Análise: Eliminação do Brasil é dolorida, mas futebol feminino evolui no país

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O Brasil chegou aos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 com a expectativa de quebrar o jejum de 13 anos sem conquistar uma medalha olímpica no futebol feminino. Prata nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008,aequipe verde-amarela, na capital japonesa, estava sob o comando de uma técnica bicampeã. Além disso, Pia Sundhage havia levado as seleções por onde passou à final nas últimas três Olimpíadas.

Em Tóquio-2020, no entanto, a pretensão de pódio foi encerrada. A Seleção Brasileira foi eliminada nos pênaltis, pelo Canadá, após empate por 0 x 0 no tempo normal, no Estádio de Miyagi, pelas quartas de final. Dois anos antes, a treinadora sueca assumia o comando da equipe nacional de um país que, diferentemente dos EUA e da Suécia, sofre as consequências de anos de negligência com a modalidade.

A possibilidade de levar o Brasil ao pódio nas Olimpíadas de Tóquio era real. Pia fez o setor defensivo evoluir consideravelmente, apesar de ter apresentado fragilidades, principalmente diante da China e da Holanda, pela primeira fase do torneio.

Mas o elenco brasileiro era forte ofensivamente. A treinadora sueca ampliou as alternativas com bolas paradas e apostou em jogadoras fisicamente fortes para impor um estilo de jogo de alta intensidade, características das principais seleções do mundo. Contudo, o inédito ouro olímpico era um sonho prematuro.

Ainda assim, a medalha dourada seria uma retribuição merecida às atletas que representam uma geração guerreira do Brasil. Os Jogos Olímpicos de Tóquio marcaram a despedida de Formiga, aos 43 anos, depois de entrar para a história pelas sete participações em alto nível no evento. Cristiane, de 36, havia ficado de fora por opção técnica. E Marta, por ora, preferiu não confirmar uma possível participação nas próximas Olimpíadas, em Paris-2024, quando estará com 38 anos.

“Peço desculpas por não termos conquistado a vaga. Tenho que fazer meu dever de casa para que a gente saia melhor da próxima vez. Talvez pudéssemos imprimir um ritmo mais veloz”

Pia Sundhage, tégnica da Seleção Brasileira

O Brasil teve chance de ir mais longe nos Jogos de Tóquio. Fugiu dos favoritos Estados Unidos e Suécia nas quartas de final, pegando o Canadá, que ocupa a oitava posição no ranking mundial da Fifa – uma atrás do Brasil. No confronto, na sexta-feira (31/7), a Seleção teve a melhor chance com Debinha. A artilheira da Era Pia, com 14 gols, roubou a bola e saiu de frente para a goleira Labbé, que defendeu o chute da camisa 9.

Em resposta, as canadenses acertaram o travessão na cabeçada de Gilles. Na decisão por pênaltis, a goleira Bárbara defendeu a cobrança de Christine Sinclair, artilheira canadense em Olimpíadas, com 12 gols. Mas Andressa Alves e Rafaelle também não converteram, e o Brasil acabou eliminado.

“Tivemos possibilidades de abrir o placar, faltou um pouco de paciência no terço final do campo. Agora, é pensar no futuro, em continuar apoiando as nossas meninas, apoiando a modalidade, porque o futebol feminino não acaba aqui”, avaliou Marta, jogadora eleita seis vezes melhor do mundo.

Estruturação

Antes do sonhado ouro olímpico, o Brasil caminha para a consolidação de mudanças estruturais para o desenvolvimento do futebol feminino. E Pia faz parte desse movimento na Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

A contratação de profissionais com experiência na modalidade e a integração de mulheres em cargos de gestão, como ocorreu com a criação do posto de Coordenadora de Competições, ocupado por Aline Pellegrino, e a chegada da ex-jogadora Duda Luizelli na função de Coordenadora de Seleções, apontam neste sentido.

O processo também passa pelo aumento de investimento financeiro, de visibilidade e da estruturação de um calendário cheio e competitivo. Hoje, o futebol feminino conta com torneios das categorias de base e, a partir de 2022, o Campeonato Brasileiro passará a ser disputado em três divisões. A modalidade terá, ainda, a Supercopa do Brasil.

Maíra Nunes

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