Presente do Corinthians é uma lição de como não fazer e jogar futebol

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Parafraseando o belo hino, o presente do Corinthians é uma lição de como não fazer nem jogar futebol. Fora de campo, a gestão do presidente Augusto Mello, punida com transfer ban pela Fifa depois da série de contratações irresponsáveis e calotes em série, não tem pé nem cabeça. Nas quatro linhas, o time é um desperdício nas mãos de um técnico com passado vitorioso, sim, e um momento atual marcado por bravatas.

Ramón Díaz até começou bem diante das possibilidades. Avançou contra Juventude e Fortaleza nas copas, iludiu contra Flamengo e Racing, caiu na real e parece cumprir aviso prévio. Disse que jamais havia perdido no El Cilindro. Havia sido derrotado lá no passado, sim. Voltou a se dar mal no revés por 2 x 1 desta quinta-feira e está fora da Copa Sul-Americana. Ramón Díaz bateu a mão na mesa e, assim como na passagem pelo Vasco, banca a permanência na elite. O corintiano não acredita nele, mas na fé que sempre moveu a Fiel.

O Corinthians é um desperdício porque não se pode achar ruim um time com Memphis Depay e Yuri Alberto na dupla de ataque. Garro no papel de enganche. Carrillo é bom jogador. Talles Magno e Gustavo Henrique não são peças de jogar fora. Matheus Bidu, Breno Bidon, Coronado e outros recursos humanos compõem o elenco. A última prova de desorientação dentro e fora das quatro linhas é a presença do goleiro Cássio na final da Sul-Americana com a camisa do Cruzeiro e a do volante Fausto Vera na Libertadores pelo Atlético-MG. Eram realmente eles os culpados?

Ramón Díaz é uma propaganda enganosa. Deu pinta de salvador da pátria em belas exibições contra o Fortaleza, na boa exibição contra o Internacional, na vitória diante do Flamengo no Brasileirão e na resistência na derrota por 2 x 1 para o Botafogo na Série A. Não há fartura, mas um bom técnico faria bem mais com a escassez disponível no plantel alvinegro eliminado da Copa Sul-Americana pelo Racing, na Argentina.

O Corinthians não foi eliminado das copas por Racing e Flamengo por causa da carência de jogadores talentosos. Longe disso. A questão é o deserto de ideias, de repertório, de imaginação. Faltaram estratégias ao Corinthians para lidar com diferentes tipos de cenários apresentados nos duelos de mata-mata.

O time não soube construir quando teve a bola com um jogador a mais do que o Flamengo na Neo Química Arena na semifinal da Copa do Brasil nem com mais posse de bola do que o Racing no El Cilindro (53% x 47%). Mesmo assim, houve chances de ampliar o placar depois do bom início de jogo.Yuri Alberto e Garro poderiam ter feito 2 x 0 e desperdiçou.

Escrevi no início do trabalho de Ramón Díaz no Corinthians que ele havia emulado o sistema de jogo do River Plate campeão da Libertadores em 1996 no Corinthians ao formatar a equipe no modelo 4-3-1-2. O time fez grandes exibições nas quartas de final da Sul-Americana contra o Fortaleza, por exemplo, jogando assim e o time estava se adaptando. Estranhamente ele mexe mal no intervalo e no segundo e desarticula.

O Corinthians terminou a partida contra o Racing desfigurado em um 4-2-4 sem pé nem cabeça depois de sofrer a virada em três minutos no primeiro tempo com dois gols de Quintero.

Romero, Talles Magno, Coronado e Yuri Alberto não oferecem perigo algum a um adversário posicionado vendo o adversário tocar a bola sem objetividade e incapaz de tirá-lo da zona de conforto. A bola chegava aos laterais, mas nem Matheuzinho nem Matheus Bidu sabiam o que fazer com ela. Na dúvida, alçaram na área.

Triste repertório de um Corinthians condenado a encerrar mais uma temporada sem título. O último foi o Campeonato Paulista em 2019 contra o São Paulo. São cinco anos de seca. Tempo demais para o segundo clube mais popular do país. A luta daqui em diante é para evitar o segundo rebaixamento na história centenária e a missão inglória recomeçará na segunda-feira contra o Palmeiras, o maior rival.

Pior do que esse cenário é o calendário para 2025. Fora da Copa do Brasil, o Corinthians tem até o momento apenas o Campeonato Paulista na folhinha do ano que vem. O Brasileirão também. Só não se sabe se na Série A ou na B. O Santos viveu essa má experiência em 2024. Disputou somente o Paulistão e a segunda divisão nesta temporada.

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Marcos Paulo Lima

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