Há quem espalhe fake news de que a parceria do Flamengo com o BRB só saiu porque o presidente do banco estatal é fanático pelo clube carioca. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, sim. Assumidamente. O executivo Paulo Henrique Costa, não.
Na verdade, o administrador de empresas formado pela Universidade Católica de Pernambuco e mestre pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, tem trauma do Flamengo e de Zico devido a um golaço de falta do Galinho de Quintino, em 1987, justamente contra o time do coração dele, no Maracanã. É o que o pernambucano de 44 anos revela neste bate-papo exclusivo com o blog em dia de Flamengo x Palmeiras no Mané Garrincha, às 19h, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. Em vez de mercado financeiro, o assunto aqui é somente futebol.
Natural do Recife, casado com administradora Mariana Costa e pai de duas filhas brasilienses, Maria Eduarda e Manuela, Paulo Henrique Costa assume a paixão pelo Santa Cruz. Por sinal, anda aborrecido com o clube do coração. Protagonista da melhor campanha da Série C nesta temporada, o time tricolor fracassou no quadrangular semifinal da terceira divisão e não conseguiu o acesso para a Série B. Resultado: em 2021, participará da terceirona do Campeonato Brasileiro pela quarta temporada consecutiva.
A péssima fase não abala a paixão que vem do berço. Legado do pai. Filho do médico Paulo Roberto Costa e da psicóloga Maria de Fátima, Paulo Henrique Costa foi mascote do Santa Cruz. Era goleiro na infância e na adolescência. Quase virou a casaca. Ele conta na entrevista que chegou a defender o arquirrival Náutico no tempo em que adorava praticar futsal.
Presidente do BRB desde que respondeu sim, em um minuto e meio, ao convite feito pelo governador Ibaneis Rocha no feriado de 15 de novembro de 2019, Paulo Henrique Costa diz por que o conterrâneo Rivaldo é o maior ídolo dele no futebol e se diverte ao dizer que teve dificuldade para pegar numa camisa vermelha e preta na negociação com o Flamengo. Claro, devido às cores do Sport, arquirrival do Santa Cruz.
Há quem considere que a parceria do BRB com o Flamengo só foi fechado porque o senhor torce pelo Flamengo. Verdade ou mentira? Qual é o seu time do coração?
Santa Cruz. Essa paixão começou cedo. Na verdade, meu pai também era torcedor do Santa Cruz. Desde cedo, a gente passou a acompanhar o time. Fui mascote do Santa Cruz. Então, passei a entrar com o time ali no fim da década de 1970 e início da década de 1980. Na realidade, era um futebol muito diferente, estádios bem mais sacrificados. Na época, a gente ia para as sociais. Tomei muita chuva curtindo um pouco do Santa Cruz.
A torcida do Santa Cruz pega no seu pé por causa da aproximação com time rubro-negro?
Não foi trivial pegar na primeira camisa rubro-negra quando a gente começou a conversa com o Flamengo. Mas veja: a gente tem um carinho todo especial pelo Flamengo também. É admirável o padrão de gestão, as conquistas recentes. Para o BRB, o Flamengo tem uma importância muito grande. Para que a gente coloque de pé essa estratégia de crescimento do BRB pelo Brasil, nós precisávamos de um parceiro que tivesse uma torcida muito grande, que pudesse alavancar a nossa marca em todos os estados. O Flamengo terminou se mostrando o candidato natural. Já patrocinávamos o basquete.
Quais são as lembranças do tempo em que frequentava a arquibancada?
Na época, tinha grandes jogadores. Vi o próprio Rivaldo jogando, o Zé do Carmo, que depois foi para o Vasco, o Juninho Pernambucano em outro momento atuava pelo Sport. A rivalidade regional pesava muito naquela época.
Ia muito aos estádios nos Recife?
Eu ia muito ao estádio naquela época. Pelo menos todo domingo ou em algum clássico ou jogo importante ia ao Arruda. E curtia muito. Era um tempo diferente. Havia menos violência nos estádios, era mais tranquilo.
Aquele gol de falta do Zico na Copa União de 1987 é o maior trauma que tem do Flamengo?
Você estava perguntando e eu vendo a bola girando, entrando no ângulo. O goleiro era o Birigui. Os três goleiros do Santa Cruz na época eram: Birigui, Banana e Luiz Neto. A bola faz uma curva assim e o goleiro fica parado, olhando. Lembro muito bem da imagem. Esse é o que mais doeu. Outro que a gente invejou foi um do Zé do Carmo. Ele dá um calcanhar (na derrota para o Atlético-GO, em 1986, no Serra Dourada) e a bola entra. São boas lembranças.
Quem é seu ídolo no futebol?
O que mais marcou foi o Rivaldo pela proximidade de ser do Santa Cruz, pernambucano, nascido em Paulista, uma cidade da região metropolitana e tudo o que ele conquistou. Do ponto de vista do resultado e por ter sido sempre muito correto em tudo que ele fez. Não há nada que o desabone. É uma pessoa correta, com responsabilidade social e atleta brilhante, determinante para muitas conquistas da Seleção Brasileira.
É de assistir futebol internacional ou focado no nacional?
Só assisto futebol brasileiro. Ainda vi muito o Careca jogando pelo Napoli no Campeonato Italiano, mas sou do tempo em que a gente acompanhava, mesmo, o futebol brasileiro.
Jogou futebol?
Joguei futebol na escola, principalmente futsal. Depois, fui jogar pelo Náutico. Treinei lá na adolescência, mas adorada. Era goleiro e me divertia. Futebol de salão era o esporte preferido.
Essa paixão (pelo Santa Cruz) começou cedo. Na verdade, meu pai também era torcedor do Santa Cruz. Desde cedo, a gente passou a acompanhar o time. Fui mascote do Santa Cruz. Então, passei a entrar com o time ali no fim da década de 1970 e início da década de 1980. Na realidade, era um futebol muito diferente, estádios bem mais sacrificados. Na época, a gente ia para as sociais. Tomei muita chuva curtindo um pouco do Santa Cruz.
Então passou de goleiro a “bancário”. Vestiu a camisa de quais instituições financeiras?
Comecei a trabalhar no HSBC Bamerindus, no Recife. Depois, fiz concurso para a Caixa, em 2001. Trabalhei lá de 2001 a 2011. Fui para o Banco Panamericano como representante da diretoria da Caixa. Em 2013, voltei para a Caixa como Diretor de Controladoria, saí novamente em 2017 para trabalhar numa empresa de saúde, fui CEO da Epcer, empresa que gere 40 hospitais no Brasil, voltei em 2018 para a Caixa como vice-presidente de Varejo. Fiquei até o fim de 2018 e vim para o BRB.
O senhor era Diretor de Controladoria da Caixa no auge do patrocínio do banco estatal aos clubes do futebol brasileiro. O que aprendeu com aquele modelo de negócio?
Na Caixa, acompanhei alguns patrocínios como diretor de controladoria. O patrocínio do Flamengo, do Corinthians, mas também lá, aprendi a importância de construir um relacionamento comercial com o clube e não simplesmente focar na questão de estampar uma marca. Foi de lá que a gente trouxe a visão de que precisávamos montar um modelo diferente. Baseado em negócio para que, de fato, houve engajamento, envolvimento tanto do Flamengo quanto do BRB na construção de algo rentável e sólido para as duas instituições.
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