As eliminações precoces dos últimos dois campeões da Copa Verde nas séries C e D do Campeonato Brasileiro, o prejuízo financeiro causado pela possível falta de calendário em cinco meses do segundo semestre e a necessidade de definir uma vaga direta para a terceira fase da Copa do Brasil 2023 foi determinante não somente para pressionar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas convencê-la a rever a decisão anterior de realizar a competição somente no primeiro semestre do ano que vem, paralelamente à Copa do Nordeste. Esse era o desejo do presidente da entidade, Ednaldo Alves.
Em 2 de julho, o blog publicou que o martelo estava batido pela não realização do torneio em 2022. Trecho do post informava: “caso haja reviravolta, será por pressão dos clubes participantes”. Um dos argumentos era o calendário achatado pela Copa do Mundo e a necessidade de encerrar os eventos antes de 20 de novembro — data do jogo de abertura entre Catar e Equador. A outra razão era econômica. Setores da entidade avaliam que o torneio é caro, deficitário e precisa ser reformulado.
O blog apurou com fonte da CBF que a reviravolta foi orquestrada pelos últimos dois campeões da Copa Verde. Detentor do título, o Remo acaba de fracassar na Série C do Campeonato Brasileiro. O tradicional clube paraense ficou fora da segunda fase. Em tese, não teria mais nada a disputar em 2022. Influente na CBF, o Pará se mobilizou para interceder pela realização do torneio e contou com aliados.
O Brasiliense foi um deles. Vencedor do torneio em 2020, o atual bicampeão candango também está parado depois da eliminação na segunda fase da Série D do Campeonato Brasileiro. Trocas de mensagens e telefonemas intermediadas por presidentes de federações e até parlamentares e governadores reforçaram a articulação por uma conversa com Ednaldo Alves sobre a situação não somente de Remo e Brasiliense, mas de outros clubes sem calendário a essa altura da temporada. Ceilândia, Nova Venécia-ES e Grêmio Anápolis-GO, por exemplo. Alguns times, inclusive, estão desmobilizados.
A decisão de realizar o torneio a toque de caixa deve enfraquecer o interesse dos clubes envolvidos na reta final do Brasileirão. Atlético-GO e Cuiabá brigam contra o rebaixamento na Série A. O Vila Nova disputa a Série B. Manaus e Paysandu participam do quadrangular semifinal da terceira divisão. Todos devem usar reservas ou até mesmo juniores como aconteceu em edições anteriores.
O desafio de organizar o torneio está nas mãos do chefe do departamento de competições da CBF, Julio Avelar. Havia um outro impasse. A Copa Verde classifica o campeão de forma direta para a terceira fase da Copa do Brasil. Chegou-se à conclusão de que a vaga ficaria aberta caso a competição não acontecesse nesta temporada. A solução foi realizá-la a contragosto, na marra, em 2022.
Cogita-se a possibilidade de realizar a final em jogo único. Duas cidades estão interessadas em recebê-la: Belém, cujo estádio Olímpico Mangueirão passou por reformas e tentou até receber amistoso da Seleção, e a Arena BRB Mané Garrincha, em Brasília.
Tradicionalmente, a decisão é disputada em jogos de ida e volta. Outra alternativa menos provável seria a realização em uma sede única a fim de evitar grandes deslocamentos, dar celeridade ao evento e economizar um rico dinheirinho.
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