Qual clube no país pode se dar ao luxo de rejeitar Fred? Uma análise do mercado de camisas 9 do futebol brasileiro

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A crise de Fred no Fluminense expõe (ainda mais) uma outra crise no futebol brasileiro: a carência de um camisa 9, de um centroavante, nos principais clubes do Brasil e na Seleção. Poucos times no país podem se dar ao luxo de não demonstrar nenhum interesse no desfecho da queda de braço entre o ídolo tricolor e o técnico Levir Culpi nas Laranjeiras. Pelos meus cálculos, entre as equipes mais badaladas do país, apenas três podem dar de ombros para o destino do artilheiro do Campeonato Brasileiro em 2012 (20 gols) e em 2014 (18): Flamengo, de Paolo Guerrero; Atlético-MG, de Lucas Pratto; e Santos, de Ricardo Oliveira. O resto…

No Rio, o Vasco tem Riascos e Thalles, mas o técnico Jorginho trocaria facilmente os dois por um Fred. Não tenho dúvida. Riascos vive ótima fase, mas é apenas uma fase. O Botafogo procura um centroavante, aquele cara que vire ídolo, desde a saída de Loco Abreu. Pergunte ao Ricardo Gomes se ele não gostaria de ter um Fred. Entre os arquirrivais do Fluminense, creio que apenas o Flamengo pode ignorar Fred. Afinal, tem um nome à altura: Paolo Guerrero. Sem Fred, o Fluminense teria que se virar no restante do ano com Magno Alves.

Em São Paulo, o Corinthians apostou em André. Até agora, ele não vingou. Tite tem ainda o promissor Luciano. Pra quem teve até pouco tempo Paolo Guerrero e depois Vágner Love, Fred seria, sim, muito bem-vindo no atual campeão brasileiro. E o Timão tem uma carta na manga. Alexandre Pato dificilmente vai ficar no Chelsea. Poderia rolar uma troca por Fred. Cuca também sorriria de orelha a orelha se Paulo Nobre enfiasse a mão no bolso e levasse Fred. O alviverde confia desconfiando em Alecsandro, Lucas Barrios… O São Paulo, nem se fala… Perdeu Luis Fabiano, Alexandre Pato, não confia nenhum pouco no Alan Kardec e o Calleri tem prazo de validade no Morumbi. O Santos se dá ao luxo de contr com o veterano Ricardo Oliveira e o jovem Gabriel, o Gabigol, ou seja, não tem nenhum interesse de entrar no leilão por Fred.

Em Minas, o Cruzeiro necessita demais depois da perda de Marcelo Moreno e do fiasco da passagem de Leandro Damião pela Toca da Raposa. Fred tem história no clube. Em tese, seria unir o útil ao agradável. Fominha, o Atlético-MG não precisaria na minha opinião. Lucas Pratto é o cara do ataque. Mas o presidente Daniel Nepomuceno pode estar antevendo perdas. Pratto tem propostas do exterior faz tempo. Em caso de fracasso ou de sucesso na Libertadores, pode deixar o clube na janela de transferência do meio do ano. Aí, o Galo ficaria sem um camisa 9. Levir Culpi conhece bem o elenco do Atlético. Poderia sugerir, por exemplo, uma troca de Fred por Dátolo. O Fluminense está sem um camisa 10 desde a venda do Conca. É uma possibilidade.

No Rio Grande do Sul, o Internacional está de plantão no mercado à caça de um centroavante. O sonho original era Leandro Damião, mas foi frustrado. Fred conseguiria ser o rei da cocada nas bandas do Beira-Rio. No Grêmio também. A torcida tricolor está “viúva” de Barcos. Mesmo assim, o técnico Roger Machado se vira como pode com o excelente Luan e outros nomes na função. Mas o Fred é o Fred. Ainda mais para uma fase de mata-mata na Libertadores.

Fred fez uma péssima Copa do Mundo. Ficou marcado pela campanha pífia. Mas vou te contar. Nessa terra de cego do futebol brasileiro quem tem um centroavante é rei. Só mesmo o Fluminense (e a Seleção Brasileira) para abrirem mão do faro de gol e da experiência do último bom centroavante produzido pela decadente indústria nacional.

Marcos Paulo Lima

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