Tite verá Real do amigo Carlo Ancelotti em Londres. Como o italiano influenciou o técnico da Seleção

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A pouco mais de sete meses da estreia do Brasil na Copa do Mundo contra a Suíça, em 24 de novembro, Adenor Leonardo Bachi, o Tite, vive uma semana especial. Depois de assistir ao duelo tático entre Pep Guardiola e Diego Simeone no Etihad Stadium na vitória do Manchester City por 1 x 0 contra o Atlético de Madrid, o técnico da Seleção pegou o trem rumo a Londres para apreciar sem moderação o Real Madrid, do amigo italiano Carlo Ancelotti, diante do Chelsea, de Thomas Tuchel, em Stamford Bridge, pelas quartas de final da Champions League.

Tite não esconde a admiração por Carlo Ancelotti. A proximidade com o técnico tricampeão da Champions League por Milan (2003 e 2017) e Real Madrid (2014) começou no ano sabático de 2014, quando deixou o Corinthians e investiu em intercâmbios na Europa com visitas, entre outros, a treinadores como o francês Arsène Wenger no Arsenal e observações de partidas comandadas por Didier Deschamps, comandante da seleção francesa.

O tour é contado no livro Tite, da colega jornalista Camila Mattoso, atualmente na Folha de S. Paulo. A autora conta na página 171 que “era para haver uma conversa ou duas”, mas a abertura do diálogo “virou praticamente uma clínica de especialização”. O treinador brasileiro passou sete dias em Madri, quatro deles acompanhado atividades na Ciudad Deportiva, o badalado Centro de Treinamento do clube merengue. Almoçou e jantou com Ancelotti e assistiu in loco a dois jogos do Real Madrid.

“Aprendi com ele a ser mais direto, a ser mais preciso e conciso na informação. Vi também coisas voltadas para o campo e como ter a lealdade com o grupo”, conta Tite no livro. A observação dos métodos de Ancelotti levou Tite a acabar com o chamado rachão em véspera de jogo. Incorporou o discurso de que a partida é um espelho do que acontece nos treinamentos. Desde então, os 10 minutos iniciais das atividades passaram a começar com o tradicional bobinho seguido de aprimoramento dos conceitos para a partida.

Coincidência ou não, os quatro brasileiros do elenco atual do Real Madrid são convocáveis de Tite para a Copa do Mundo. Dois deles, inclusive, considerados titulares: Casemiro e Vinicius Junior. O zagueiro Éder Militão é o primeiro reserva da zaga formada por Marquinhos e Thiago Silva e o atacante Rodrygo corre por fora na disputa por um cantinho na lista final.

O próprio Carlo Ancelotti fez elogios a Tite em entrevista exclusiva ao livro de Camila Mattoso. “Tite passou uma semana comigo em Madri, em 2014. Ele veio acompanhar um curso e as minhas sessões de treinamento no Real Madrid. Tivemos oportunidade também de almoçar juntos. Tite provou da verdadeira comida espanhola. Ele é uma pessoa muito humilde e tem um conhecimento incrível sobre futebol e táticas em especial”, confidenciou o italiano.

Tite voltou ao batente no Brasil transformado. Levou o Corinthians ao título do Brasileirão de 2015 exibindo um futebol totalmente diferente daquele da conquista de 2011, marcado por várias vitórias por um gol de diferença. Da miscelânea de experiências observando Bayer Leverkusen, seleção da França, Arsenal e o intercâmbio com Carlo Ancelotti no Real Madrid surgiu um novo Tite. Foi o passo decisivo para ele suceder Dunga na Seleção Brasileira em 2016. O melhor técnico do país chegará à Copa do Catar com seis anos e meio de trabalho e será o primeiro, desde Mário Jorge Lobo Zagallo, a comandar a Seleção em dois mundiais consecutivos de forma ininterrupta. Telê Santana disputou 1982, saiu, e voltou para 1986.

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Marcos Paulo Lima

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