chega cheirando a pessoa para ter certeza de que está tudo bem. Além disso, os dois dormem juntos e, quando um acorda, o outro também se levanta.

Amanda acredita que essa interação depende muito da personalidade de cada animal. “Existe cachorro que não se dá bem com cachorro, e gato que não gosta de gato. Isso não tem nada a ver com a espécie. Esse papo de que cão e gato se odeiam é uma ideia vendida por filmes e desenhos animados”, critica. O veterinário Pedro Ilha ajuda a desmistificar essa questão: “Cães e gatos têm formas diferentes de manifestar carinho. É errado comparar os dois. Às vezes, o felino pode se estressar só de sentir o cheiro de cachorro, mas são felinos que nunca tiveram nenhum contato com cães”.

Outra história de amizade entre espécies é a dos pets da jornalista Ana Maria Sousa. A cadela Letícia era a única na casa até a chegada de Lancelot, que por ser muito pequeno, era o “protegido”. “Quando minha filha, Bárbara, chegou com o gatinho, pensei que seria uma confusão enorme. Ela o protegia o tempo todo para que Letícia não fizesse nada contra ele.” Mas, ao contrário do que imaginavam, depois de um tempo, os dois se deram muito bem e hoje não se incomodam em dormir juntos ou dividir rações e carinhos.

Para Ana Maria, o fator decisivo para a adaptação é o ambiente. “Acho que o animal absorve muito do estilo de vida dos donos, então a forma que os criamos facilitou. A Lele é muito receptiva com tudo e todos, talvez por isso tenha sido tão tranquilo.” De vez em quando, o gatinho Lancelot gosta de atiçar a cadela com tapas, mas, mesmo assim, Letícia mantém a pose e continua sossegada em seu canto, provando que até os pets sabem relevar alguns comportamentos em prol da boa convivência.

Assista o vídeo:

https://youtu.be/M7vzaiwhVLE

Bichos: Confira os eventos do fim de semana

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Muitos bichos para adoção em três feiras, evento de observação de pássaros prometem balançar o fim de semana do brasiliense. Aproveite,adote um peludinho e seja uma pessoa mais feliz!

 

cartaz da feira de adoção de bichos da SHB

 

 

Feira de adoção SHB

Sábado 22, das 10h às 16h

SIA trecho 2 – Petz

 

 

 

 

 

 

 

cartaz da feira de adoção de bichos do armazém rural

 

Feira de adoção do Armazém Rural

Sábado 22, das 9h às 15h

409 sul

 

 

 

 

 

 

 

cartaz de feira de adoção de bichos Atevi

 

 

 

Feira de adoção ATEVI

Sábado 22, das 09h às 15h

408 Norte

 

 

 

 

 

 

 

Bichos.foto de uma pessoa observando pássaros

 

Big Day Brasil: um dia para passarinhar

No dia 22 de outubro acontece o Big Day Brasil, evento que reúne pessoas de todo o País para um desafio: observar o maior número de espécies de aves livres em 24 horas. É possível participar de qualquer lugar, seja da janela de casa, nas ruas, em um parque ou numa Unidade de Conservação. O importante é “capturar” a ave com os olhos, sem incomodar o pássaro ou o ninho. As espécies observadas devem ser listadas na plataforma colaborativa eBird  com informações, fotos e/ou filmes.

 

 

 

O menino que sofre e se indigne diante dos maus tratos infligidos aos animais, será bom e generoso com os homens.

Benjamin Franklin

Heróis dos pets

imagem mostra o bico do tucano Zazu sendo recuperado.Pets
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Saúde Pet: Com a ajuda de uma impressora 3D, defensores dos animais criam próteses de bicos, dentes e cascos

 

O filme The Avengers: os vingadores (2012) conta a história de heróis que salvaram os seres humanos da destruição causada pelo deus nórdico Loki. O grupo Animal Avengers não luta contra um vilão tão poderoso, mas também enfrenta uma batalha nobre: resgatar animais silvestres com próteses 3D.

Foto: Animal Avengers/Divulgação. Prótese 3D para animais, Tartaruga Freddy.
Foto: Animal Avengers/Divulgação. Prótese 3D para animais, Tartaruga Freddy.

O grupo surgiu em 2013 e é formado por quatro veterinários, um designer e um dentista forense. “Nosso primeiro ‘paciente’ foi a tartaruga Freddy. O animal foi resgatado de uma queimada e seu corpo foi duramente atingido pelas chamas. O casco foi dilacerado: sobrou apenas uma carapaça que tinha a consistência de uma casquinha de ferida. Nós conseguimos projetar um novo casco para ele, foi um sucesso”, relata Paulo Miamoto, um dos Avengers e professor de odontologia da Faculdade São Leopoldo Mandic.

Miamoto explica o procedimento passo a passo: “Primeiro, escaneamos um bicho saudável e o nosso paciente. Assim, podemos fazer as comparações e as projeções. Em outro momento, o nosso designer modela digitalmente a prótese. Por fim, imprimimos o objeto em uma impressora 3D, que normalmente é feito de plástico PLA”.

O plástico usado é extraído da cana, o que barateia o preço das próteses. “Eu uso minha impressora particular, que custou R$ 3.800, um ótimo investimento. O nosso material é leve, barato e resistente — o quilo custa de R$ 140 a R$ 150. O bico de um tucano gasta somente 100g. A peça demora cerca 50 horas para ficar pronta”, afirma o pesquisador.

Apesar de a inovação ser acessível, é importante ressaltar que nem todos os animais podem se beneficiar da técnica. O grupo realiza uma análise minuciosa para verificar se o paciente conseguirá resistir à cirurgia e se o problema relatado está em áreas do corpo em que não há perigo de infecções. Regiões com uma grande quantidade de vasos sanguíneos têm risco de contaminação e podem ser muito sensíveis. Até o momento, os casos solucionados pelos Avengers foram de fraturas de bico e de perda de dente ou casco.

Quem vê o tucano Zazu passeando serelepe não imagina todo o sofrimento que ele passou. Em março deste ano, o tucano-toco foi resgatado de um quintal em uma casa na Quadra 15 do Park Way. Ele foi encontrado com uma fratura na parte superior do bico. Veterinários do Zoológico de Brasília se mobilizaram para salvar a ave, que corria o risco de morrer devido à dificuldade em se alimentar.“Esse seria um animal eutanasiado, ou seja, sacrificado, pois ele não conseguiria comer sem ajuda de humanos. Precisávamos encontrar uma solução que desse uma vida independente para ele”, conta Rodrigo Rabello, veterinário do zoo e também Avenger.

“A cirurgia tem os riscos de qualquer outra e é feita com anestesia geral. A recuperação dos animais é quase imediata: em 24 horas, eles se acostumam e passam a se alimentar normalmente. Porém, infelizmente, não podem mais ser reintroduzidos na natureza, pois são casos pioneiros e não sabemos o que pode acarretar na vida deles”, alerta Rabello. O veterinário pede cautela no momento de definir se o animal precisa ou não de uma intervenção. “Não é simplesmente fazer uma prótese — animais que estão bem-adaptados com suas limitações físicas não precisam”, ressalta.

Parceiros na luta

Os Avengers não são os únicos a usar técnicas de impressão 3D na recuperação de animais. A ONG Instituto Vida Livre, que trabalha pelo resgate, reabilitação e soltura da fauna silvestre na região da Mata Atlântica, também comprou a ideia. “O instituto desenvolve muitos trabalhos em conjunto com o Ibama. Eu sou engenheiro de produção e, quando recebemos o caso da tucana Tieta, resolvi mobilizar os colegas para projetar um novo bico. O risco da cirurgia era grande, pois o espécime era idoso”, conta Roched Seba, diretor da ONG e coordenador do projeto.

Tieta é uma das vítimas do tráfico, ela foi resgatada de uma feira de venda ilegal de animais silvestres. “A cirurgia foi um sucesso e ela conseguiu se recuperar rapidamente. Recebemos muitos animais na mesma situação. Neste momento, estamos com um periquito em uma condição semelhante. Estamos planejando como será a reconstrução do bico dele, respeitando as peculiaridades da espécie”, relata Seba.

“Nosso próximo passo é passar o conhecimento adiante. A ideia é que essas técnicas sejam popularizadas e que outros profissionais possam aprimorar as próteses. Estamos planejando um evento de três dias, em São Paulo, que contará com a participação de profissionais de diversas áreas. Provavelmente, ocorrerá em novembro”, convida Paulo Miamoto.
 

 

 

 

 

 

Adoção de animais: Confira as feiras do fim de semana

Confira as feiras de adoção de animais
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Adoção de animais nesse fim de semana

Abrigos do DF realizam várias feiras de adoção de animais neste fim de semana. Agora só não adota quem não quer.

imagem mostra cartaz de feira de adoção de bichos

Feira de adoção de bichos do Abrigo Flora e Fauna

sábado 15/10 das 11h às 16h

108 sul

 

 


imagem mostra cartaz de feira de adoção de bichos

 

Feira de adoção de bichos e campanha de prevenção do câncer de mama em animais

do Projeto São Francisco

sábado 15.10 das 10h às 15h

SIA trecho 2, ao lado da Gravia

 

 


imagem mostra cartaz deimagem mostra cartaz de feira de adoção de bichos

 

Feira de adoção de bichos da  Atevi

sábado 15.10 das 09h às 15h

CLSW 101,bloco A, loja 42

 

 

 


imagem mostra cartaz de feira de adoção de bichos

Feira de adoção de bichos do Abrigo Flora e Fauna

Domingo 16/10 da 11h às 15h

SIA trecho 2, ao lado da Gravia

 

 

 

Os animais são amigos tão agradáveis: não fazem perguntas, não criticam.

George Eliot

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Adotar um pet: Até parecem de pelúcia

imagem mostra crianças com seus pets.Adotar um pet
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Adotar um pet é um presentão para as crianças. Além de encantar, os bichinhos  contribuem para uma vida mais sadia

 

É comum as crianças pedirem um bichinho de estimação “de presente”. Preocupados com o trabalho e a responsabilidade resultantes da adoção, os pais nem sempre cedem. Há, porém, um bom argumento para aumentar a família: os pets colaboram para o desenvolvimento da inteligência emocional infantil.

A bióloga Deborah Villeth é defensora dessa tese. Mãe da Beatriz, 10 anos, e da Mariana, 7, tem, atualmente, seis cachorros em casa. “Desde que minhas filhas eram bebês, elas convivem com cães e gatos. Sempre que posso, resgato, cuido e doo animais. Já cheguei a ter 13 em casa”, revela. Deborah cresceu rodeada de mascotes e contou com a compreensão dos pais, pois queria levar para casa todos os animais abandonados que encontrava.

Graças a essa influência, as filhas da bióloga convivem muito bem com animais desde bebês — ao chegar da maternidade, as duas foram apresentadas e acolhidas pelos pets. “Elas amam. Abraçam, brincam de vestir, de mamãe e filho… Por vezes, digo que os cachorros sofrem na mão delas. Elas fazem das pobres os melhores brinquedos”, brinca.

Foto mostra garota e seu gato.Adotar um pet
Foto: Arquivo Pessoal. Beatriz e a gatinha Síria.

O carinho não é apenas com os cães. Apesar do preconceito que ainda cerca a relação entre gatos e bebês, a família tinha uma gatinha chamada Síria, que demonstrava muita paciência com a Beatriz. As duas eram grandes companheiras — a menina ficava agarrada à felina como se fosse pelúcia — e sempre assistiam à televisão juntas. Além de todo o amor desenvolvido entre as crianças e os pets, é sabida que a interação proporciona liberação de endorfina, dopamina e outros hormônios que reduzem a ansiedade e relaxam os humanos.

Segundo estudo realizado pela Universidade de Oklahoma, crianças que convivem com cães de estimação têm menos probabilidade de sofrer de ansiedade infantil. Para Deborah, os benefícios são óbvios, a começar pelo senso de responsabilidade — as filhas ajudam nas tarefas que envolvem os pets e, quando estão em locais públicos, se preocupam em recolher as fezes dos animais. Quando veem, por exemplo, pessoas gritando ou puxando as guias das mascotes, pedem para a mãe intervir. “Sinto muito orgulho da empatia que elas têm e não consigo imaginar nossa casa sem bichos.”

Daniele Vilas Boas é especialista em psicologia infantil explica que a relação entre crianças e bichos de estimação pode trazer grandes recompensas. Mesmo os bebês se beneficiam com o estímulo e interagem engatinhando e emitindo sons. “Não tem por que estipular uma idade específica para introduzir um bichinho na família, já que a troca afetiva e a sensação de bem-estar são enormes”, defende. “O maior aprendizado que posso citar em relação a essa interação é o de se colocar no lugar do outro. A criança aprende novas linguagens, como a corporal e a gestual — isso amplia a capacidade de percepção.”

O médico veterinário Paulo Henrique Lino concorda e completa: “Os animais favorecem muito a evolução das crianças. Elas se tornam mais sociáveis e menos introspectivas — desenvolvem sensibilidade e respeito ao lado humano e animal”. É uma forma de ajudar a criança a não ser somente cuidada, mas a ter noção de como é cuidar de alguém. É o caso da filha da professora Rosalina Bernardo. Ana Beatriz, 9 anos, faz da shih tzu Lucy sua grande companheira. “Ela sempre amou animais, principalmente cachorros. As duas fazem tudo juntas. Brincam, passeiam, dormem na mesma cama. Acho ótimo porque ela também está sempre disposta a ajudar com as obrigações da cadelinha. O senso de responsabilidade dela hoje é outro”, comenta a mãe.

foto mostra garotinha com seu cãozinho.Adotar um pet
Foto: Arquivo Pessoal. . Ana Beatriz e sua cadelinha Lucy.

Lucy está na família há dois anos e meio e conquista a todos. Antes dela, aos 4 anos, Ana Beatriz teve outro cachorrinho. Por ser seu primeiro contato com um bichinho de estimação, a menina era encantada pelo animal. “Os dois eram ainda mais próximos. A troca de carinho era imensa, e vejo que foi ótimo para estimular a fala e tudo mais.” Paulo Henrique explica que os pets podem ser um ótimo estímulo à linguagem infantil. “As crianças são sempre encorajadas a chamar o pet pelo nome ou mandar sentar, por exemplo.”

De acordo com um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, os pequenos que convivem com cães melhoram consideravelmente as habilidades em leitura. A explicação científica envolve um mundo de sonhos — segundo os especialistas, quando na presença de um cão, as crianças pensam estar lendo histórias para o animal, esquecendo-se do seu próprio aprendizado. Dessa forma, o estímulo torna-se completamente satisfatório. Por presenciar os benefícios em sua própria casa, Rosalina Bernardo não hesita em incentivar outras famílias a adotar uma mascote. “Sempre falo para as mães terem bichos em casa. Muitas relutam porque dá trabalho, mas é ótimo e vale super a pena, principalmente por conta da companhia e da alegria”, resume.

Para Ana Beatriz, que é filha única, a cadelinha tem um papel ainda mais importante. “As crianças têm nos animais um companheiro, alguém para quem podem contar tudo sem medo de serem censuradas. Tudo se resume a um novo conhecimento, a lidar com as diferenças e as deficiências. É possível notar o desenvolvimento do senso humanitário desde cedo, com valores como bondade e altruísmo”, detalha a psicóloga Daniele Vilas Boas. Apesar de todos os benefícios, é importante ressaltar que a adoção ou compra de um bicho de estimação deve ser feita de forma consciente. A família e a criança devem levar em consideração os gastos e o trabalho envolvidos, para que não haja abandono posteriormente.

 

Bom para a saúde

Além de estimular a inteligência emocional das crianças, animais de estimação também têm influência comprovada na saúde dos pequenos. Pesquisas da Universidade de Melbourne apontaram que as crianças que tiveram algum tipo de animal até a idade de 5 anos, posteriormente se tornaram mais resistentes a algumas doenças. Enquanto isso, aquelas que não tiveram a experiência eram mais propensas a desenvolver alergias e infecções respiratórias.

Outro ponto interessante é que presença de bichinhos combate o estresse. Donos de cães ou gatos tendem a apresentar frequência cardíaca e pressão arterial significativamente mais baixas se comparadas àqueles sem animais de estimação. Outro estudo, este publicado no American Journal of Public Health, revelou que a exposição ao ar livre nos passeios com cães pode reduzir os sintomas do deficit de atenção em crianças.

Socorro! Elas precisam de um lar e muito amor

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De vez em quando, aqui no Blog Mais Bichos, chegam histórias comoventes. Escolhemos essa manhã de sábado para para tocar seu coração, caro leitor.
Essas duas mocinhas aí embaixo são mãe e filha. Lindas, saudáveis e castradas,
não conseguem ficar longe uma da outra, o que torna a sua adoção muito mais difícil.
Nas tentativas já feitas, chegam a adoecer, param de comer e partem o coração de qualquer um,
como nos relatam as responsáveis pelo Projeto Rua Nunca Mais.
Foram resgatadas na rua há um ano, numa tarde chuvosa.
Chamam-se Suri, 2 anos, e Gabi, a filhota, uma formosura de 1 ano.
cadelinhas cópia
Contato pelo WhattsApp: (61) 9 9974-4889
Projeto Rua Nunca Mais

Patricia Queiroz e Ana Paula Ferreira – Caipi Violet

 

Saúde: cuidado com os beijos

a foto mostra uma jovem com sua cachorrinha para ilustrar a matéria de saúde
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O contato muito próximo com animais de estimação guarda alguns perigos para a saúde. Fique atento, pois certas zoonoses são transmitidas pelo contato com a saliva do pet

 

Ninguém duvida que o amor dos donos por seus pets é imenso. Contudo, independentemente do carinho, é essencial ficar atento às possíveis zoonoses que o indivíduo está sujeito a contrair. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia, os animais domésticos podem transmitir mais de 100 doenças para os humanos. Dos tutores entrevistados, 56% deixam os cachorros dormirem na cama. Já os donos de gatos que tomam essa atitude somam 62%.

Esse é o caso da estudante Gabrielli Mayumi, 20 anos, que adotou a cadelinha Mist há cinco e a tratava como parte da família — a cama era um território livre para a mascote. Após algum tempo, Mist começou a se coçar demais e a dona logo a levou ao veterinário para descobrir o diagnóstico: sarna. A cadela iniciou o tratamento, mas o que Gabrielli não imaginava é que ela também poderia ser contaminada com a infecção. Os mesmos sintomas surgiram e praticamente o mesmo tratamento foi receitado. As duas tiveram que usar sabonetes específicos por cerca de dois meses.

Depois do incidente, a estudante tomou algumas atitudes para evitar outra possível contaminação.

“A Mist continua dormindo comigo, mas sempre fico atenta para ver se ela volta se coçando do petshop. Também tento evitar que ela me lamba, pois não acho muito higiênico e tenho medo de alguma doença”, comenta.

Existem três tipos de sarna, mas apenas uma se caracteriza como zoonose — a sarcóptica. Para ser transmitida, é necessário que haja contato direto com a pele do bichinho. O sintoma é idêntico para humanos e animais: coceira. Felizmente, a doença não oferece maiores riscos, mas é indispensável que seja tratada imediatamente para que não haja descamação da pele ou dermatites.

Segundo a médica veterinária Simone Gonçalves, coordenadora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal, a sarna está entre as zoonoses mais comuns, assim como a raiva, a toxoplasmose e doenças de carrapato. “É importante cuidar bem da higiene do animal, caso a relação entre ele e o dono seja muito próxima.” Isso vale como prevenção tanto para a sarna quanto para qualquer outra doença.

Beijar o bicho e ser lambido por ele não está livre de perigos. Cães e gatos portam bactérias na boca. A Pasteurella, por exemplo, fica na saliva e causa infecção caso entre em contato com feridas abertas. Os sintomas costumam aparecer nas primeiras 24 horas após a infecção e compreendem febre, inchaço, vermelhidão e dor na ferida. A raiva também pode ser transmitida por meio da saliva do animal e oferece grandes riscos para pets e humanos. Ocasionada por um vírus, a doença não tem cura e pode levar à morte. A prevenção consiste em vacinar o melhor amigo.

Apesar disso, Simone Gonçalves acredita que os beijos são quase inofensivos. “Não acho que as lambidas sejam tão preocupantes, pois, em sua maioria, as pessoas que têm o costume de dar beijos nos animais de estimação têm muito cuidado com a higiene deles, o que evita a transmissão de possíveis doenças.”

O médico veterinário Rodrigo Verdade concorda: “Isso depende muito de cada indivíduo, mas, se você tem um animal sadio, vacinado, vermifugado, com hábito de ir ao veterinário, os riscos são muito pequenos”. Ele explica que bebês, pessoas idosas ou com imunidade baixa estão mais propensas a contrair alguma doença, mas somente se o bichinho estiver contaminado.

A economista Camila Moraes, 26 anos, nunca teve animais de estimação, mas, quando era criança, ela e sua família tinham o costume de passar as férias em uma fazenda. Em certa ocasião, os pais de Camila ficaram preocupados ao encontrar dois carrapatos presos à axila da filha. “Eu me lembro que minha mãe ficou muito assustada. Logo arrancou os insetos de mim, mas ficou preocupada e resolveu me levar ao médico para ter certeza de que estava tudo bem.” Segundo o veterinário Rodrigo Verdade, as doenças transmitidas por carrapatos, como a Doença de Lyme e a febre maculosa, afetam o sangue e podem ser fatais. A infecção, porém, é relativamente rara.

A remoção do inseto deve ser feita com muito cuidado para que o ferrão não fique preso na pele e, após removido, é importante que a área seja limpa com álcool ou alguma solução antisséptica. Vale ressaltar que o médico deve ser procurado caso algum sintoma seja desenvolvido, como febre, dores musculares, torcicolo e inflamação nas articulações. “Para manter os carrapatos longe dos animais, existem produtos específicos, como coleiras e medicamentos. Além disso, a visita ao veterinário deve ser frequente”, resume.

Atenção aos felinos

Algumas zoonoses são transmitidas somente pelos felinos, como a Doença da Arranhadura de Gato, provocada pela bactéria Bartonella henselae e que desencadeia uma infecção na pele de pessoas com o sistema imunológico comprometido. Para evitar, basta manter certa distância de gatos muito ariscos.

Outra doença recorrente dos felinos é a toxoplasmose. Ela oferece grandes riscos para mulheres grávidas, pois leva à malformação do feto e, até mesmo, ao aborto. A zoonose é causada por um protozoário que vive nas fezes dos gatos (os bichanos são hospedeiros intermediários e não manifestam sintomas). “Por oferecer riscos às grávidas, muitas mulheres ligam desesperadas, dizendo que os médicos aconselharam que elas se livrassem dos seus gatos, mas não há motivo algum para isso. Se a higiene dos bichinhos estiver em dia, e todo o cuidado for tomado na hora de catar as fezes, não há riscos”, explica a veterinária Simone Gonçalves.

A toxoplasmose também pode ser contraída pela ingestão de alimentos contaminados, como carne crua ou malpassada. Assim, lavar bem os alimentos e as mãos é de suma importância para a prevenção da doença.

Bravos sobreviventes

Imagem do Cão Jojo, que possui uma deficiência física
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Deficiência física, os desafios do dia a dia não são enfrentados apenas por pessoas, alguns animais também têm que aprender a conviver com certas dificuldades.

 

Na casa da professora Luciana Pereira, 50 anos, foi preciso criar uma rotina rígida para facilitar o convívio com a bull terrier albina Zara, de 9 anos. A cachorrinha, por ter nascido surda, não atende a comandos para comer ou para passear. Quando filhote, ela não escutava os rosnados e os latidos dos cães mais velhos no canil em que vivia. Assim, Zara sofreu com ataques e mordidas que lhe renderam cicatrizes no focinho.

A família desenvolveu, então, técnicas para condicionar a cadela. Foi estabelecido um horário fixo para o café da manhã e para o jantar, as duas refeições diária de Zara. Às 7h da manhã, ela sai de sua casinha e come do lado de fora da cozinha, perto de seus tutores. O mesmo comportamento é repetido ao fim do dia, na hora do jantar. Além disso, a família estabeleceu uma nova forma de comunicação com a cachorra: “Criamos alguns gestos que ela se acostumou a obedecer. Por exemplo, braço estendido é para ela ir para a casinha; quando damos alguns pulos laterais, ela sabe que a estamos chamando para brincar. Nós criamos uma espécie de libras canina”, explica Luciana.

Já a gata, Monalisa, 6 meses, foi encontrada pela estudante de medicina veterinária, Isabela Simas, 22 anos, em um bueiro, com as duas patas traseiras e o rabo arrancados. Após uma cirurgia para retirar o osso exposto e o tecido morto, a gatinha não conseguia se movimentar direito, nem fazer as necessidades na caixinha de areia. Isabela conta que não podia sair de casa, pois tinha que ficar cuidando dela.

Toda essa atenção foi recompensada. Hoje, a gatinha já está quase totalmente adaptada. Para se movimentar, ela se arrasta pelo chão. “Depois de dois meses aqui em casa e sem os curativos, ela já usa a caixinha de areia sozinha, pula da cama, e aprendeu a subir, escalando, só com as patinhas da frente”, comemora Isabela. A estudante conta que agora está tentando conseguir próteses para Monalisa, por meio de uma campanha no Facebook (A pequena Monalisa). O objetivo é dar à companheira a chance de voltar a andar normalmente. Como reconhecimento de tanto cuidado, Monalisa, apaixonada por colo, segue Isabela pela casa. Segundo sua tutora, ela é dócil com todos e ama brincar com seu arranhador em forma de ratinho.

Outro sobrevivente é Jojo, um vira-lata de 4 anos, que tem uma pata mais curta do que as outras. Ele foi abandonado após um atropelamento e adotado pela estudante de design, Giovanna Freitas, 21 anos. Ela conta que o cachorrinho não apresenta grandes dificuldades de locomoção. Ele é completamente adaptado à sua limitação: ama correr e observar a rua deitado em um banco de madeira na varanda da casa. Apenas se desequilibra quando o chão está um pouco molhado ou quando, afoito, se mexe muito rápido.

Apesar de um ser pouco desconfiado, logo se acostuma com a presença do visitante.  Jojo é brincalhão e vive “sorrindo” para as pessoas, como define a dona. Foi esse “sorriso” que dificultou ainda mais a adoção dele. “Ele ‘sorri’ quando fica feliz e as pessoas achavam que ele era agressivo. Quando fazia isso, achavam que era rosnado, mas não era. Ele faz isso sempre”, explica Giovanna. Ao contrário, ele é muito sociável. Jojo não desgruda das outras cadelas da casa. A dona dele conta qu,e se as duas não forem juntas aos passeios, o cãozinho fica pedindo para voltar para casa.

Quando a veterinária Isabela Lacerda, 24 anos, decidiu adotar o gatinho Nemo, achou que a adaptação seria um processo difícil. Aos 4 anos, ele perdeu a patinha dianteira da direita, mas vive normalmente. Ele  adaptou-se facilmente e não foi preciso mudar a rotina da casa, ao contrário do que se imaginava. “Ele tem apenas uma dificuldade de alcançar lugares mais altos e convive muito bem com outro gato e uma cadela. Os dois gatos são como irmãos, vivem entre tapas e beijos. A cadela, digamos que eles se aturam”, brinca Isabela.

Tratamentos

 

A médica veterinária Ana Catarina Vale, da Clínica Naturalpet, explica que, no caso da gata Monalisa, o ideal seria o uso de carrinhos, porém, é necessária uma atenção redobrada durante a adaptação do pet ao acessório. “Caso não se acostumem ao carrinho, a roupinha de couro ou feita de algum material mais resistente são ideais para os animais que têm apenas duas patas e se arrastam, para eles não se machucarem e viverem normalmente”, explica a veterinária. No caso de cães ou gatos que tenham sofrido algum acidente; que tenham com hérnias de disco; que sejam diagnosticados com doenças degenerativas, que acometem a coluna e afetem a locomoção, a profissional indica a utilização de medicina integrativa, com homeopatia, acupuntura, além da fisioterapia. “A acupuntura diminui significativamente a dor do animal. Além disso, o dono pode realizar massagens em casa para aumentar o conforto do bichinho”, esclarece.

Pets terão fim de semana movimentado em Brasília

imagem em gif de um gato rebolando Pets
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Um fim de semana Pets. Projeto Acalanto, Projeto São Francisco, Petcães, Atevi, Armazém Rural, Abrigo Flora e Fauna e SHB vão agitar a bicharada!

 

confira:

 

 

imagem de cartaz de feira de adoção de pets

 

 

 

Feira de adoção da Petcães / Projeto Acalanto

Sábado 24.09 das 10 às 17h

SOF Norte, ao lado da Leroy Merlin

 

 

 

 

 

 

 

imagem de cartaz de feira de adoção de pets

 

 

Feira de adoção Atevi

Sábado 24.09 das 09 às 15h

408 Sul

 

 

 

 

 

 

 

 

cartaz sobre palestra sobre cuidados com o coração dos pets no Armazém Rural

 

Palestra Setembro Vermelho do Armazém Rural

Sábado 24.09 às 9h

Armazém Rural

 

 

 

 

 

 

imagem de cartaz de feira de adoção de pets

 

Feira de adoção Abrigo Flora e Fauna I

Sábado 24.09 das 11 às 16h

108 sul

 

 

 

 

 

 

imagem de cartaz de feira de adoção de pets

 

 

Feira de adoção Projeto São Francisco

Sábado 24.09 das 1030 às 15h

SIA trecho 2 ao lado da Gravia

 

 

 

 

 

 

 

 

imagem de cartaz de feira de adoção de pets

 

Feira de adoção Abrigo Flora e Fauna II

Domingo 25.09 das 11 às 15h

SIA trecho 2, ao lado da Gravia

 

 

 

 

 

 

cartaz do mutirão de limpeza do Abrigo Flora e Fauna Pets

 

 

 

Mutirão de limpeza do Abrigo Flora e Fauna

Domingo 25.09

Informações pelo site ou Facebook

Animais: Cifras de amor

imagem mostra a capa da Revista do Correio com uma foto de uma menina deitada em uma cama com seu cãozinho.matéria sobre animais
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Animais: Mesmo com a economia em crise, a indústria pet continua a crescer. Relações cada vez mais íntimas com os bichinhos domésticos ajudam a explicar o lucro.

 

Quando fez 1 ano, Pitoco ganhou uma festa de aniversário com direito a bolo, biscoitos, salgados e doces feitos especialmente para os convidados de quatro patas, além de guloseimas para as famílias humanas. Quando ele teve uma crise de falta de apetite e a ração já não era bem-vinda, a estudante Thalita Ribeiro, 22 anos, foi para a cozinha e passou a preparar uma alimentação natural, à base de arroz integral, carne, legumes e sem sal — hoje, ele já aceita uma mistura de rações. Só bebe água filtrada, passeia muitas vezes ao dia e dorme numa cama quentinha ao lado de sua tutora. “Mas a limpeza das patinhas com lenço umedecido é essencial”, adianta-se Thalita, explicando que os hábitos de higiene não são esquecidos — para o bem dos dois. O guarda-roupas de Pitoco também é completo. Roupas de frio e fantasias de Papai Noel, de policial e de time. Os brinquedos são de ótima qualidade e, quando ela precisou viajar, o namorado foi para a casa dela para que Pitoco não precisasse mudar de ambiente.

Animais: Imagem mostra menina com seu cãozinho deitados em uma cama
Foto: Carlos Vieira/@cbfotografia. Thalita Ribeiro com seu cãozinho Pitoco.

Pode-se dizer que esse “menino”, Pitoco, é uma criaturinha de sorte. Mas Thalita nos diria que sorte tem ela. “É uma relação de amor. Eu não tenho filhos ainda, mas sinto que a minha preocupação e meu carinho por ele é muito similar ao de uma mãe. O carinho do Pitoco por mim também é diferente do resto da família.” Relacionamentos assim, intensos, entre seres humanos e animais domésticos são cada vez mais comuns. Por vezes, descambam para o exagero, a ponto de os especialistas em comportamento dos homens e dos animais alertarem para os riscos da chamada humanização dos pets. Seja como for, essa relação forte impulsiona uma indústria poderosa, que, apesar de sofrer com uma economia em crise, se mantém em crescimento.

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) mostram que o setor pet deve crescer 6,7% neste ano. Até o fim de 2016, o Brasil deverá atingir um faturamento de R$ 19,2 bilhões no ramo, estima a instituição. O Centro-Oeste é bastante ativo no mercado; a região concentra 9% da população canina do país e 7% da felina. Não existem dados oficiais sobre quantos pet shops existem no Distrito Federal, mas é difícil passar por uma quadra comercial que não tenha pelo menos um estabelecimento do tipo.

O presidente executivo da Abinpet, José Edson Galvão de França, define o movimento ascendente como “resiliência do mercado”. Ele explica que o setor tem resistido à crise, apesar do crescimento deste ano ter sido menor do que nos dois anos anteriores. Em 2014, foi de 10%; em 2015, de 7,4%. “A maioria dos setores, principalmente os que envolvem serviços, ficou estagnado ou caiu e teve redução nas vendas. O nosso ainda está vendendo mais e isso é positivo levando em consideração o momento pelo qual o país passa”, avalia José Galvão. O saldo é ainda mais positivo ao considerar que o comércio pet enfrentou o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no começo do ano. “É uma carga tributária muito grande, principalmente porque ela incide sobre um produto essencial, que é a alimentação dos animais”, lamenta Galvão.

O segmento chamado de pet food é responsável por 67,5% do faturamento das empresas, e os tutores não deixam de comprar ração para seus animais. O movimento que muitos têm feito é a migração dos produtos superpremium para opções mais baratas. Além da alimentação, outros dois fatores garantem o crescimento. O primeiro é a grande quantidade de animais domésticos no país — segundo o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), são 132,4 milhões de pets, sendo 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos. Tais estatísticas fazem do Brasil o terceiro maior mercado pet mundial, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido.

A chamada humanização é o outro fator. O diretor de portfólio da NürnbergMesse Brasil, empresa organizadora da Pet South America, Diego de Carvalho, afirma que cada vez mais as pessoas tratam os animais como membros da família. Dessa forma, é natural que gastos com os bichos não sejam cortados do orçamento doméstico com tanta facilidade. O banho semanal vira quinzenal; rações e petiscos são trocados por versões mais baratas; os brinquedos são deixados um pouco de lado. Mas, pela importância que o animal ocupa no núcleo familiar, ele não é privado de lazer ou de pequenos mimos.

A humanização aumenta o valor agregado de mercado. Os gastos com a saúde do pet também não são economizados. Segundo Diego de Carvalho, o Brasil concentra 25% dos médicos veterinários do mundo. Além do valor na família, os animais passam a ter mais relevância na sociedade em si. “Hoje, o animal também é uma ferramenta medicinal. É cão-guia, auxilia a polícia e os bombeiros e, mais recentemente, tem sido importante em práticas terapêuticas”, acrescenta.

 

É preciso ter limites

Apesar de vantajosa para a indústria pet, a humanização nem sempre é o caminho mais saudável para o animal ou para os tutores. Enquanto alguns donos não enxergam desvantagens, especialistas demonstram algumas preocupações. Bruno Leite, terapeuta de cães e especialista em psicologia canina e adestramento, explica que grandes gestos de amor e zelo são relativamente inofensivos. O problema é quando os donos atribuem certa inteligência humana aos bichos. “Os donos acabam castigando seu cão por ‘errar’, quando na verdade ele não faz a mínima ideia do que o humano considera certo e errado. Eles não entendem nossos princípios e normas.”

O código moral dos cães, por exemplo, se resume a ‘seguro versus inseguro’ e ‘vantajoso versus desvantajoso’ e o estereótipo do cão que toma decisões baseado na ética humana como, por exemplo, a famosa Lessie dos filmes infantis, está longe da realidade. Isso pode causar uma sobrecarga de responsabilidade nos animais como forma de justificar o castigo que mina o relacionamento entre cães e humanos. Apesar de serem incrivelmente inteligentes, os animais agem de forma diferente.

O especialista explica que o excesso de punição pode gerar cães cada vez mais destrutivos, agitados, compulsivos e ansiosos. “Primeiro, porque a ansiedade é um efeito colateral dos castigos; segundo, porque muitos donos entendem que amar é transformar o cão num mini-humano; quando amar parece estar mais ligado a entender e aceitar as diferenças”, diz Bruno. Não há problema algum em dar roupinhas, deixar subir no sofá ou preferir não deixar o bichinho sozinho em casa. O importante é priorizar boas caminhadas, brincadeiras adequadas e uma educação baseada em consequências agradáveis, como o adestramento positivo, para que exista um ambiente agradável tanto para a ótica humana, quanto canina.

A grande interação com animais no ambiente interno dos lares tem acompanhado mudanças nas famílias brasileiras com o menor número de filhos e de pessoas que vivem só. A analista de comportamento Laércia Vasconcelos explica que as relações estabelecidas entre humanos e animais de estimação contribuem para a companhia, diminuição de estresse e estimulação de exercício. “Fortes laços afetivos são desenvolvidos e promovem muitas oportunidades de aprendizagem.” Porém, ela ressalta a importância de ficar atento às consequências que essa relação pode trazer consigo, já que muitas vezes, quando o indivíduo humaniza seu pet, ele busca a garantia de lealdade que acredita não ser possível encontrar em outros tipos de relacionamentos.

Um estudo da Universidade de Michigan-Flint analisou a reação de 174 adultos que perderam seu cão ou gato. Os resultados mostram que 85,7% dos donos apresentaram ao menos um sintoma de luto nos momentos iniciais. Após seis meses, a dor ainda era sentida por 35,1% dos adultos, e, mesmo depois de um ano, 22,4% das pessoas ainda sentiam os efeitos da partida. “A expansão da presença de animais de estimação os tem colocado cada vez mais como um integrante da família e o adoecimento ou a perda desses parceiros podem fazer sofrer caso a relação seja muito humanizada. É importante buscar equilíbrio na interação homem-animal doméstico para que não ocorram exageros”, completa Laércia.

“Muitos donos entendem que amar é transformar o cão num mini-humano; quando amar parece estar mais ligado a entender e aceitar as diferenças”

Bruno Leite, terapeuta de cães e especialista em psicologia canina e adestramento

 

 

Amamos. E daí?

animais: imagem mostra entrevistada Simone com sua gata Julhinha
Foto: Arquivo Pessoal. Simone dedica toda sua atenção e carinho à Julhinha, uma de suas gatas.

O estudante Tairo Felipe, 24 anos, dono do pitbull Carmel, deixa claro que, apesar do grande carinho que sente pelo cão, sempre estabeleceu limites. O pet dorme fora de casa, só brinca no quintal e tem seus próprios brinquedos para não sair devorando tudo que vê pela frente. “Animais que são tratados como filhos se tornam donos de tudo e dominam o local, mas eu acredito que o dono é quem dita as regras.” Mesmo sendo teimosos e muitas vezes mandões, Tairo acredita que os animais devem saber diferenciar quem está no comando e que, mesmo não concordando com os excessos, o essencial é sempre dar amor e suprir as necessidades comuns dos bichinhos, como exercícios e brincadeiras.

A professora Simone Alvares, 47, segue, em parte, o mesmo raciocínio de Felipe. As duas gatas, Lilica e Julhinha, são tratadas como deveriam ser — animais de estimação, no entanto, não deixam de ser vistos como membros da família por todo carinho e atenção dispensados a eles. Em casa, a rotina de Simone e do marido também envolve os cuidados com as gatas. Horário da ração, momentos de afago, mantas para inverno, unhas sempre cortadas, olhos limpos com soro, e vermífugo e vacinas sempre na data certa. “Nós quatro somos muito apegados! Sempre converso com elas e deixo dormirem com a gente na cama. Somos uma família.”

Apesar da independência e higiene dos gatos, a professora faz questão de dar toda atenção às suas pets. A caixa de areia está sempre limpa e a ração é servida em pequenas porções várias vezes ao dia para estar crocante a todo momento. Ela checa os olhos e os focinhos das gatinhas para ter certeza que não há nenhuma sujeira e o afago na hora de comer é obrigatório. “Sempre faço um carinho enquanto elas comem e massageio a Lilica quando ela deita na minha barriga.” Os animais podem significar muito para as pessoas e, por isso, Simone acredita que não deve haver tanto julgamento e preconceito. “Há amor para todos os segmentos”, completa.

 

 

 

 

Mercado ecofriendly

Ao enxergar os pets como membros da família, muitas pessoas buscam estender os seus hábitos de vida para cães e gatos. Um exemplo desse movimento é a adoção de medidas sustentáveis e saudáveis. Preocupada com alimentação orgânica e com um consumo que agrida menos o planeta, a médica Aline Saliba, 30 anos, estendeu esse estilo de vida para a gata Glitter, que foi resgatada. Em vez de brinquedos caros ou elaborados, ela tem arranhador ecológico que ganhou da petsitter (babá de animais). O brinquedo feito todo de papelão serve tanto como arranhador quanto como caminha. “Ela adora”, garante a tutora.

Para Aline, o grande benefício de produtos economicamente viáveis, socialmente justos e ambientalmente corretos é o consumo consciente e a ideia de que pequenas atitudes sustentáveis ajudam a fazer a diferença no meio ambiente. É possível agradar o pet e, ao mesmo tempo, contribuir para a qualidade de vida dos consumidores ecologicamente corretos.

A principal reclamação de Aline é a dificuldade em encontrar produtos feitos com recursos renováveis. “A oferta de coisas para pets é muito escassa aqui no Brasil. Tem que procurar bastante! Nas lojas comuns, não é fácil encontrar opções mais sustentáveis”, comenta. A queixa dela pode ser resolvida em breve. Na 15ª Pet South America, feira voltada para o mercado pet, incluindo veterinários, empresários e produtores, que ocorreu no fim de agosto, foram expostos diversos produtos com preocupação sustentável. Cerca de 320 marcas apresentaram produtos para mais de 20 mil profissionais do setor. Este ano, a tendência mais vista foi a preocupação ecológica. Diego de Carvalho, diretor de portfólio da NürnbergMesse Brasil, enxerga o movimento como natural. Os produtos sustentáveis apresentaram um crescimento de 15%, considerando-se embalagens e até mesmo o produto final. “Somos muito cobrados em relação a isso e queremos cada vez mais agregar para a natureza como um todo, não apenas para os animais domésticos”, completa.

O veterinário e dono da empresa Pet Games, Dalton Ishikawa, foi um dos que optou por uma linha de produtos sustentáveis. Com o nome Ecopet, as novas criações de Dalton são comedouros produzidos com polímeros obtidos a partir da mistura de polipropileno com 30% de fibra de coco ou madeira, que são consideradas fontes renováveis potencialmente reutilizáveis. Dalton explica que a motivação para os novos comedouros veio de uma filosofia que faz parte da marca. “Nossos produtos não são apenas brinquedos, eles são chamados de ferramentas de enriquecimento ambiental, pois temos essa preocupação com a saúde e bem-estar dos animais, que se estende para o aspecto ecofriendly.”

A gerente de marketing da Pet Society, Cleiser Kurashima, afirma que o conceito sustentável deve se estender. Ela explica que a marca investe em embalagens recicláveis e os produtos de banho, por exemplo, são de fácil enxágue e secagem rápida, diminuindo o consumo de água e energia, levando em consideração que a grande maioria dos pets não fica quietinho na hora do banho.


 

Bons ares

Ter animais em casa exige cuidado redobrado com a limpeza. A higienização do espaço faz bem para eles e para os donos. Saiba como fazer

 

Na hora de adotar um animal, nem todo mundo pensa nas mudanças de rotina ao adquirir um pet. E as demandas vão além de cuidar da água, da comida e de levá-lo ao veterinário. No momento de fazer a limpeza do canto do bichinho várias dúvidas surgem: “Existe algum produto que deve ser evitado? De quanto em quanto tempo eu troco a areia do meu gato?”

A situação piora se você mora em apartamento ou se o pet tem acesso à parte interna da casa. O que não faltam são relatos de situações desastrosas.

A cozinheira Adriele Ulisses, 23, tem uma cachorrinha e conta que, às vezes, ela urina no sofá. Para tirar o cheiro da traquinagem, ela usa alvejante, mas a mancha continua lá. Ela conta que costuma limpar o local em que os dois cachorros da raça shi tzu ficam todo dia com água sanitária e creolina, mas que mesmo assim quem chega costuma sentir o odor. Paloma, 20, tem duas cadelas da raça chow chow e também garante que a rotina de cuidados com a casa é rigorosa: “Temos que limpar tudo pelo menos quatro vezes ao dia. Lavamos com creolina para tirar o cheiro”.

Muita gente não sabe como conciliar uma faxina eficiente com produtos que não agridam a saúde do animal. Caio Fernandes, diretor de uma empresa especializada em limpeza doméstica, revela que muitos clientes os procuram para realizar um serviço mais pesado, principalmente se a casa possui mais de um pet ou se há problemas com pelos. “É muito importante realizar uma higienização mais profunda da cama e da casa dos bichos, e também de toda a residência, pelo menos uma vez por mês.”

Segundo o médico veterinário Daniel Salgueiro, da Protovet – Clínica Veterinária, limpar o local com desinfetante e depois com álcool garante assepsia e a remoção dos cheiros. Além de não causar dano à saúde animal, ele garante que o álcool é bactericida e germicida, o que torna o ambiente seguro para quem tem criança pequena, por exemplo. Para o veterinário, o ideal é educar o animal para fazer as necessidades fisiológicas em um só lugar. No caso de gatos é mais fácil, já que eles fazem as necessidades na caixa de areia. Para os cachorros, o hábito de urinar e evacuar em um espaço específico é questão de costume.

Ana Teresa França, 45, é bióloga e mora em um apartamento com sete gatos e evita usar lysoforme — uma espécie de desinfetante —, além de detergentes de aromas muito fortes. Segundo ela, o cheiro pode fazer mal aos animais, que são sensíveis.  “Uso muita água sanitária, que não dá alergia neles”, conta.

A médica veterinária Katiane Rocha, dona de uma clínica que tem seu nome, confirma a preocupação. Segundo ela, produtos perfumados podem causar problemas como alergias e devem ser usados com moderação. De acordo com ela, produtos como água sanitária, lysoforme e desinfetante podem ser usados, mas sempre com cautela. “Na forma natural, os produtos químicos são extremamente corrosivos e podem lesar a pele e coxins (parte almofadada da pata), irritando inclusive olhos e trato respiratório doa animais”, alerta. A indicação, assim, é sempre diluir as fórmulas em água.

Tudo nos trinques

Pelos
Nem sempre manter a tosa em dia é suficiente para se livrar dos pelos. Paloma, por exemplo, leva os cachorros para aparar os pelos a cada 20 dias, mas, ainda assim, precisa ser rigorosa com a limpeza da casa. Uma dica que facilita a tarefa é usar o aspirador de pó, mas nem sempre isso é suficiente para tirar a pelagem espalhada, principalmente de estofados. A dica é usar uma luva de borracha, daquelas de lavar a louça, para limpar chão, móveis e sofás. A textura emborrachada faz com que o pelo grude, facilitando a retirada. Para evitar o excesso de queda dos pelos, a veterinária Katiane dá uma dica: “O mais importante é sempre escovar os cães e gatos diariamente, mesmo os de pelo curto, pois assim removemos aqueles fios que estão soltos, evitando que caiam pela casa”.

Odores
Manter as janelas abertas e fazer uso de desodorizantes de ambiente ajudam a renovar o ar da casa. Mas também é preciso agir diretamente no causador do odor. Soluções caseiras, e que não fazem mal para o animal, amenizam os cheiros fortes. Se ainda assim um aroma desagradável persistir,  o médico veterinário Fernandes tem uma recomendação. “Misture 2/3 de água morna com 1/3 de vinagre branco e borrife no local desejado. Deixe secar. Isso elimina os odores das fezes e urinas dos pets”, explica. A solução também vale para limpeza de áreas externas e deve ser usado após o uso de água abundante e de detergente neutro.

Manchas
A melhor maneira de retirar mancha de urina do sofá ou da cama é secar o local sem esfregar. Depois de remover o excesso, use água e detergente neutro, com um pano úmido ou esponja.  Caio, diretor da Zulp, especializada em limpeza, entretanto, alerta: “É muito importante se atentar à composição dos produtos utilizados para evitar que manchem os estofados.”

Acessórios pessoais
É fundamental também manter o local que o animal dorme limpo. Segundo Katiane, o ideal é higienizar a cama e os cobertores a cada 15 dias. Para a limpeza, tanto das roupas quanto das mantas, a orientação é usar de sabão neutro. O amaciante também está liberado. O dono só deve diluí-lo em água para não causar alergias e irritações aos animais. As fezes nas caixas de areia devem ser descartadas todos os dias, e a limpeza completa, uma vez por mês. Os vasilhames dos pets devem ser limpos diariamente após a alimentação e os bebedouros, pelo menos uma vez por dia.

Trabalho em grupo
Para acostumar o cachorro a fazer as necessidades no local correto, leve o ao lugar onde ele deve utilizar logo após se alimentar.
No caso de jornais, sempre deixe uma folha já utilizada, pois o animal identifica o local pelo cheiro.
Usar petiscos para premiar o bicho quando ele usa o local correto é uma ação educativa, que reforça a aprendizagem de onde ele deve fazer as necessidades.
Para fazer a limpeza dos vasilhames, use detergente neutro. Nunca desinfetante, pois pode fazer mal ao animal.
Caso não tenha aspirador, uma opção é utilizar um rodinho de pia e escova de pelos para limpeza. Nunca use vassoura, pois pode espalhar pelos pela casa.
Cobrir a caixa de areia com uma sacola facilita na próxima troca. É só retirar o saco e não será preciso higienizar a caixa com tanta frequência.

(por Ailim Cabral, da Revista do Correio)