Tite ativa “modo Corinthians” contra Argentina e o Brasil está na finalíssima da Copa América 2019

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Passou despercebido. No estádio marcado pelo 1 x 7, a Seleção Brasileira mandou a campo 11 titulares que não entraram em campo naquele 8 de julho de 2014. Nem Daniel Alves. O lateral havia perdido a posição para Maicon nas quartas de final contra a Colômbia.

Talvez, até por isso, Dani, como chamam os espanhóis, tenha jogado tanta bola no triunfo desta terça-feira sobre a Argentina, por 2 x 0.  Eu me recuso a chama-lo de veterano. Javier Zanetti jogou em alto nível com a camisa da Argentina até os 37 anos. Honrou o uniforme da Internazionale até os 39. Quase todo mundo achava o máximo. Aplaudia a longevidade.

Que Daniel Alves jogue pela Seleção ou clube até quando bem entender. A noite de gala do capitão só não mereceu nota 10 por dois motivos: cometeu pênalti ignorado pelo VAR e atacou as críticas à comissão técnica. Disse que Tite e companhia apanham demais. Arthur também foi protagonista de um lance discutível que poderia beneficiar o adversário.

Antes da partida contra o Peru, escrevi matéria no Correio Braziliense mostrando que o Brasil precisa virar uma Seleção de operários. No gol, temos um camisa 1 que não é vazado há nove partidas. São 846 minutos sem sofrer gol em partidas com a amarelinha e pelo Liverpool.

Juntos, Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Filipe Luís ou Alex Sandro estão invictos na Copa América. A retaguarda tem a chance de repetir os feitos do Uruguai (1917 e 1987) e da Colômbia (2001), campeões da Copa América sem serem vazados.

Gabriel Jesus e Roberto Firmino foram decisivos. Isso é importante. O melhor desfecho para o Brasil nesta Copa América é ser campeão sem Neymar. Os atacantes do Manchester City e do Liverpool assumiram a responsabilidade em um jogo grande, contra uma camisa pesada. Bom que Neymar estava lá no Mineirão para testemunhar uma exibição coletiva do goleiro ao camisa 11. Assim, sem Messi, Cristiano Ronaldo ou Neymar, Itália (2006), Espanha (2010), Alemanha (2014) e França (2018) conquistaram as últimas quatro edições da Copa do Mundo.

A camisa 9 não marcava gol em copas desde Fred na goleada por 4 x 1 sobre Camarões, em Brasília, pelo Mundial de 2014. Diego Tardelli não conseguiu na Copa América 2015, Jonas passou em branco em 2016 e Gabriel Jesus amargou jejum em nove jogos — cinco na Rússia e quatro nesta Copa América. Tite abusou demais da sorte, mas um dia ela sorriu para o técnico.

Por falar em Tite, o Brasil venceu jogando no velho estilo Tite. Aquele da era dourada do Corinthians. Firme na defesa e cirúrgico nos contra-ataques. A Seleção teve três oportunidades claras e colocou a bola duas vezes no fundo da rede do goleiro argentino Armani. A estratégia (é bom ter mais de uma) deu ao Corinthians os títulos da Libertadores, do Mundial de Clubes da Fifa, dois títulos do Brasileirão em 2011 e 2015…

Tite finalmente comandará a Seleção no Maracanã. O Brasil parte em busca do terceiro título em seis anos no estádio. A contar de 2013, a Seleçãoo bi conquistou a Copa das Confederações contra a Espanha, por 3 x 0; e o inédito ouro (Sub-23) nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Só não conseguir ir até a arena quando mais interessava, ou seja, na Copa de 2014.

A Seleção de operários precisa de ajustes para a final. Casemiro não esteve numa boa noite. Thiago Silva quase comprometeu. Marquinhos surgiu como anjo da guarda no primeiro tempo. Arthur e Philippe Coutinho, ambos do Barcelona, tiveram atuações abaixo do que se espera.

Achei que a Argentina foi melhor. Mas, como disse o filósofo português Carlos Queiroz — treinador da Colômbia nesta Copa América — futebol não é justo. Se fosse, deixaria de ser esse esporte apaixonante. Lionel Messi bagunçou com o sistema defensivo do Brasil. Viu a trave — e Alisson — salvarem a Seleção em pelo menos três lances.

O Brasil joga a Copa América por resultado. O futebol não arranca suspiros, mas garantiu a presença na final e, talvez, o emprego de Tite. A seleção principal da Argentina segue sem conquistar título desde a Copa América 1993. Disputará a decisão do terceiro lugar pela primeira vez no atual formato, inaugurado justamente há 26 anos.

A Seleção, que até a confirmação da vaga na final havia jogado no novo Maracanã menos vezes do que a Argentina e a Espanha (três cada), terá oportunidade de empatar em grande estilo. Com direito a título no principal estádio do país. Talvez, um final feliz como o de 1989.

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Marcos Paulo Lima

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