É barbada. Cristiano Ronaldo será eleito nesta segunda-feira pela quinta vez o melhor jogador do mundo. Igualará o recorde de Lionel Messi. E o duopólio sem precedentes na história do esporte completará 10 anos. O número 1 é um ou outro desde 2008, quando o português herdou o cetro do brasileiro Kaká. Consequentemente, o Brasil, que está entre os finalistas representado por Neymar, não ganha o prêmio há uma década. Ainda não será desta vez, em Londres, palco da cerimônia do Fifa The Best. Há chance remota de que ele seja o número 2.
Somos privilegiados de ver em nosso tempo uma disputa de nível tão elevado entre Messi e Cristiano Ronaldo. Ambos passaram dos 30 anos e continuam com a gana de um desses meninos que disputam o Mundial Sub-17, na Índia. Como são fominhas por gols, títulos coletivos e individuais. Os cinco brasileiros que conquistaram a coroa não conseguiram se manter tanto tempo no topo. Ronaldo ganhou três vezes. Ronaldinho Gaúcho foi bi. Romário, Rivaldo e Kaká ganharam uma vez cada. Os Ronaldos faturaram o prêmio no máximo em duas temporadas consecutivas. Messi e Cristiano Ronaldo são insaciáveis.
Por alguns instantes, fiz um exercício de regressão. Imaginei o mundo da bola sem o argentino e o português para saber quem seria os melhores do mundo nos últimos 10 anos. Obviamente pesquisei quem ficou atrás dos dois ou de pelo menos um deles de 2008 para cá. A lista de surpresas e de injustiçados é grande e atinge principalmente dois craques que jamais conquistaram a estatueta de melhor do mundo: Xavi e Iniesta.
Se Messi e Cristiano Ronaldo não existissem, Fernando Torres teria sido eleito pela Fifa o melhor do mundo em 2008. O centroavante espanhol defendia o Liverpool e ficou atrás dos dois na votação do World Player of the Year, como o prêmio da Fifa era chamado à época.
Em 2009, o prêmio teria sido conquistado pelo excelente Xavi, maestro daquele Barcelona de Pep Guardiola que conquistou simplesmente tudo e mais um pouco na temporada de 2008/2009. Xavi ficou atrás do companheiro Lionel Messi e de Cristiano Ronaldo.
Na edição de 2010 ocorreu, talvez, um das maiores injustiças. Iniesta levou a Espanha ao título inédito da Copa do Mundo na África do Sul. Fez até o gol do título na prorrogação na vitória por 1 x 0 sobre a Holanda, no Soccer City. Lionel Messi ficou em primeiro, Iniesta em segundo e Xavi na terceira posição. Cristiano Ronaldo nem apareceu no pódio.
Em 2011, Xavi teria sido eleito melhor do mundo pela segunda vez. Um dos responsáveis pelo título do Barcelona na Champions League ficou atrás de Lionel Messi e de Cristiano Ronaldo e teve novamente o sonho frustrado. No ano seguinte, Iniesta conquistaria o bicampeonato pessoal. Motivo: comandou uma Espanha brilhante no bicampeonato da Eurocopa. No entanto, os jurados não deram bola para o principal torneio do ano e Messi levou o prêmio.
Chegamos a 2013. Sem Messi e Cristiano Ronaldo no mundo da bola, o melhor do mundo poderia ter sido um francês. Franck Ribéry arrebentou ao levar o Bayern de Munique ao título da Liga dos Campeões da Europa diante do arquirrival Borussia Dortmund. Marrento, o meia reclamou muito ao ser superado por Cristiano Ronaldo e Messi.
O prêmio de melhor do mundo da Fifa jamais foi entregue a um goleiro. Sem os fominhas, o alemão Neuer seria eleito o número 1 do mundo em 2014. Neuer foi uma muralha na conquista do tetracampeonato da Alemanha na Copa, mas o título de Cristiano Ronaldo na Champions League com a camisa do Real Madrid pesou na escolha do português.
Em jejum desde 2007, o Brasil teria tirado a barriga da miséria em 2015 com Neymar. O moleque do Barcelona terminou em terceiro lugar. Foi superado pelo campeão Messi e pelo segundo colocado, Cristiano Ronaldo. Sem os dois por perto, Neymar seria bi nesta edição de 2017. O atacante é mais uma vez o candidato a encerrar o duopólio.
Finalmente, em 2016 o prêmio seria novamente de um jogador francês. Artilheiro isolado da Eurocopa, Griezmann levou seu país à final da Eurocopa, em casa, mas os bleus foram derrotados na decisão pela seleção de Portugal, justamente de Cristiano Ronaldo. Foi impossível superá-lo. Griezmann ficou em terceiro lugar, atrás de Messi.
NO CAMPO DOS SONHOS
Eles teriam sido número 1 do mundo se Cristiano Ronaldo e Messi não existissem*
*Critério
Ter ficado atrás de um deles ou dos dois na votação final. Em 2017, Neymar é o único adversário do dois.
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