Vitórias de Ceni e Abelão lembram que, há 13 meses, um era campeão e o outro vice do Brasileirão 2020

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As vitórias do Fluminense e do São Paulo no primeiro jogo das finais dos campeonatos Carioca e Paulista refrescam a memória de quem tem como esporte preferido criticar Abel Braga e Rogério Ceni. Eu ou você podemos não gostar da personalidade ou da forma como eles pensam o futebol, mas ambos merecem o mínimo de respeito e não precisamos folhear tantas páginas da enciclopédia do futebol brasileiro para provar isso. É só recuar 13 meses no tempo. Em fevereiro de 2021, ambos decidiam direta e indiretamente o título da Série A. O ex-goleiro levou o Flamengo ao título e o ex-zagueiro ficou com o vice.  Mesmo assim, há quem considere zebra ou absurdo esses dois profissionais derrotarem os portugueses Paulo Sousa e Abel Ferreira no primeiro round das decisões domésticas. Não! Do outro lado também há homens trabalhando.

Mentor da vitória do Fluminense por 2 x 0 contra o Flamengo, Abel Braga levou o Internacional ao vice-campeonato brasileiro em 2020. Sim, ele teve a chance de encerrar 41 anos de jejum quando o “mundo” parou para esperar o desfecho do empate por 0 x 0 com o Corinthians na última rodada daquela edição, deixou a taça escapar dentro de casa, mas teve seus méritos ao dar sequência no ótimo trabalho iniciado pelo técnico argentino Eduardo Coudet.

Uma das virtudes de Abel Braga desde a Copa União de 1988, quando comandava o próprio Internacional na decisão do título contra o Bahia, era simplificar. À época, ele tinha 36 anos. Um jovem promissor à frente de medalhões como Taffarel, Luiz Carlos Winck, Maurício e Nilson. Aos 69, o técnico de Fábio, Felipe Melo e do herói da noite Germán Cano, autor dos dois gols da vitória contra o Flamengo, mantém a essência. Fiel às convicções, fez o que dele quase sempre se espera com ou sem um elenco sortido nas mãos: apostou no contra-ataque.

Gostemos ou não, Abel Braga funciona assim. É o jeito de ele competir. Assim levou o Inter aos títulos da Libertadores e do Mundial de Clubes e brindou o Fluminense com o Brasileirão em 2012. Ele não mudou quando assumiu o plantel milionário do Flamengo em 2019 e não fará revolução na nova passagem pelas Laranjeiras. Parte da torcida ainda o rejeita, principalmente depois da eliminação contra o Olimpia na Pré-Libertadores, mas, talvez, o iminente título carioca contra o arquirrival ajude a fechar as cicatrizes. Pode até perder por um gol no sábado.

Articulador do triunfo do São Paulo por 3 x 1 contra o Palmeiras, Rogério Ceni costuma ser relativizado. Há quem deteste a personalidade forte do ex-goleiro desde os tempos de jogador e tenha resistência para aceita-lo como ele é. Costuma-se cobrar empatia de quem, na verdade, é pago para entregar futebol não concorrer ao “Mister Simpatia”.

Rogério Ceni é o cara que levou o Flamengo ao título em 2020. Há quem reduza o impacto dele naquela arrancada rumo ao título ao recuar Willian Arão ao papel de volante e se inspirar no velho Pirlo da Juventus para fazer de Diego Ribas o substituto de Gerson no meio de campo, mas aqueles dois truques reinventaram o time e mantiveram a estrutura deixada por Jesus.

O treinador tricolor tem muitos méritos na montagem desse São Paulo que se impôs contra o o atual bicampeão da Libertadores e vice do Mundial de Clubes dentro do Morumbi. Um deles é acreditar nos meninos de Cotia. O interesse — e paciência — por desenvolvê-los. Diego Costa, Léo, Wellington, Igor Gomes, Rodrigo Nestor e Pablo Maia são apostas dele. Adaptar-se à realidade do elenco é outro ponto a se destacar. Ceni gosta do 4-2-4 dos tempos de Fortaleza, mas no tricolor paulista ajustou um 4-4-2 e assim pode ser bicampeão paulista. O maior ídolo do clube está prestes a conquistar o primeiro título como treinador do São Paulo.

Há um ponto em comum nos sucessos de Rogério Ceni e Abel Braga no início vitorioso nas decisões do Paulista e do Carioca. Citei os meninos de Cotia no caso do São Paulo. O tricolor carioca desfruta dos meninos de Xerém. Calegari, André e Ygor Felipe fazem valer a aposta do treinador neles. São comprometidos com o sistema de jogo e aceitam até mesmo carregar o piano para a tentativa do chefe de recuperar Paulo Henrique Ganso.

Além dos meninos, Abel e Ceni têm centroavantes argentinos. Graças aos gols de Germán Cano e Jonathan Calleri, ambos fizeram duas torcidas tricolores sonhar com o que parecia inviável, impossível: títulos estaduais em cima de Flamengo e Palmeiras, dois dos três times mais ricos e badalados da América do Sul. O Atlético-MG que se cuide contra o Cruzeiro.

Marcos Paulo Lima

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