Requentado, novo formato da Copa quase levou Argentina e Itália da “repescagem” ao título

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O anúncio do novo formato da Copa do Mundo na Assembleia da Fifa realizada nesta semana, em Kigali, capital de Ruanda, país localizado no continente africano, ressuscita uma velha fórmula do tempo em que o torneio era disputado por 24 países e realimenta a possibilidade bizarra de uma seleção classificada por índice técnico — uma espécie de repescagem da fase de grupos — conquistar o título. Argentina e Itália foram beneficiadas pela equação maluca e quase bateram campeãs nos anos 1990.

A Copa do Mundo admitiu essa possibilidade nas edições de 1986, 1990 e 1994. O torneio tinha 24 seleções divididas em seis grupos com quatro países cada. Uma fórmula tão complicada de trabalhar quanto a próxima, a primeira com 48 nações. Para preencher as oitavas de final, quatro vagas eram destinadas aos quatro melhores terceiros colocados.

Isso permitiu pelo menos duas bizarrices. Em 1990, a Argentina terminou a primeira fase em terceiro lugar no Grupo B contra Camarões, União Soviética e Romênia. Avançou às oitavas graças ao índice técnico e alcançou a final depois de eliminar Brasil, Iugoslávia e Itália. Só não bateu campeã porque a Alemanha venceu por 1 x 0 no Estádio Olímpico, em Roma.

Quatro anos depois, a Itália pegou o mesmo atalho. Terminou na terceira posição no Grupo E atrás do México e da Irlanda. O benefício levou a Squadra Azzurra ao mata contra Nigéria, Espanha, Bulgária e finalmente o Brasil na disputa do título. A Seleção conquistou o tetra na decisão por pênaltis após 0 x 0 no tempo normal.

O caso recente mais claro de como esse regulamento é controverso aconteceu na Eurocopa de 2016. Disputado à época por 24 seleções, o torneio classificava quatro seleções pelo tal índice técnico. Portugal terminou em terceiro lugar no Grupo F atrás de Hungria e Islândia. No entanto, conseguiu disputar o mata-mata como um dos quatro melhores terceiros colocados. No fim das contas, os lusitanos se deram bem. Enfrentaram Croácia (oitavas0, Polônia (quartas) e País de Gales (semi). Na final, bateram de frente com a anfitriã França, em Saint Denis, e conquistaram o título inédito com gol de Éder na prorrogação. A regra maluca beneficiou quem praticamente estava eliminado da competição.

A edição de 2026 no Canadá, Estados Unidos e no México reabre a possibilidade de bizarrices como as da Argentina e da Itália na Copa e a de Portugal na Euro. O torneio terá 48 países divididos em 12 grupos com quatro seleções. Os dois melhores de cada e mais os oito melhores terceiros colocados avançam ao mata-mata totalizando 32 classificados. A partir daí, o torneio terá cinco fases eliminatórias em jogo único: 16 avos, oitavas, quartas, semi é a finalíssima. A última Copa teve 64 jogos. A próxima inaugura a era das 104 partidas. Quem chegar às semifinais disputará oito jogos.

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Marcos Paulo Lima

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