Referência de Tite, italiano Carlo Ancelotti completa hoje 1.000 jogos como técnico

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Antes de assumir a Seleção Brasileira, Adenor Leonardo Bachi, o Tite, perambulou pela Europa em busca de reciclagem. Uma das paradas foi no Real Madrid, comandado à época por Carlo Ancelotti. Conversou, aprendeu e até jantou com o treinador que ele considera sua referência no futebol europeu. Campeão da Champions League por Milan e Real Madrid, e atual comandante do Bayern de Munique, o profissional que inspira Tite completa hoje 1.000 jogos na profissão no duelo com o Hamburgo, pelo Campeonato Alemão.

Campeão nacional em três das cinco principais ligas nacionais da Europa — Italiano, Francês e Inglês —, Carlo Ancelotti estreou como técnico em 27 de agosto de 1995, pelo Reggiana, da Itália, onde trabalhou em 39 partidas. Na sequência, foram 86 jogos pelo Parma, 114 na Juventus e 423 no Milan. No Chelsea, mais 109 confrontos. Pelo Paris Saint-Germain, 77. Na passagem pelo Real Madrid, 119. No Bayern de Munique, são 32. Nas 999 partidas como técnico, conquistou 18 títulos.

Questionado em uma passagem pelo programa Bem, Amigos, do SporTV, se prefere Pep Guardiola, José Mourinho ou Carlo Ancelotti, Tite respondeu pouco depois de assumir a Seleção Brasileira. “Ele é o modelo do profissional europeu que gosto, porque é um cara mais sóbrio. Vou pegar os três que vejo como importantes: Mourinho, Guardiola e Ancelotti. Ele é o mais sóbrio, o mais simples. Os outros são mais estrelas. Um (Mourinho) com uma concepção de futebol de muito contra-ataque e sem posse de bola. Outro (Guardiola) de muita posse, que agora está mudando um pouco. No Barcelona tinha muita posse de bola, mas sem contundência, sem verticalizar e ir para o gol. Mourinho e Ancelotti são mais rodados, têm mais tempo, enquanto o Guardiola faz o segundo trabalho dele. Vejo o Ancelotti como um exemplo a ser seguido porque consegue ser efetivo defensivamente (…). Eu me espelho mais nele”.

Ele é o modelo do profissional europeu que gosto, porque é um cara mais sóbrio. Vou pegar os três que vejo como importantes: Mourinho, Guardiola e Ancelotti. Ele é o mais sóbrio, o mais simples. Os outros são mais estrelas

Tite, técnico da Seleção Brasileira

Tite contou como foi o intercâmbio com Ancelotti no Real Madrid, em 2014. “Não tinha total conhecimento do 4-1-4-1 em termos ofensivos, fui procurar aprender. Fui ver literatura e interagir com Carlo Ancelotti, que abriu as portas do Real para conversar, apesar do sistema do Real Madrid quando ataca ser 4-3-3, porque são dois jogadores de velocidade pelo lado. Eles se defendem com duas linhas de quatro e dois atacantes. Fui buscar conhecimentos. Com informação na mão, a gente começa a trabalhar de acordo com o que se acredita”, disse.

Tite passou sete dias no Real Madrid. Acompanhou quatro treinamentos, três jogos do time comandado à época por Carlo Ancelotti e jantou com o técnico italiano como convidado. Conheceu a estrutura do clube merengue da base ao profissional, conheceu a logística e até como Carlo Ancelotti elaborava as preleções.

Nesta semana, Carlo Ancelotti se excedeu. Fez gesto obsceno para a torcida do Hertha Berlim e teve de pedir desculpas. Arrependido, prometeu que isso não se repetirá.

MÁQUINAS DO TEMPO

Os timaços de Carlo Ancelotti nas quatro ligas nacionais em que foi campeão ou vice

Campeão italiano em 2003/2004
Sistema tático: 4-3-2-1

Chamado na Espanha de pacificador no período em que comandou o Real Madrid e brindou com clube com o décimo título da Liga dos Campeões da Europa, Carlo Ancelotti também brilhou na badalada Premier League. A temporada de 2009/2010 foi dele. Um sucesso à frente do Chelsea em um elenco com jogadores de personalidade forte, como John Terry, Ricardo Carvalho, Ballack, Lampard, Anelka, Drogba…

Campeão inglês em 2009/2010
Sistema tático: 4-3-3

O terceiro título em uma das cinco grandes ligas nacionais da Europa foi na temporada de 2012/2013. O clube não ganhava o Campeonato Francês desde 1993/1994. Foi justamente Ancelotti quem começou a valorizar o dinheiro investido pelos árabes no clube. Poderia estar lá até hoje se quisesse. Mas preferiu uma aventura no Campeonato Espanhol.

Campeão francês em 2012/2013
Sistema tático: 4-2-3-1

À frente do Real Madrid, Carlo Ancelotti ganhou quase tudo. Uma Liga dos Campeões em 2013/2014 — título que o time merengue não faturava desde 2002. Conquistou a Supercopa da Uefa, o Mundial de Clubes da Fifa e a Copa do Rei. Faltou justamente o Campeonato Espanhol. Ficou em terceiro em 2013/2014, atrás do campeão Atlético de Madri e do vice, Barcelona. E foi vice do Barcelona em 2014/2015. O maior legado foi ter apaziguado um elenco em pé de guerra depois da passagem de José Mourinho por lá.

Vice-campeão espanhol em 2014/2015
Sistema tático: 4-3-3

Demitido inexplicavelmente pelo Real Madrid, Carlo Ancelotti foi obrigado a tirar um ano sabático. De casa, viu o substituto, Rafa Benítez, irritar a torcida e ser demitido. E o auxiliar na temporada de 2013/2014, Zinedine Zidane, levar o clube ao 11º título da Liga dos Campeões. De volta às pranchetas,é favoritaço a conquistar o Campeonato Alemão depois dos 6 x 0 em cima do Werder Bremen. E aí, quem sabe, ele não retorna à Espanha para liderar o Real Madrid, o Atlético de Madri, quem sabe, um dia, o Barcelona, para finalmente encher uma mão de títulos e se tornar o primeiro campeão nacional nas cinco principais ligas do Velho Continente. Ah, eu ia esqecendo. Ele chegou um dia desses ao Bayern de Munique e já tem um título, a Supercopa da Alemanha. No jogo de ida das oitavas de final da Champions Legue, goleou o Arsenal, de Arsène Wenger. Tem que respeitar…

Marcos Paulo Lima

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