A despedida de Formiga, a guerreira do Brasil que disputou sete Olimpíadas

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A eliminação da Seleção Brasileira feminina de futebol dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, nas quartas de final, contra o Canadá, encerra a longa e heroica trajetória de Formiga na competição. Quando o futebol feminino tornou-se olímpico, ainda como “patinho feio” nos Jogos de Atlanta-1996, Miraildes Maciel Mota tinha 18 anos. Após sete participações seguidas, a meio campista se despede do evento, aos 43 anos, com duas medalhas de prata olímpicas e muitas conquistas para a modalidade.

“Gostaria de viver mais uma vez aquela emoção de lutar por medalha com a Formiga, mas agradeço demais por tudo que ela fez pela nossa seleção esses anos todos”, disse Marta, emocionada, após a derrota do Brasil nos pênaltis para o Canadá, nesta sexta-feira (30/7), em Miyagi (Japão). “Formiga é uma inspiração para todas as nossas meninas, que podia ter tido um final um pouco mais feliz. Mas ela é guerreira e nos orgulha demais ter tido a oportunidade de jogar mais uma Olimpíada com ela”, completou a capitã brasileira.

Uma personagem que tornou-se conhecida dos brasileiros nos últimos anos fez parte do primeiro capítulo dessa história no maior evento esportivo do mundo. Pia Sundhage também disputou as Olimpíadas de 1996 como jogadora, mas da seleção sueca. Pia e Formiga não chegaram a se enfrentar na naquela competição, porque Suécia e Brasil ficaram em grupos diferentes e a equipe europeia não avançou da primeira fase. Após 25 anos, o caminho das duas voltou a se cruzar com Pia como treinadora de Formiga na Seleção Brasileira.

Em mais de duas décadas, Formiga foi testemunha ocular do desenvolvimento do futebol feminino no Brasil e no mundo. Mais do que isso. A brasileira foi uma das protagonistas da revolução que a modalidade sofreu para ganhar um lugar ao sol. Uma luta travada na maior parte desse período sem ser tratada com a devida relevância que lhe cabe.

“Quando a cortina baixar e a Formiga não estiver mais no meio de campo da Seleção, será incrível se lembrarem de mim como medalhista de ouro”, declarou a jogadora, durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, antes de a eliminação para o Canadá frustrar esse sonho.

Apesar de o destino não ter reservado uma despedida com um resultado esportivo do tamanho da importância de Formiga, ele, ao menos, lhe proporcionou o reconhecimento merecido pela lenda que tem sido no esporte. Formiga também pôde viver, ainda como jogadora da Seleção, conquistas carregadas de simbolismos, como receber diárias e premiações da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) iguais às que a entidade paga aos jogadores que defendem a Seleção masculina.

“Mas, para ser sincera, o que me define não está na cor de uma medalha. Está no suor, na minha história, em tudo que consegui fazer pelo futebol. É assim que gostaria de ser lembrada: ‘Formiga, uma guerreira do Brasil’, assume, Formiga.

Caso exista um consolo diante da queda da Seleção feminina sem a sonhada medalha dourada nas Olimpíadas, esse conforto pode estar em saber que o Brasil sabe perfeitamente a guerreira que Formiga sempre foi nos gramados.

Maíra Nunes

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