Educação inclusiva: compromisso com as famílias atípicas e com quem educa

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Por Eurico Tavares – Vereador de Manaus e Empresário

Hoje eu não falo apenas como alguém que defende políticas públicas. Eu falo olhando para cada mãe, cada pai, cada avó, cada família que já ouviu um diagnóstico e sentiu o chão desaparecer. E falo também olhando para cada professor e profissional da educação que, mesmo sem estrutura, nunca deixou de tentar.

O Transtorno do Espectro Autista não é um rótulo. É uma realidade que faz parte da vida de milhares de famílias. Durante muito tempo, essas famílias foram silenciadas, invisibilizadas e obrigadas a lutar sozinhas. Hoje, o aumento dos diagnósticos não é motivo de medo é sinal de avanço, de informação e de coragem para olhar para a diversidade como ela é.

A ciência nos mostra que quanto mais cedo o diagnóstico e a intervenção, maiores são as possibilidades de desenvolvimento. Mas quem transforma essa possibilidade em realidade é a escola. É o professor que acolhe, que adapta, que observa, que insiste mesmo quando falta recurso. É o profissional da educação que acredita quando o mundo ainda duvida.

Incluir não é apenas colocar a criança dentro da sala de aula. Inclusão é fazer com que ela aprenda, se desenvolva, seja respeitada e se sinta pertencente. Inclusão é olhar para aquela criança e dizer: você importa. E isso muda vidas.

A inclusão não transforma só o aluno com TEA. Ela transforma toda a escola. Ensina empatia, paciência, humanidade. Combate o preconceito e constrói uma sociedade melhor para todos. Uma sociedade que inclui é uma sociedade que não abandona ninguém.

A lei está do nosso lado. A Constituição, a LDB, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Berenice Piana e a Lei Brasileira de Inclusão garantem esse direito. O que falta, muitas vezes, não é lei é compromisso. Compromisso político, compromisso orçamentário e compromisso humano.

E eu quero falar especialmente com os professores. Eu sei que muitos de vocês carregam a sala nas costas. Sei que adaptam materiais em casa, que usam recursos próprios, que enfrentam salas lotadas e ainda assim fazem o possível para não deixar nenhuma criança para trás. Vocês não podem continuar sendo responsabilizados sozinhos. Inclusão não é missão individual do professor. Inclusão é responsabilidade do Estado.

O Plano Educacional Individualizado não pode ser um papel burocrático. Ele precisa ser um instrumento vivo, construído com diálogo, com a família, com apoio técnico e com articulação entre educação, saúde e assistência social. E sempre respeitando o trabalho pedagógico da escola.

A ampliação da formação dos profissionais do Atendimento Educacional Especializado é um avanço, mas formação precisa vir acompanhada de valorização, de apoio e de condições reais de trabalho. Professor não precisa de cobrança excessiva. Professor precisa de respeito.

Nós sabemos onde estão os problemas: falta de profissionais de apoio, salas superlotadas, escolas sem estrutura, ausência de tecnologia assistiva. E enfrentar isso exige coragem política. Exige orçamento, planejamento e prioridade.

Defender a educação inclusiva é defender as famílias que lutam todos os dias. É caminhar ao lado de quem cuida, de quem educa e de quem acredita. É dizer, com ações concretas, que nenhuma criança será deixada para trás.

Essa não é apenas uma pauta. É um compromisso. Com as famílias atípicas. Com os professores. Com a dignidade humana. E com o futuro que nós queremos construir juntos.

 

 

 

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