“Fiquei um pouco assustada, não sabia o que esperar”, conta Ana Sátila, sobre pandemia

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A brasileira Ana Sátila conquistou um ouro inédito na Copa do Mundo de Canoagem Slalom, em Tacen, na Eslovênia, no último domingo (18/10). Em entrevista ao Elas no Ataque, a principal canoísta do Brasil fala da frustração pela necessidade do adiamento dos Jogos Olímpicos no auge da carreira e como fez para manter o foco emocional durante a quarentena para ganhar o primeiro ouro dela em uma prova olímpica em etapas da Copa do Mundo na primeira competição após a retomada das disputas internacionais paralisadas por causa do novo coronavírus.

A mineira de 24 anos venceu no C1 (canoa individual), prova em que ela vai estrear nos Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados para julho de 2021. O ouro veio após Ana Sátila completar o percurso em 93s64, mesmo com um toque na baliza sete, que lhe rendeu penalidade de 2 segundos. A prata ficou com a francesa Lucie Prioux, por uma diferença de 1,73 segundos para a brasileira. E o bronze terminou com a americana Evy Leibfarth.

No dia anterior, Ana Sátila cometeu um erro na última baliza da prova do K1 (caiaque individual, que também é olímpica), terminando apenas na 9ª colocação. “Superei o erro de sábado e coloquei forças para buscar esse ouro. As medalhas do Pepe também me inspiraram para conquistar essa hoje”, comentou a brasileira, após a conquista da quinta medalha em Copas do Mundo (ela também tem duas pratas no K1 e dois bronzes no C1).

O brasileiro Pedro Gonçalves, o Pepê, também subiu no pódio na etapa de Tacen da Copa do Mundo. Ele conquistou o ouro no K1 Extremo e o bronze no K1. Os dois têm vaga garantida nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A seleção brasileira de canoagem slalom volta a competir na segunda etapa da Copa do Mundo, em Pau, na França, de 6 a 8 de novembro de 2020.

Ana Sátila levou o ouro inédito pelo C1 (canoa individual) em etapa da Copa do Mundo, na Eslovênia | Cassio Ramon Petry


Veja a entrevista com Ana Sátila, da canoagem slalom:


Qual a sensação de ganhar um ouro inédito em etapas de Copa do Mundo na primeira competição após a paralisação das disputas internacionais?

Foi muito especial! Me sinto honrada em ter a oportunidade de representar meu país e conquistar uma medalha de ouro significa muito. Trabalhei muito e por muitos anos para chegar onde cheguei e finalmente todo esse trabalho foi representado nessa vitória. Estou muito feliz!

Qual foi o impacto da notícia da pandemia de covid-19 para você? E como lidou com o adiamento dos Jogos Olímpicos?

Fiquei um pouco assustada, não sabia o que esperar e estava preocupa em não conseguir dar continuidade ao meu treinamento no Rio de Janeiro. Mas a pandemia foi tomando grandes proporções e se espalhando ainda mais, então, nossa preocupação foi cuidar da nossa saúde em primeiro lugar e ficar onde nos sentíamos seguros. Confesso que no inicio, quando fiquei sabendo sobre o adiamento, foi um pouco triste para mim. Eu tinha muita vontade de competir, mas foi a melhor solução, acho que me ajudou bastante, tento aproveitar muito esse tempo que ganhei a mais e treinar mais forte.

Você chegou a ficar sem treinar por causa da quarentena? Como foi esse período para você?

Durante o período de quarentena, treinei o tempo todo em casa. Improvisamos uma academia, que ficou super bacana e foi excelente para a nossa preparação. E o trabalho na água, conseguimos realizar também em um local próximo de casa, na água parada, mas que foi muito importante para manter a nossa forma.

Quando retomou os treinos na água?

Conseguimos efetuar treinos na água parada, em um ambiente isolado e protegido em Foz do Iguaçu e voltamos para o Rio de Janeiro, para retomar o treinamento na pista olímpica, depois de quatro meses.

Como você fez para manter o foco emocional diante de tantas mudanças e desfios impostos pela pandemia?

Eu tive muito apoio da minha família, meu namorado e minha irmã, que vivem a mesma rotina que eu, então, durante todo esse tempo de isolamento buscamos ajudar um ao outro ainda mais, e encontrar motivação. Graças a eles e a um acompanhamento psicológico com uma grande profissional, eu consegui manter o foco e treinar muito.

E, agora, como está a expectativa para o novo calendário de competições?

Estou muito animada. Voltar a competir depois de tanto tempo foi incrível, quero manter o meu foco e desempenho durante as competições e me preparar ainda mais para os Jogos Olímpicos de Tóquio.

Perfil da atleta

Nome: Ana Sátila Vargas

Modalidade: canoagem slalom

Idade: 24 anos

Naturalidade: Iturama (MG)

Participações olímpicas: Londres-2012 e Rio-2016

Principais títulos: ouro no C1 da etapa de Tacen, na Eslovênia, da Copa do Mundo de 2020; dois ouros (K1 e C1) no Pan-Americano de Lima-2019; ouro na canoagem slalom extremo no Mundial Rio-2017; pratas no K1 da etapa de Praga da Copa do Mundo de 2019 e de 2016; bronze no C1 da etapa de Praga da Copa do Mundo de 2015; ouro no C1 e prata no K1 dos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015.

Entenda a modalidade

Na canoagem slalom, o competidor percorre um percurso de 250m a 400m que conta com 18 a 25 obstáculos, chamados de porta. As portas de cor verde indicam que o atleta deve descer o rio (a favor da corredeira), enquanto, nas de cores vermelhas, é preciso subir (contra a corredeira). O objetivo é passar errando o mínimo possível no menor tempo.

Maíra Nunes

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Maíra Nunes

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