Saiba como foi a passagem frustrada do novo técnico do Barcelona pela seleção de Guiné Equatorial

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A maior aventura da carreira Enrique “Quique” Setién Solar não é assumir o Barcelona em crise no meio da temporada 2019/2020. O senhor de 61 anos tem no currículo uma passagem frustrada pelo cargo de treinador da seleção de Guiné Equatorial. Durou pouco…

Era 7 de outubro de 2006. Quique Setién estreava com a missão de classificar a ex-colônia espanhola emancipada em 1968 para a Copa Africana de 2008 no Grupo 5 das Eliminatórias. Além disso, disputaria o Pré-Olímpico para Pequim-2008 e recebeu um desafio ainda maior: comandar a seleção na edição de 2012 na Copa Africana. Guiné Equatorial havia acabado de conquistar o direto de organizar a competição em parceria com o Gabão.

O primeiro duelo foi contra Camarões no Stade Ahmadou Ahidjo, em Yaoundé. Trinta mil pessoas viram os Leões Indomáveis triturarem Guiné Equatorial por 3 x 0. Detalhe: a estrela Samuel Eto’o não participou da partida. Dois gols de Idrissou e um de Webó resolveram o jogo e precipitaram o pedido de demissão de Quique Setién.

O treinador estava desempregado. Recebeu o convite para assumir o cargo deixado pelo brasileiro Antônio Dumas, arrumou as malas e embarcou rumo a Malabo, capital do país africano. Não faltou apoio. O presidente do Logroñes à época, Juan Hortelano, firmou parceria com o governo de Guiné Equatorial para reforçar a comissão técnica da seleção.

Quique Setién ganhou a companhia de Esteban Torres e Emmanuel Amunike para auxiliá-lo. O primeiro contato foi inesquecível. “A verdade é que é impressionante ver a paixão que eles têm pelo futebol e pela Liga Espanhola. Você pode até observar jovens com camisas de clubes espanhóis. Mas não vou me acostumar a ver os meninos jogando descalços nas ruas movimentadas, cheias de buracos, com os quais eles não se importam”, desabafou o técnico.

O treinador traçou como desafio descobrir o Samuel Eto’o de Guiné Equatorial. O camaronês era o melhor jogador africano à época, uma referência do futebol do continente e do Barcelona.  Era o parceiro de Ronaldinho Gaúcho na conquista do título da Champions League de 2006. “Na minha primeira viagem, conheci o trabalho dos salesianos de Bata, onde eles têm uma escola com centenas de crianças. Esse poderia ser um dos locais escolhidos para um gramado artificial, o que nos impediria de viajar para um país onde infraestruturas não são muito boas”, disse à época Setién, animado com a operação caça-talentos.

O missionário da bola chegou a exaltar o interesse estatal de Guiné Equatorial. “O que mais me excita é o compromisso do governo de levar a sério o desenvolvimento do esporte no país”.

No entanto, Quique Setién se decepcionou. Aquela partida contra Camarões foi a única dele à frente de Guiné Equatorial. Com a experiência de quem disputou uma Copa do Mundo como jogador — era o camisa 12 da Espanha no México, em 1986 — e se preparou para ser treinador, ele começou a enxergar armadilhas no projeto oferecido a ele.

“Em princípio, era mesmo uma oportunidade. Eu queria pelo menos acreditar nela. Mas, com o passar do tempo, percebi que as pessoas não tinham seriedade. Eu me encontrei um dia com o presidente da Federação e um parente da cúpula. Depois disso, em uma das viagens, passei três dias no hotel sem que ninguém aparecesse. Isso foi definitivo para desistir”, disse à época.

Setién foi substituído pelo brasileiro Jordan de Freitas, um dos 18 treinadores que passaram pelo cargo desde a demissão do novo dono da prancheta do Barcelona. Guiné Equatorial é uma máquina de triturar técnicos. A média de 2006 para cá é de quase um por ano. Portanto, quase ninguém que passa por lá tem culpa pelos maus resultados. Muito menos o novo comandante de Lionel Messi, Antoine Griezmann, Luis Suárez e dos brasileiros Neto e Arthur.

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Marcos Paulo Lima

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