FBL-LIBERTADORES-PARANAENSE-LIBERTAD Vitor Roque comemora o primeiro gol no torneio continental aos 17 anos e 120 dias. Foto: Albari Rosa/AFP Vitor Roque comemora o primeiro gol no torneio continental aos 17 anos e 120 dias. Foto: Albari Rosa/AFP

Vitor Roque e a nova safra de centroavantes em um país cada vez mais carente de camisas 9

Publicado em Esporte

Em tempos de apreensão causada pela carência de um centroavante fora de série na convocação final da Seleção para a Copa do Mundo do Qatar-2022, o Brasil começa a vislumbrar  algumas luzes no fim do túnel para as edições de 2026, 2030, 2034, 2038… 

 

Uma delas quebrou recorde na vitória do Athletico-PR por 2 x 1 contra o Libertad do Paraguai no duelo de ida das oitavas de final da Libertadores. O promissor Vitor Roque tornou-se o mais jovem a marcar com a camisa do Furacão no torneio continental. Estreante, o precoce substituto de Pablo balançou a rede com 17 anos e 120 dias. 

 

Vitor Roque é a maior contratação da história do Furacão. Custou R$ 24 milhões e acumula dois gols e três pênaltis sofridos em 10 exibições com a camisa rubro-negra. A joia tem um “padrinho” forte. Antes de deixar o Cruzeiro, o acionista majoritário Ronaldo “Fenômeno” cravou: “Ele vai chegar lá (na Seleção Brasileira). Tenho certeza. O moleque é diferenciado. Tem cabeça boa, potente, é ousado. Tem muita coisa ainda pela frente, 17 anos, mas é brabo, vai chegar”, profetizou o jogador aposentado eleito três vezes melhor do mundo. 

 

A aposta de Ronaldo é mais uma luz no fim do túnel de um futebol brasileiro carente de centroavantes. O Santos colocou Marcos Leonardo na vitrine. Basta observar as finalizações do jovem de 19 anos para notar que o menino da Vila é diferenciado. O Palmeiras conta com Endrick. O brasiliense está na contagem regressiva para completar 16 anos e assinar o primeiro contrato profissional. Neste ano, o camisa 9 brindou o time com as conquistas da Copa São Paulo de Futebol Júnior e a Copa do Brasil Sub-17. Também ganhou o Torneio de Montaigu pelo Brasil na decisão contra a Argentina. O Corinthians está repatriando Yuri Alberto. O Fluminense lapida John Kennedy. Há opções brotando.

 

Substituir Pablo não era missão simples. O centroavante titular tem um cantinho no coração do torcedor do Athletico. Foi artilheiro do time na campanha do primeiro dos dois títulos na Copa Sul-Americana, em 2018, com cinco gols. Vitor Roque teve chance de fazer mais de um gol. Desperdiçou uma cabeçada e viu o goleiro Martín Silva espalmar outra finalização. 

 

A aposta do Athletico e do futebol brasileiro sintetiza a carência mundial por centroavantes. O homem-gol do Libertad na derrota para o Athletico, por exemplo, era o veterano Roque Santa Cruz, de 40 anos. O reserva dele, que inclusive o substituiu em Curitiba, é o não menos antigo Óscar Cardozo. Ambos são 23 anos mais velhos do que a joia rubro-negra. 

 

É possível contar nos dedos as seleções da Copa do Mundo que contam com camisas 9 fora de série: França (Benzema), Inglaterra (Harry Kane), Bélgica (Lukaku), Polônia (Lewandowski) e Uruguai (Cavani e Luis Suárez) são raras exceções. 

 

Graças a Vitor Roque, o Athletico terá vantagem do empate na partida de volta contra o Libertad, em Assunção. O moleque ajudou a manter a confiança de um time cada vez mais encorpado na gestão de Luiz Felipe Scolari. São 10 vitórias, três empates e uma derrota em 14 jogos. O Athletico está em terceiro lugar no Brasileirão e largou na frente nos dois duelos de mata-mata em disputa. Antes, havia vencido o Bahia de virada na Copa do Brasil. Há um ponto fraco explorado pelos adversários: a dificuldade na marcação das bolas aéreas. 

 

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